#012 – O Poder de Fazer Perguntas | Parte 2

Prefira aquele que reconhece sua própria atenção, mas sabe perguntar, ao arrogante que acredita saber tudo.

Einstein dizia que “a coisa mais importante é não parar de fazer perguntas”, porque “a curiosidade tem sua própria razão de existir”.

A partir de agora, convido você a desligar sua censura, porque neste episódio nós vamos mergulhar em perguntas ainda mais profundas do que as do episódio passado. E nada molda nossa viagem através da vida tanto quanto as perguntas que fazemos.

Bem-vindo, lendário e lendária, à parte 2 do nosso episódio “O Poder de Fazer Perguntas”. E antes de mais nada, parabéns de verdade por se interessar por este tipo de conteúdo. Só por estar aqui, escutando este monólogo, eu já sei que você é uma dessas poucas pessoas que possui não só a capacidade de refletir, mas também a vontade de evoluir.

E deixa eu te dizer uma coisa: pessoas como você são extremamente raras. Muita gente me diz que o conteúdo que eu produzo aqui tem muito valor e que não sabe por que não tem mais pessoas que falam sobre o que eu falo aqui.

Eu já refleti sobre isso anos atrás e sei exatamente o motivo disso. Você sabe qual é?

Bom, é porque conteúdos como esse não dão audiência. Conteúdos como esses, que fazem você refletir e se questionar, afastarm as pessoas, pois é exatamente disso que elas fogem a vida toda: de enfrentar seus próprios demônios, de olhar para dentro.

Eu não as julgo, não é uma jornada fácil. E é exatamente por isso que elas preferem entretenimento, algo divertido, algo que as faz se descontrair de suas realidades.

E é por isso que estou te dando parabéns, não é para bajular você. É para te dizer que se você está aqui me ouvindo é porque tenho certeza de que você já se destaca da maioria.

Quando eu grave esses episódios, sinto que estou em uma rádio amadora enviando um sinal após um apocalipse zumbi para ver se alguém me responde. Para ver se AINDA existe alguém que não foi infectado pela paralisia mental, provocou pela frenética fuga da dor e busca de prazer.

Você que está me escutando é um bicho diferente, não estou dizendo que é melhor ou pior. Só diferente e provavelmente mais consciente do que a maioria ao seu redor. E se você quer se tornar ainda mais consciente, nada melhor do que uma boa pergunta para refletir…

Lembra das 10 perguntas que eu falei no episódio passado?

Vou repetir-las aqui para vocês…

Se puder, repita em voz alta comigo. No final deste episódio, você vai entender a importância de repetir-las em voz alta. Vamos lá?

O que eu realmente quero?

Repita aí comigo, se você puder, em voz alta. Se não puder, pode ser só aí na sua mente. A eficiência vai cair drasticamente, mas ainda sim é melhor do que não repetir.

O que eu realmente quero?

Repita a atenção, não só como papagaio. Repita se seguido:

O que eu realmente quero?

Você precisa se perguntar de verdade. Se só repetir o que estou falando, isso vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. Vai ser igualzinho na escola. E o que menos quero aqui é ser o seu professor.

Lembrança do rádio amador? Eu sou apenas outro sobrevivente, um sobrevivente tentando te passar as coordenadas de como sobreviver melhor neste mundo em que vivemos.

Vamos para a próxima?

Quem sou eu?

Quais são meus valores?

histórias Quais eu venho contando para mim mesmo?

Por que e de que forma estou me enganando?

O que eu deveria estar fazendo?

Se eu continuar, como estarei em X anos?

Por que estou fazendo isso?

O que mais importa na minha vida?

O que estou tomando como garantido?

Fez todas em voz alta?

Qual delas mais mexeu com você ao falar em voz alta e se questionar sobre elas?

Anote qual foi para você não esquecer. Vai ser importante você refletir um pouco mais sobre aquela que mais mexeu com você.

Eu confesso que a primeira: “O que eu realmente quero?” sempre mexa comigo.

Porque, apesar de saber o que eu realmente quero e já ter escrito muito sobre isso, ainda me pego muitas vezes dizendo sim para coisas que vão impactar observar aquilo que eu quero.

E isso me machuca, pois veja meu valor de consolação.

Por isso, preciso me fazer essa pergunta com mais frequência do que as outras. A mesma coisa vai acontecer com você, alguns terão um impacto maior que outros.

E o ideal é você documentar suas respostas com data e dia, pois, como eu já disse, as respostas irão mudar com o tempo.

Ontem mesmo, estava revisitando minhas respostas de 2 anos atrás para essas 20 perguntas.

Eu notei que anotei no final da página: Falar sobre essas perguntas em um vídeo no YouTube ou em um Podcast. Tema: O poder de se questionar.

Dois anos atrás, já tinha pensado neste conteúdo que estou falando para vocês. Ele ia se chamar: O poder de se questionar.

Naquela época, ainda não imaginava que criaria esse podcast Vida Lendária, mas já sabia que isso é poderoso demais para ficar só comigo.

Talvez este nome “O poder de se questionar” seria melhor e mais condizente com até o que estamos fazendo aqui, porque a ideia é exatamente essa: fazer vocês se questionarem mais.

A única forma de acordar da matriz e sair da corrida de ratos é se questionar.

Contudo, como disse no episódio anterior, não adianta se questionar com a pergunta errada. Tanto as perguntas internas quanto as perguntas internas têm o poder de acabar com você ou extrair o que tem de melhor aí dentro.

Então, preste muita atenção nas perguntas e nas perguntas que você faz com frequência. Esta estrutura que estou te dando com 20 perguntas é uma estrutura para você instalar aí na sua cabeça.

Essas perguntas, se você ainda não se fazia antes, não vai começar a ficar aí dentro, processando, se você não as forçar a permanecer. Você vai ter que instalá-las no seu cérebro como se fosse um software. Só que nós humanos não funcionamos como um computador, onde basta fazer alguns arranhões em um disco rígido ou armazenar vários zeros e uns em uma memória flash.

Nós temos formas diferentes de armazenar informações e no final deste episódio eu vou te falar humanos três formas extremamente eficientes para você instalar qualquer programa, modelo ou estrutura na sua mente.

Antes disso, vamos voltar para onde paramos no último episódio e conhecer as próximas 10 perguntas. A décima primeira pergunta e a primeira deste episódio é a seguinte:

11. O que eu acredito que preciso para ser feliz?

Observe que a pergunta não é: “O que eu preciso para ser feliz?” A pergunta é: “O que eu acredito que preciso para ser feliz?” Essa mudança é sutil, mas extremamente importante.

Mas por que, Alan? Porque a verdade nua e crua é que o que você precisa para ser feliz, você já tem.

Agora, o que você ACREDITA que precisa para ser feliz, isso você não tem.

E é exatamente por acreditar que você precisa disso para ser feliz que você vai discordar de mim quando digo que você já tem o que precisa para ser feliz. Mas então, o que é isso?

O que você acredita que precisa para ser feliz?

Eu não conheço uma pessoa que não deseja ser feliz, mesmo aqueles que dizem que não desejam a felicidade, no fundo é felicidade que elas desejam. Mas eu conheço pouquíssimas pessoas que sabem o que as deixam felizes.

Aqui neste episódio, não vou discutir sobre a felicidade. É bem provável que só sobre ela eu poderia falar durante 1, 2 ou até 3 episódios inteiros. Mas não é sobre ela que estamos falando, e sim sobre o que você ACREDITA que precisa para alcançá-la.

E quero que você responda sem julgamentos, da forma mais sincera possível. Talvez para você seja fama, ter status social, mostrar para todos que duvidaram de você que você conseguiu. Talvez seja poder, talvez dinheiro, talvez liberdade, talvez certos prazeres da vida como viajar e conhecer pessoas interessantes. Talvez um pouco de tudo isso.

E para cada coisa, você terá uma justificativa do porquê precisa dela para ser feliz. Torne isso claro para você mesmo, escreva o que precisa e anote o porquê de cada uma delas. Por exemplo, se você escrever que para ser feliz precisa de independência financeira, escreva o porquê. Talvez seja porque assim você terá liberdade para viajar e ajudar as pessoas ao seu redor.

Responda a essa pergunta com mais clareza para chegar cada vez mais próximo do que você realmente precisa para ser feliz de verdade. Você descobrirá que muita coisa já está ao seu alcance, e isso gerará dois sentimentos.

Eu já respondi essa pergunta algumas vezes e conheço bem os dois sentimentos que irão surgir. O primeiro é uma mistura de alívio com empolgação, está logo ali. Eu só preciso fazer isso.

Mas vem o segundo, o frio na barriga, o medo de dar esse passo. E por isso, nossa décima segunda pergunta é:

12. Quais são os meus medos?

Se pergunte: “O que me incomoda e às vezes até tira meu sono ou minha paz?” Todos nós temos medos, agora você conhece os seus?

O medo nada mais é do que uma antecipação de um futuro induzido. Ou seja, você vivencia no presente o acontecimento de um futuro que você não deseja. Quando você tem medo de aranhas, por exemplo, o medo é de ser picado por ela, de tê-la subindo em você com suas patas peludas.

Garanto que teve gente que até se arrepiou agora só de imaginar uma aranha subindo na perna. Mas perceba que isso não existe no presente.

É por isso que, quando começamos a escrever o que precisamos para ser felizes e notamos que algumas coisas já estão ao nosso alcance, sentimos medo. No fundo, senti medo de que aquilo no final não seja a resposta para a nossa felicidade.

Então, evitamos, pois se evitamos, ainda existe esperança para a felicidade. Já vi isso acontecer com diversas pessoas que conhecem e também já li sobre isso em diversos livros, mas o exemplo mais vívido está no livro “O Alquimista”, que reli há poucos dias.

Nele, o protagonista, um jovem pastor de ovelhas, vai trabalhar em uma loja de cristais e descobre que o dono da loja tem um sonho: viajar para Meca. O comerciante não tinha condições de realizar essa viagem, pois havia investido todo o seu dinheiro na loja.

Mas quando finalmente ganhou muito dinheiro com a ajuda do pastor de ovelhas, o rapaz perguntou: “Por que você não vai para Meca agora?” E ele respondeu: “Porque Meca é o que me mantém vivo. É o que me faz suportar todos esses dias iguais, com esses vasos silenciosos nas prateleiras, e como refeições no restaurante horrível. Tenho medo de realizar o meu sonho e depois não

ter mais motivos para continuar vivo. Já imaginei milhares de vezes a travessia do deserto, a minha chegada à praça onde está a Pedra Sagrada, as sete voltas que devo dar ao redor dela antes de tocá-la. Já imaginei quais pessoas estarão ao meu

lado , à minha frente, e as conversas e orações que compartilharemos juntos. Mas tenho medo de que seja uma grande decepção, então prefiro apenas sonhar.”

O comerciante estava com medo de realizar seu sonho, pois ele poderia se frustrar. No final das contas, aquilo que mantinha a esperança dele de ser mais feliz poderia ser uma ilusão. Então, ele prefere continuar apenas imaginando como seria, vivendo por uma ilusão.

O mesmo aconteceu com vários amigos e pessoas próximas. Vi muitas pessoas conquistariam condições para realizar aquilo que um dia acreditariam que as tornariam mais felizes. No entanto, o medo de se frustrar, de que fosse apenas uma ilusão, as deixadas paralisadas, incapazes de transformar o desejo em realidade, mesmo tendo essa possibilidade.

Eu mesmo já vivenciei isso. Sempre disse para mim mesmo que, um dia, quando alcançasse sucesso e experiência, eu faria o que tantas pessoas fizeram por mim, direta ou indiretamente: compartilhar conhecimento. Isso me faria feliz e me daria o sentimento de estar cumprindo minha missão de deixar um legado, assim como eles construíram.

Mas por anos, eu tive medo: medo da rejeição, medo de não ser tão bom quanto eu imaginava na minha cabeça. E, por anos, adiei a criação desses conteúdos que hoje compartilho com vocês. Hoje, sinto-me feliz por estar aqui, compartilhando um pouco da minha vida e dos meus aprendizados. Porém, durante algum tempo, fui como aquele comerciante da loja de cristais, que apenas imaginava como seria bom quando fazia algo, mas não fazia.

Por isso, acredite que o medo possui duas faces. Se não for um caso de vida ou morte, ele é um ótimo indicador de onde precisamos colocar energia. Por exemplo, se você tem medo de cair de um penhasco, não significa que deva pular dele para superar seu medo. Nesse caso, o medo serve para evitar o perigo. Mas se o medo está relacionado a uma queixa com um resultado que pode ser alcançado, é exatamente aí que devemos concentrar nossa energia.

Quanto mais cedo descobrirmos se algo é ou não apenas uma ilusão, melhor. Assim, podemos avançar para a próxima etapa. As pessoas mais bem-sucedidas que conhecem, e quando digo sucesso, refiro-me à abundância em todas as áreas da vida, são aquelas que tomam com maior frequência e velocidade decisões emocionalmente difíceis, ou seja, decisões com potencial para gerar o fluxo de água.

Por exemplo, se você sonha em ser um empresário bem-sucedido, mas tem medo de largar seu emprego e fracassar como empresário, arrisque-se. Deixe seu emprego, tente ser empresário por um tempo e, se não for para você, volte a ser empregado de alguém.

Quando você toma uma decisão extremamente difícil, existem dois resultados: ou você ganha e cresce, ou você se frustra e cresce ainda mais. Porque é muito melhor se frustrar do que viver por uma ilusão. Eu já me frustrei bastante, me frustrei com projetos, me frustrei com pessoas, mas isso não me parou, porque eu sempre aprendo com cada fracasso.

Mas Alan, e se o fracasso for tão grande que eu não conseguisse me recuperar?

Se essa é a sua preocupação, procure pela “Lista do Medo” de Tim Ferriss, uma metodologia que ele mesmo usa para vencer seus próprios medos.

Ele ensinou essa metodologia em um TEDx em Vancouver em 2017. E, como sempre acompanhei-o, assista assim que ele disponibilizou e desde 2017 uso essa ferramenta da lista do medo.

Aconselho você a assistir o vídeo, mas, para resumir, é uma estratégia para superar o medo e entrar em ação. Após reconhecer o medo, você o ouviu em três vozes.

Na primeira coluna, você escreve o que pode dar errado; na segunda, como prevenir; e na terceira, como remediar.

Por exemplo, no meu caso de largar o emprego e tentar empreender, na primeira coluna você poderia colocar “ficar sem dinheiro”.

Na prevenção, você coloca “fazer uma reserva de 6 meses antes de deixar o emprego”. Na remediação, você coloca “trabalhar como freelancer caso o dinheiro da emergência acabe”. E assim você vai listar todas as consequências negativas que podem acontecer e como prevenir e remediar.

Eu normalmente faço esse exercício mentalmente, mas quando preciso tomar uma decisão importante que me dá muito medo, gosto de fazer essa lista escrevendo com papel e caneta. Existem diversos exercícios e técnicas que ajudam a superar o medo e nos colocar em ação, mas para mim, essa é de longe a mais prática e eficiente.

Não é à toa que é um exercício que Tim Ferriss pegou emprestado de aprendizes estoicos. É algo que já se provou ao longo do tempo, e como Nassim Taleb escreveu em “Antifrágil”, aquilo que existe há 2.000 anos é mais de durar mais 2.000 anos do que aquilo que é novidade.

O Efeito Lindy, como ele chama, é um grande orientador para escolhermos mais sabiamente nossas referências. Ele nos ajudará a responder a próxima pergunta:

13. Quem poderia me dar um bom conselho neste assunto?

Essa é a nossa décima terceira pergunta. Quem poderia me dar um bom conselho neste assunto?

Todas essas reflexões que você está fazendo através das perguntas que estou te entregando gerarão ainda mais perguntas. Nem sempre você encontrará a melhor resposta para elas sozinhas. É por isso que essa pergunta foi e continuar sendo fundamental para mim: quem poderia me dar um bom conselho neste assunto?

Normalmente, quando temos um problema ou uma situação, recorremos a um amigo, pai, mãe ou alguém próximo, com quem nos sentimos confortáveis ​​para compartilhar aquela dúvida ou situação. No entanto, percebi muito jovem que estava pedindo conselhos às pessoas erradas.

Como posso esperar um bom conselho sobre dinheiro de alguém que não tem ou não sabe administrar dinheiro?

Como posso esperar um bom conselho sobre relacionamento se essa pessoa não tem um bom relacionamento? Compreendi que a pessoa a quem eu pedia conselhos precisava ter um histórico e resultados controlados naquela área.

Quanto mais tempo ela tivesse de resultados naquela área, mais precisos seriam seus conselhos. Então, comecei a parar de perguntar sobre dinheiro para meus pais e amigos, pois eles não tinham experiência nesse assunto.

Quando observei o que meus professores chegaram, abandonei o curso técnico e a faculdade. Afinal, se eles estavam me ensinando algo, era porque eles já sabiam. Se eles já sabiam e viviam essa realidade, no máximo, quando eu aprender, alcancei o nível deles.

Sei que pode parecer um pouco radical, e sei que existem diferenças. Mas colocar esses filtros nos meus ouvidos para só ouvir quem já chegou lá fez uma diferença incrível na minha vida. Por isso, quero que você pergunte: quem você está escutando? Para quem você tem pedido conselhos?

Antes de qualquer coisa, crie esse filtro. Se você acha que fui radical demais, regule o nível desse filtro no ponto em que se sinta mais confortável. Mas se você começar a ouvir conselhos de pessoas que alcançaram o que você quer, pode ter certeza de que as coisas vão começar a mudar.

E tem apenas uma coisa melhor do que perguntar para uma pessoa que já chegou lá: perguntar para várias. Eu chamo isso de triangular um conselho. Gosto de ouvir pelo menos três pessoas que são especialistas no assunto.

E é preferível que elas não saibam a resposta uma da outra e nem se conheçam. Isso garantirá que eu chegue um pouco mais próximo de um conselho ideal, pois as partes do conselho que são semelhantes são um ótimo indicativo de que aquela é a solução.

Prefiro três pessoas, pois se duas são bem diferentes, é com certeza que a terceira seja mais próxima com uma dessas duas. Uso esse método na minha vida há uns 6 ou 7 anos, e faz uma diferença enorme pedir conselho para a pessoa certa e ainda triangular a resposta.

Porém, tome cuidado com as aparências, pois elas enganam. Muitas pessoas que parecem ter resultados, na verdade, não têm. E elas darão conselhos com a maior atribuída do mundo. Esses conselhos podem ser muito traiçoeiros.

Já perdi noites de sono e muito dinheiro ouvindo pessoas erradas, pessoas que pareciam ser uma coisa, mas eram totalmente diferentes. Portanto, seja muito, muito cauteloso na escolha dessa pessoa. Ah, isso vai dar trabalho, Alan.

Mas o trabalho será bem menor do que ter o conselho errado, pode acreditar. Mas se ainda assim acha que dá trabalho, tenho uma opção mais simples e que é muito ignorada: peça conselhos a si mesmo.

Tem um ditado de Marco Aurélio que diz: “Muitas vezes me pressionado como é que todo homem se ama mais do que todos os outros homens, mas dá menos valor à sua própria opinião do que à dos outros”. No começo do episódio passado, eu falei exatamente isso: as respostas estão dentro de você. E nenhuma pergunta é tão difícil de responder quanto àquela cuja resposta é inesperada.

No final, a maioria das respostas já está aí e é obviamente, mas muitas vezes não gostamos da resposta e tentamos buscar alguém que diga o contrário. Assim, tentamos encontrar algo que soe melhor aos nossos ouvidos. Quando alguém diz o que queremos ouvir, é aquele alívio, aquela revelação quase milagrosa. Alguém disse isso.

Mas, infelizmente, voltamos para a pergunta número 5: você está se enganando. Outras vezes, temos a resposta dentro de nós, mas as dúvidas nos fazem seguir por outro caminho e acabamos nos decepcionando.

Quantas vezes você marcou a opção certa em uma prova, mas, ao revisar, ficou em dúvida e trocou, apenas para descobrir depois que a resposta inicial estava correta?

Quantas vezes você sentiu que algo estava errado com aquela pessoa, mas decidiu continuar e se deu mal? Isso é a sua intuição, e infelizmente a silenciamos. Começamos a dar mais valor às opiniões alheias do que à nossa própria.

Não me entenda mal, pedir conselhos é algo extremamente importante. Eu acho termos fundamentais outras pessoas nas quais podemos nos espelhar em suas tomadas de decisão. Porém, não deixe de ouvir a sua voz interior, a sua intuição.

As pessoas mais bem-sucedidas que conheceram são muito sensíveis a ela e já entenderam que nem tudo precisa de explicação. E como gosto sempre de me espelhar nas pessoas que alcançaram o sucesso, venho aprendendo a cada dia como aumentar o volume da minha intuição.

Falando sobre pessoas que alcançaram o sucesso, chegamos à décima quarta pergunta.

14. Quem eu posso modelar para conseguir espaço?

Quem eu posso modelar para conseguir independência financeira?

Quem eu posso modelar para me tornar um empresário bem-sucedido?

Quem eu posso modelar para realizar este projeto?

Quem eu posso modelar para ganhar mais autoconfiança?

E assim por diante, preencha o espaço como quiser.

Mas entenda que quando digo “modelar”, não significa ser uma cópia da pessoa, ser um “copycat” ou imitador. Modelar significa compreender os fundamentos e replicá-los na sua própria realidade.

Por exemplo, quando li Tim Ferriss, não saía escrevendo um livro como “Trabalhe 4 horas por semana” e imitando tudo o que ele fazia em sua vida.

Ao ler o livro, entendi que ele observava com marketing digital, então no mesmo dia em que terminei o livro, comecei a ler um livro sobre marketing digital. Percebi que o Tim Ferriss lia muito, então começou a ler também. Vi que ele colocava em prática tudo o que aprendia de forma rápida, então começou a fazer o mesmo.

Isso é modelar. Eu nem sabia que estava modelando pessoas de sucesso ou que isso se chamava modelagem até ler o livro “Poder Sem Limites” de Tony Robbins. Quando li sobre modelagem, fiquei empolgado.

Eu escrevi tudo o que queria conquistar, conheci as pessoas que alcançaram aquilo e comecei a acompanhá-las em todos os lugares. Li todos os livros delas, escutei todas as entrevistas e podcasts. Consumia fervorosamente tudo o que a pessoa produzia e consumia.

Descartava o que não funcionava e ia adaptando o que funcionava para a minha realidade. Em pouco tempo, nem parecia mais eu, e fiquei feliz com isso, pois sabia que aquela versão anterior de mim não iria muito longe. Agora, essa nova versão sabia que ia.

E foi assim, mas continuei modelando e me reinventando no caminho, e faço isso até hoje. A principal diferença é que agora consigo entender melhor o conceito de 80/20, consigo distinguir o que deve ser modelado e o que não deve.

Consigo identificar o que é fundamental e o que é ruído. Isso porque desenvolveu uma mentalidade 80/20.

E é exatamente esse conceito de 80/20 que quero que você instale em sua cabeça com a próxima pergunta.

15. Qual é o 80/20 disso?

Em outras palavras, como posso simplificar isso ainda mais? Esta é a nossa décima quinta pergunta: Qual é o 80/20 disso?

Talvez para você seja algo diferente, talvez você nunca tenha ouvido falar sobre o 80/20. Eu entendo bem o que você está pensando, porque era algo semelhante às pessoas que trabalhavam na minha empresa. Lá, nos perguntávamos isso todos os dias, inúmeras vezes ao dia. E não era apenas entre os líderes, mas também perguntávamos frequentemente aos nossos colaboradores. E quando eles não sabiam o que queríamos, nós explicávamos.

O 80/20 é a lei de Pareto, que diz que 80% dos nossos resultados são gerados por 20% do nosso esforço. Às vezes, 99% dos nossos resultados são gerados por 1% do nosso esforço.

Em outras situações, 60% dos resultados são gerados por 40% do esforço. No entanto, estranhamente, o 80/20 geralmente segue essa proporção.

Seja qual for o caso, sempre haverá um 80/20. Como ganhar mais dinheiro? Como consumir mais conteúdo de qualidade? Como ser mais produtivo? Sempre haverá um 80/20 em tudo o que você fez.

Vou repetir: sempre, em tudo que fiz.

Vou dar um exemplo bem bobo recente. Às vezes, eu jogo um jogo de tiro no celular com alguns amigos meus. No começo, a gente ganhava fácil, pois jogávamos com pessoas ruins. Porém, quando subíamos de nível, ficou mais difícil, difícil ao ponto de começarmos a ganhar.

Sempre que eu olhei o tempo que ganhava de nós, eu via que os caras passavam o dia todo jogando. Eles tiveram inúmeras partidas jogadas no histórico daquele dia.

Provavelmente eram adolescentes que tinham o dia todo para jogar. Eu pensei: “Eu nunca vou ter mais experiência do que eles no jogo para ganhar deles.” Até pensei em parar de jogar.

Mas teve um dia em que eu pensei: “Peraí, qual é o 80/20 aqui? Como eu posso ganhar essa galera jogando menos que eles? Ou seja, como eu posso obter o maior resultado possível posicionando a menor energia possível?”

Eu resolvi assistir a alguns vídeos no YouTube dos melhores jogadores do mundo e notei seus padrões. Qual arma eles usam? Como se movimentam? O que fazem em determinadas situações?

Em pouco tempo, eu estava ganhando da galera que passa o dia todo jogando, mesmo jogando muito menos vezes do que eles. E mais, quando compartilhei as dicas com os meus amigos, o desempenho deles dobrou ou triplicou em 1 ou 2 dias.

Esse pode ser um exemplo bobo.

Mas aplicar e me perguntar isso frequentemente fez eu encontrar pontos na empresa que geravam mais lucro. Mais Colocar energia nestes pontos fez nós dobrarmos ou triplicarmos nosso lucro com poucas ações.

E como diz T. Harv Eker: “A maneira como você faz qualquer coisa é como você faz tudo.” Hoje, eu entendo por que algumas pessoas que eu conheci na minha trajetória eram muito acima da média em tudo o que fiz. Era simplesmente porque elas entendiam esse conceito 80/20 e aplicavam ele em suas vidas.

Em tudo existe 80/20, então comece a se perguntar o tempo todo: Qual o 80/20 disso? Como eu posso obter o maior resultado possível, colocando a menor energia possível? Tenho certeza de que você vai se surpreender com o resultado.

E agora, para finalizar as 20 perguntas do nosso framework, eu separei 5 perguntas estoicas. Perguntas que eu já fazia muito antes de conhecer o estoicismo, mas descobri que já eram feitas 2.000 anos atrás pelos antigos estóicos.

Essas são perguntas um pouco mais pesadas, mas foram fundamentais para me tornar quem eu sou hoje, e são elas que moldam quem eu me tornarei. A primeira delas, a nossa décima sexta pergunta é:

16. O que está no meu controle e o que não está nessa situação?

“A principal tarefa na vida é simplesmente isso: identificar e separar as coisas para que eu possa dizer claramente a mim mesmo quais são as coisas externas que não estão sob meu controle e quais têm a ver com as escolhas que eu realmente controlo. Onde procuro o bem e o mal? Não para coisas externas incontroláveis, mas dentro de mim para as escolhas que são minhas…”

Esta é uma passagem de um dos discursos de Epicteto. E este discurso tem tudo a ver com essa pergunta que eu faço todo santo dia: O que está no meu controle e que não está nessa situação?

Porque é muito fácil perder tempo tentando mudar aquilo que não podemos controlar. E essa pergunta talvez seja a pergunta que melhor demonstra o estoicismo na prática. O objetivo dela é nos permitir discernir aquilo que está no nosso controle aquilo que não está, e colocar energia mental e física apenas naquilo que está.

No livro ‘Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes’, Stephen Covey cita este mesmo ponto ao distinguir entre o nosso Círculo de Preocupação (coisas com o que nos preocupamos, mas não podemos controlar) e o Círculo de Influência.

Os estóicos diziam, com razão, que não vale a pena perder tempo e energia com coisas que não podemos controlar.

Apesar de ser muito didática a explicação de Stephen Covey, separando em apenas 2 classificações aquilo que controlamos e aquilo que não controlamos, eu gosto muito do modelo de William Irvine, que ele explica em seu livro “O Guia da Boa Vida: A Arte Antiga Estética da Felicidade”. Nele, ele divide em 3, pois existem algumas coisas que estão entre o Círculo de Influência e o Círculo de Preocupação.

Aquilo que controlamos ele chama de alta influência, ou seja, nós podemos ser influenciados diretamente por meio de nossas escolhas conscientes e ações. Aquilo que não controlamos, mas podemos influenciar parcialmente, como nossa saúde, nossos relacionamentos, nossa proteção, nossos resultados.

E, por último, aquilo que não controlamos nem participou de forma significativa, como o tempo (se está chovendo ou fazendo sol), as notícias, o passado, o que as pessoas pensam, a economia, a política.

Você sente como existem muitas mais coisas que estão fora do nosso controle do que as que estão sob nosso controle? Por isso, você precisa prestar muita atenção que está diretamente sob sua influência e colocar mais energia nisso.

Como cuidar muito bem do que você escuta, do que você lê, do que você costuma repetir para si mesmo, das perguntas que você se faz, dos seus comportamentos, das suas reações emocionais. Quanto tempo você tem investido nisso? Naquilo que realmente está sob seu controle?

E eu percebo que as pessoas bem-sucedidas são aquelas que passam mais tempo dentro de sua zona de influência, enquanto as pessoas amargas e mal-sucedidas são aquelas que passam mais tempo na zona de preocupação.

Existe uma frase que gosto muito de Tom Watson Sr., o fundador da IBM, que diz o seguinte: “Eu não sou um gênio. Eu sou inteligente em algumas áreas, mas eu permaneço o maior tempo possível ao redor dessas áreas.” Isso é a percepção de alguém que entendeu onde tem maior controle e colocou mais energia nestas pequenas esferas que influenciam.

E Watson não está sozinho. Em 1996, Warren Buffet escreveu o seguinte trecho em uma de suas cartas para os acionistas: “O que um investidor precisa é a capacidade de avaliar corretamente os negócios selecionados.

Observe a palavraselecionado : você não precisa ser um especialista em todas as empresas, ou mesmo em muitas. Você só precisa ser capaz de avaliar empresas dentro de seu círculo de competência. O tamanho desse círculo não é muito importante; conhecer seus limites, entretanto, é vital.”

E para mim, a parte mais importante deste pequeno trecho é a seguinte: “O tamanho desse círculo não é muito importante; conhecer seus limites, entretanto, é vital.” Entenda o limite do seu círculo de influência, deixe para trás as coisas que não estão sob o seu controle e tente trabalhar duro apenas dentro que você pode controlar. está sob seu controle.

E é exatamente sobre isso nossa próxima pergunta.

17. Do que eu preciso abrir a mão?

Poucas pessoas gostam de abrir mão de algo; a maioria evita isso a todo custo. Mas a verdade é que você está a cada momento abrindo mão de algo. Neste exato momento, ao me ouvir, você abriu mão de ouvir uma música, de meditar ou até mesmo de ouvir outro podcast. Você abriu a mão, mesmo sem perceber. Como já dizia sabiamente Charlie Brown Jr.: “Cada escolha uma renúncia. Isso é a vida.”

Invariavelmente, você abrirá a mão. A única diferença é que você pode fazer isso conscientemente ou inconscientemente. Porém, o problema de ser inconsciente é que você provavelmente vai abrir a mão de algo valioso sem perceber. Por isso, é melhor abrir a mão conscientemente.

E se você tem dificuldade para abrir a mão, eu recomendo que você escute o Episódio #9 “Essencialismo: A arte de dizer não” … Lá eu dei diversas dicas de como filtrar aquilo que é importante aquilo que não é. Mas vou te dar uma amostra do que é o essencialismo e como ele pode te ajudar a responder esta pergunta.

Existe uma frase que eu mandei fazer um quadro para deixar do meu lado, para todos os dias quando eu precisar tomar uma decisão, eu olhar para ela. Ela diz: “Se não for um sim claro, então é um não claro.” Esse tem sido um norte para mim há anos e me ajuda muito a tomar decisões do que abrir mão. Naval tem uma citação que eu também gosto, que é:

Se isso te diverte agora, mas vai te entediar algum dia, é uma distração. Continue procurando.

Não ocupe sua vida com aquilo que você não quer, pois talvez, quando aquilo que você realmente quer chegar, talvez ele não encontre espaço para ficar. Abra espaço para o que você realmente quer, abra mão daquilo que você tem e é hoje, abrace espaço para o novo.

Eu sei o quão ansioso isso pode ser, mas pode acreditar que também é tão recompensador quanto.

E falando em desafiador, chegou a hora das perguntas mais pesadas, perguntas que mexem forte com nosso emocional e nossas realidades. Nossa décima oitava pergunta é:

18. Se morrersse hoje, você se arrependeria de não ter feito algo?

Substitua esse espaço por pessoas que você ama.
Se sua esposa, se seu esposo morrersse hoje, você se arrependeria de não ter feito algo?
Se sua filha, se seu filho morresse hoje, você se arrependeu de não ter feito algo?
Se seu pai morrersse hoje, você se arrependeria de não ter feito algo?
Se sua mãe morresse hoje, você se arrependeu de não ter feito algo?

Bom, você entendeu uma ideia.

Nosso Alan, que funebre.

Eu sinceramente achei que eu era o único maluco que se fazia essas perguntas até descobrir que é uma pergunta que os antigos estóicos já se faziam. Pode até parecer tortura, mas não é.

A morte é uma grande aliada para revelar as coisas que realmente importam. As pessoas que vivenciam experiências de quase morte sempre retornam com um ponto de inflexão em suas vidas. Aquela experiência normalmente transforma totalmente a forma como vive. E às vezes isso acontece quando perdemos alguém próximo.

Minha mãe, quando perdeu minha avó, por exemplo, começou a demonstrar mais seus sentimentos, pois ela nunca disse para a própria mãe que a amava, e isso doeu muito nela. Mas talvez, se ela tivesse feito esse exercício, ela teria falado.

Lembro até hoje da primeira vez que me fiz essa pergunta. Na época, eu namorava a Indi, que é minha esposa, e lembro que eu era tão apaixonado que se eu ficava um dia sem falar com ela por telefone eu nem conseguia dormir.

Um dia, eu estava no ônibus e comecei a pensar no pior: se eu não consigo ficar um dia sem falar com ela, imagina se ela morrersse? Eu lembro que pensei: “Imagina se ela morresse hoje.” Na hora que pensei isso, deixei escorrer lágrimas como se eu tivesse ligado uma torneira nos meus olhos.

Eu consegui segurar os soluços, mas as lágrimas eu não consegui.

Imaginar que alguém próximo a você morreu, realmente imaginar, é sem dúvida dolorosa.

Mas existe uma grande ferramenta que quero mostrar para vocês aqui.

Enquanto eu estava lá, em pé, no ônibus lotado voltando para casa no meio de um monte de operários suados cheirando mal depois de um dia intenso de trabalho, pensei: “O que eu teria feito diferente? O que eu teria feito que não fiz se ela tivesse morrido? Eu pensei que gostaria de ter passado mais tempo com ela. Ter conversado mais com ela por telefone.

Naquele dia, eu liguei para ela à noite e fiquei horas falando com ela. Sempre que ela ia desligar, eu puxava um novo assunto. Talvez ela só vá entender isso hoje, depois de 10 anos, porque naquele dia eu estava tão tagarela, mas eu não queria perder 1 minuto da voz dela.

É isso o que encarar a morte faz, nos revelar aquilo que realmente tem valor.

No outro dia, eu peguei o ônibus e sentei no fundo dele, como eu morava na parada em que ele iniciava o trajeto, tinha poucas pessoas. Resolvi me fazer a mesma pergunta depois de ter passado a noite falando com ela. Se chorasse, não ia ter tanta gente para ver. Me perguntei: E se ela morresse hoje, do que me arrependeria de não ter feito?

Lá começar as lágrimas a escorrer de novo, e dessa vez eu não segurei o soluço, porque não tinha ninguém do meu lado. Chorei por 2 paradas, na terceira entrou muita gente e precisoi segurei o choro.

Enquanto segurava o choro, me dei conta de que estava chorando mais que ontem, mas resolvi me perguntar de novo, pois o choro não é uma resposta.

E se ela morresse hoje, do que me arrependeria de não ter feito? Eu pensei que gostaria de ter passado mais tempo com ela.

Naquela época, eu só via ela nos domingos. Achei uma forma de conseguir vê-la também nos sábados. Ela morava a três cidades de distância da minha e eu tinha que pegar três ônibus e duas horas de estrada para chegar na casa dela.

Fazer isso no sábado e domingo era tenso, mas logo achei uma forma de convencer o sogro a me deixar dormir lá.

Confesso que me vendi, tornei-me músico na igreja em que ele era pastor, para que ele me deixasse dormir em sua casa. Mas eu sabia que valia a pena, porque essa era a resposta do que eu me arrependia: não ter passado mais tempo com ela.

E agora, eu estava fazendo TUDO, tudo que estava ao meu alcance para passar o maior tempo possível com ela e com a melhor qualidade.
Me senti feliz, me senti em paz.

Em um dos domingos, voltando da casa dela, aproveitei que ela também morava no final da linha de ônibus e, naquele dia, ninguém tinha subido comigo.

Então, me pediu: “E se ela morresse hoje, do que me arrependeria de não ter feito?” Deu um nó na garganta, os olhos ficaram a coçar, mas logo eu abri um sorriso. Eu estava em paz.

Não em paz com a morte dela, imagine isso tinha me dado um embrulho no estômago e um nó na garganta que eu nem consegui engolir. Mas estava em paz porque eu sabia a resposta desta pergunta. Eu não me arrependi de nada. Esse momento foi um marco muito grande na minha vida.

Eu comecei a usar essa pergunta para todas as pessoas que estavam próximas a mim e até sentir essa paz, eu fazia tudo que poderia me arrepender de não ter feito. Perdi desculpas para pessoas que eu nunca imaginei que toleraria, abracei pessoas que não me abraçaram.

Essa pergunta me fez agir de formas que eu nunca agiria se não tivesse feito.

Essa pergunta, que me trouxe tanta dor na primeira vez que a fiz, é a pergunta que até hoje me traz mais paz. Essa pergunta se tornou uma prática frequente na minha vida, onde examinar todas as pessoas que são próximas e importantes para mim. Eu escolho uma e me pergunto: “E se ela morrer, o que eu me arrependi de não ter feito?”

Em 2017, quando fiz esse exercício pensando na minha irmã, me veio, na hora, uma dor. Eu já tinha falado muitas vezes sobre marketing digital para ela, mas ela não dava muita atenção. Só que ela estava vivendo uma vida triste, presa na faculdade, no trabalho e no relacionamento que ela não gostava, vivendo no piloto automático.

Um amigo meu, naquela tarde, tinha me falado que gostaria muito de ajudar o irmão dele a trabalhar no marketing digital.

Lembro que, enquanto ele falava isso, eu pensei: “Bom, eu posso fazer isso pela minha irmã.” E naquela noite, quando eu fiz essa pergunta mencionando ela, eu vim na hora que eu me arrependi de não ter dado uma oportunidade REAL para ela conhecer o marketing digital e se mudar para Florianópolis para ter mais qualidade de vida.

Resultado dessa reflexão? Convidei-a para largar a faculdade e o emprego e vir para Florianópolis aprender gestão de tráfego comigo.

Ela aceitou e, em poucas semanas, já estava gerenciando os anúncios de um projeto meu que fatura mais de 7 dígitos por mês. Ela mudou completamente de vida, ficou mais feliz, com mais dinheiro e morando em um lugar muito melhor. Até que o relacionamento dela mudou para melhor.

Hoje, ela é extremamente grata a mim e eu a ela, porque ela vem me ajudando muito nos últimos anos. Mas percebe que tudo isso foi por causa dessa simples pergunta? Uma pergunta que evita arrependimentos futuros quando essa pessoa importante para você partir.

E coloque isso na cabeça, ela vai partir, talvez mais tarde que você, talvez mais cedo. Mas não é bom estar de mente tranquila se ela for mais cedo que você?

No latim, existe uma expressão chamada “Memento Mori”. Ela significa: lembre-se de que você é mortal. E não é só das pessoas importantes que você precisa refletir, mas também sobre você mesmo.

Por isso, nossa próxima pergunta é:

19. Se você soubesse que hoje seria o seu último dia de vida, você estaria fazendo a mesma coisa que está fazendo hoje?

“Pense em você como alguém que morreu. Você viveu sua vida. Agora, agarre os dias que sobraram e viva-os de maneira adequada. Aquele que não transmite luz cria sua própria escuridão.” – Marco Aurélio.

E, para encerrar, nossa vigésima e última pergunta é:

Se eu morrer hoje, pelo que eu gostaria de ser lembrado?

Em um processo de coaching que fiz em 2017, uma das atividades era fazer um Necrológio sobre minha própria morte. Necrológio é um elogio, uma nota de agradecimento por alguém que partiu. A ideia era eu escrever da visão de alguém sobre como vivi minha vida e como impactei a vida dessa pessoa.

Eu sinceramente achei um exercício bem estranho, mas eu estava pagando caro pelas sessões de coaching e não estava afim de oferecer dinheiro, então resolvi escrever. No segundo parágrafo, a garganta começou a incomodar. Estava segurando o choro a cada frase.

E sabe o que é mais louco? Eu resolvi lê-lo novamente aqui antes de gravar esse episódio e confesso que, apesar de tê-lo escrito há quase 4 anos atrás, me emocionei muito ao lê-lo.

E sabe o porquê? Porque eu escrevi nele exatamente o que eu gostaria que as pessoas mais importantes para mim se lembrassem depois da minha morte. E hoje, se eu partisse, tenho certeza que elas falariam algo como o que está escrito ali.

Algo que, há 4 anos atrás, não seria verdade, mas por ter consciência de como eu gostaria de ser lembrado, começou a trabalhar para ser lembrado desta forma. Ser lembrado como alguém que impactou positivamente a vida das pessoas ao meu redor. Ser lembrado como alguém que inspirou os outros através de suas superações.

Ser lembrado como alguém que ajudou sem esperar nada em troca. Ser lembrado pelo relacionamento lindo e maravilhoso que tenho com minha esposa. Ser lembrado pelas vidas que, de alguma forma, ajudei. Ser lembrado pelo legado que deixei.

20. Se eu morrer hoje, pelo que eu gostaria de ser lembrado?

Essa foi a nossa última pergunta. 

Agora, quanto vale essas 20 perguntas que você acabou de obter? Elas me geraram não só milhões de reais, mas também sucesso e felicidade nas mais diversas áreas da vida. Quanto isso vale? Não vale nada. Pois elas só têm valor se você escrevê-las, meditar sobre elas e responder ao longo da vida. 

No começo deste episódio, eu disse que suas respostas estão dentro de você, mas isso não significa que você deve parar de ler, de assistir a vídeos ou aprender com grandes mestres e professores. 

Ainda é muito importante ter essas fontes de conhecimento e sabedoria externa, pois elas fornecem insumos para que, através da sua verdade, você responda de maneira mais profunda às suas perguntas lendárias.
Também não se limita apenas a essas 20 perguntas; que elas servem como inspiração para você criar sua própria lista. 

Perguntas que merecem ser refletidas ao longo dos anos e sempre geradas. Refletir sem ação é masturbação mental. 

É exatamente por isso que eu gosto tanto da filosofia estóica, pois ela foi forjada em tempos difíceis em que não se podia confiar no governo ou nos vizinhos, e onde a única solução era olhar para dentro. 

E é isso que essas perguntas fazem com você, elas fazem com que você, por um instante, esqueça o ruído externo e olhe para dentro de si. 

E lá dentro, você encontrará as respostas que busca. 

Para concluir… 

No começo do episódio, eu mencionei que no final te daria três formas de instalar essas perguntas na sua mente.

Deixe-me falar sobre essas três formas para que você possa encontrar aquela que funciona melhor para você e assim instalar essas perguntas no seu subconsciente, para que este supercomputador trabalhe em encontrar as respostas para você. 

A primeira forma é através do impacto emocional. Nós gravamos facilmente uma informação quando ela causa um alto impacto emocional, porque nosso cérebro primitivo identifica que essa informação é essencial para nossa sobrevivência. 

É por isso que você ainda se lembra do bullying da escola e, sempre que sente um cheiro que remeta à segurança, como o cheiro da comida da vó ou da mãe, você se lembra imediatamente. 

Agora, felizmente ou infelizmente, eu não consigo gerar um impacto emocional através deste episódio para que você instale essas perguntas em sua mente.

Talvez uma delas tenha te impactado, seja pela pergunta em si ou pela minha argumentação, mas isso ocorreu porque ela te lembrou de algo que você já vivenciou e foi esse algo que se conectou a ela. 

Quando preciso lembrar de algo e não quero esquecer, eu sempre uso esse recurso. Eu associo a informação a um grande impacto emocional que já tive no passado, e nunca mais esqueço dessa informação. No entanto, isso requer muito autoconhecimento e prática, por isso acredito que não seja a melhor opção para vocês. 

A segunda forma é através do efeito composto. Essa forma é um pouco cansativa, mas extremamente eficiente. Consiste em repetição e consistência. 

Ou seja, faça essas perguntas o maior número de vezes possível, escreva-as, leia em voz alta e pergunte-as a si mesmo todos os dias.
Quero enfatizar aqui a importância de fazer a pergunta em voz alta, pois isso cria o que é chamado de “efeito de produção”. Palavras pronunciadas em voz alta têm uma fixação maior em nossa memória a longo prazo. 

Praticando-as em algum momento, elas se tornarão parte natural das suas perguntas interrogativas. Esse foi o caminho que segui para muitas das perguntas da minha lista de reflexão. 

E ainda temos uma terceira forma, que é ensinada. Sinceramente, desconheço uma técnica de aprendizado tão eficiente quanto ensinada. 

Quando você precisa ensinar algo a alguém, é colocado à prova, e essa experiência te molda. Ao ensinar, você se esforçará para ser o mais claro e simples possível, e só participará de ser simples e claros quando entendermos profundamente o que estamos falando.

Você será testado, as pessoas a quem você ensinou perguntas e vergonha de não saber a resposta o encorajará a buscá-las. Quer ter certeza de que essas perguntas serão fixadas em sua mente? Fale sobre elas com alguém. 

Discuta-as com pessoas próximas a você, que também se beneficiarão ao ter acesso a esse conteúdo. 

Compartilhe este episódio com mais pessoas que você conhece, para que juntos vocês possam discutir sobre as perguntas e os argumentos que apresentei a vocês. 

E espero que, assim como essas perguntas transformem minha vida para melhor, elas também possam transformar a sua. 

Obrigado por estar aqui comigo até o final e não se esqueça: uma vida lendária é formada por pequenas ações e decisões. 

Coloque em prática o que você aprendeu aqui hoje.

Até o próximo episódio!

Escrito por,

Alan Nicolas

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