#021 – Otimista Racional

Vivemos em um mundo em constante mudança, onde somos bombardeados por notícias que nos levam a desacreditar em um futuro melhor e até mesmo olhar pro passado acreditando que eram tempos mais simples e melhores. 

E eu falo isso por experiência própria, se esse não é seu primeiro episódio você já deve ter notado que eu sou uma pessoa extremamente racional e que reflete muito sobre a vida. E essa combinação já me levou muitas vezes a ter uma visão mais pessimista sobre o mundo e as pessoas de uma forma geral. 

Fora diversas rasteiras que tomei no meu percurso que algumas vezes me fizeram perder a fé nas pessoas e inclusive questionar a “crueldade da vida”.

E ser pessimista tem suas vantagens, como ser mais cauteloso, ter uma avaliação normalmente mais realista sobre as coisas, ter uma preparação e um gerenciamento de riscos maiores. 

Mas pra ser totalmente sincero… 

é uma merda ser pessimista. 

Ser pessimista te tira o brilho no olhar, te coloca sempre em uma posição de defesa, de desconfiança. E a desconfiança constante e a visão negativa das pessoas nos impedem de nos conectar de forma genuína com os outros. Isso acaba criando barreiras emocionais e pode nos deixar isolados. 

Sem falar na falta de motivação, afinal porque fazer qualquer coisa em um mundo que é injusto e desigual, onde as pessoas que enganam as outras conseguem ganhar rios de dinheiro e ficam impunes por isso. Onde todos querem um pedaço de você, seja sua atenção ou seu dinheiro.

E isso me fez pensar muitas vezes ser uma benção ser ignorante, porque quanto mais conhecimento tanto teórico quanto prático eu fui obtendo, mais meu otimismo foi observado. 

Mas isso mudou quando eu descobri que na verdade o problema não é o conhecimento, nem mesmo o mundo que está piorando, mas a lente ideológica pela qual eu estava enxergando as coisas. 

Nesse episódio eu quero assim como eu fiz comigo mesmo, te ajudar a tirar as lentes do pessimismo e do realismo que te impedem de enxergar que viver na melhor época para estar vivos na humanidade. 

E conseguir adotar uma ideia que pode parecer contraintuitiva para muitas pessoas. 
A ideia de que você pode unir os benefícios do otimismo e do pessimismo, e assim anular a hidratação de cada um através do Otimismo Racional.

Então, vamos lá?

Se tem sangue, é manchete

1. Uma pandemia que matou milhões de pessoas e causou problemas psicológicos e psicológicos profundos na sociedade mundial. 
2. Guerra na Ucrânia, que criou uma crise humanitária e nos permitiu de volta para ameaças estratégicas constantes. 
3. Crise climática por conta do aquecimento global, que está causando eventos climáticos mais extremos, como inundações, secas e incêndios florestais. 
4. Crescente lacuna de riqueza, aumentando cada vez mais a desigualdade, que está deixando muitas pessoas para trás e alimentando a obrigação social. 
5. Disseminação cada vez maior de fakenews. 
6. A crescente polarização da sociedade, que está tornando mais difícil encontrar um terreno comum e resolver problemas.
7. O declínio da confiança nos meios de comunicação, o que está dificultando a obtenção de informações precisas. 
8. O aumento do vício nas mídias sociais, que está prejudicando a saúde mental e os relacionamentos. 
9. O uso crescente da tecnologia de vigilância, que está corroendo a privacidade. 
10. Queimadas cada vez maiores na Amazônia, causando preocupação global e até mesmo ganhando de alguns países ao Brasil. 
11. Custo de vida aumentando cada vez mais em todo o mundo. 
12. Crescimento do populismo e nacionalismo em diversos países levando muitos a diminuir a cooperação e o entendimento entre eles. 

Todas as notícias que eu trouxe aqui, foram notícias divulgadas por grandes portais nos últimos 7 dias.

Mas poderia ser facilmente as notícias das 7 horas ou dos últimos 7 meses. 

A lista é longa e eu poderia continuar por mais tempo, mas para isso já temos a mídia não é? A mídia nos alimenta preferencialmente de histórias negativas, porque é a isso que nossas mentes prestam atenção. E há uma boa razão para isso. 

A cada momento do nosso dia, nossos sentidos captam muito mais informações do que participaram processam em nossos cérebros. E como o mais importante para nós é a sobrevivência, o primeiro lugar que todas essas informações visitam é uma pequena parte antiga do nosso cérebro chamada amígdala, que fica no lobo temporal.

A amígdala age como nosso alarme de segurança, nosso radar de perigos. Ela avalia e analisa todas as informações, sempre procurando por algo em nosso ambiente que possa nos machucar. Então, quando somos expostos a diversas notícias, temos a tendência de dar mais atenção para as que são negativas. É por isso que o velho dito do jornalismo “se tem sangue, é manchete” faz tanto sentido. 

Então se pensarmos que se você ligar a TV, passar na frente de uma banca de jornais, ou pegar no seu celular, você estará sendo bombardeado de notícias ruínas todos os dias, 24 horas e nos 7 dias da semana sem pausa, não é surpresa que tenha tantas pessoas pessimistas hoje. Não é à toa que as pessoas acham que o mundo está piorando. Mas a verdade é que não é bem assim.

O que está permanecendo é que estamos recebendo uma versão distorcida da realidade. 

Em um mundo perfeito, os jornalistas sempre apresentariam as notícias de maneira completamente precisa e forneceriam muito contexto relevante para torná-las ainda mais impactantes. Mas vivem no mundo real, onde os jornalistas estão no negócio de atrair leitores, e os leitores adoram coisas simples e cheias de drama. Como resultado, nossa visão de mundo se tornou distorcida – uma representação pobre do que o mundo realmente é. 

Agora, não estou dizendo que não temos problemas – as notícias que eu que eu queria de citar são em grande parte verdade. 

E não dá para culpar 100% a mídia, a verdade é que nós humanos evoluímos para prestar atenção naquilo que poderia colocar a nossa sobrevivência em risco.

Viés do Negativo

Pensava comigo, quem tinha mais chances de sobreviver, o aventureiro que ia acariciar um urso ou o cagado de medo que via uma folha se mexer e já saia correndo? 

Estamos programados para prestar atenção ao negativo. Isso é chamado de viés de negatividade. É um mecanismo de sobrevivência que ajudou nossos ancestrais a se manterem seguros em um mundo perigoso. 

No passado, nossa tendência a nos concentrar em problemas e ameaças era uma grande vantagem. Mas no mundo moderno, nossa tendência a nos concentrar em problemas e ameaças está se tornando cada vez mais problemática. 

Nós somos biologicamente programados para prestar mais atenção mas coisas ruínas do que nas coisas boas.

Nosso cérebro tende a se lembrar mais rapidamente de eventos negativos do que eventos positivos.

Isso ocorre porque os eventos negativos são mais carregados emocionalmente do que os eventos positivos. Quando vivenciamos um evento negativo, nosso corpo libera hormônios como cortisol e adrenalina, que nos tornam mais tolerantes a nos lembramos desse evento. É por isso que é mais seguramente nos lembrarmos de uma coisa ruim que alguém fez por nós do que todas as coisas positivas.

Somos mais tolerantes também a ser contrários ao risco. Porque o viés de negatividade nos torna mais tolerantes a nos concentrar potencialmente nas consequências negativas de uma decisão. Isso pode nos levar a evitar correr riscos, mesmo quando as recompensas potenciais são altas. Por exemplo, podemos ter mais probabilidade de permanecer em um emprego que não gostou do que arriscar em um novo emprego que pode ser mais gratificante.

E esse é apenas um dos 10 instintos e visões cognitivas que foram catalogados através de pesquisas no livro Factfulness que distorcem observaram a maneira como enfrentavam o mundo.

Ou seja, nós temos vários programas felizes que viemos de fábrica já programados que distorcem naturalmente nossa realidade para pior como:

O viés de divisão:Que é uma tendência nossa de dividir o mundo em “nós” e “eles”, criando estereótipos e preconceitos. Alguns exemplos disso é a polarização política que vivemos por exemplo nos dias atuais no Brasil onde existem brigas inclusive dentro da família, brigas entre amigos, ao ponto de ter vários casos de violência que morreram em morte, mas também podemos observar esse viés nas tensões e conflitos religiosos, no racismo, sempre que existe algo diferente, esse viés da divisão acaba entrando.

É algo que nem consegue perceber muitas vezes, por estar entranhado dentro de nós. Mas é algo que com consciência e reflexão ajudou a evitar.

O próximo é o viés linear:Crença de que as mudanças ocorrem de maneira linear e constante, ignorando a complexidade e as nuances. Ainda mais no mundo atual onde as coisas acontecem de forma exponencial e global.

Nosso cérebro não consegue compreender a exponencialidade, e nem lidar com a exposição a informações globais.

Antigamente a fofoca ou o desastre que aconteceu com seu vizinho te influenciou diretamente e foi assim por milhares de anos.

Então sua amídala evoluiu para tratar ameaças, notícias ruínas, como algo diretamente ligado a sua sobrevivência.

Hoje uma notícia que acontece do outro lado do mundo te afeta, porque seu cérebro ainda interpreta como um problema local que afeta sua sobrevivência, mesmo que o problema não tenha nenhuma conexão direta com você e mesmo os efeitos indiretos sendo muitas vezes insignificantes.

Também não podemos compreender o crescimento exponencial, porque nosso raciocínio funciona de forma principalmente linear. Então somos muito ruins em criar previsão e só saber isso já nos permite sermos mais humildes nas nossas conjecturas.

Mas é muito difícil conseguir remover esse viés, assim como o próximo:

O viés do medo: Ele faz termos uma propensão a reagir exageradamente ao medo e à ameaça, mesmo quando os riscos são baixos.

O mundo pode parecer mais assustador e perigoso porque o que você vê e ouve é selecionado, seja por seus próprios filtros internos ou veículos de informação como o noticiário e a mídia pelo próprio fato de ser assustador.

Embora os relatos de desastres e problemas possam promover uma imagem de um mundo assustador e perigoso, e apesar da população universalmente crescente de pessoas, desastres naturais, acidentes aéreos, assassinatos, gases tóxicos, terrorismo e outras das ameaças mais assustadoras representam menos de 1% das causas de morte.

Na verdade, os desastres naturais matam 75% menos pessoas do que há 100 anos, simplesmente porque menos do mundo vive em circunstâncias em que os danos são de maior magnitude.

viés do drama:Tendência de dar mais importância a eventos dramáticos e sensacionalistas.

O viés de culpa:   A tendência de buscar razões simples e claras para que uma coisa ruim tenha causado. Inclusive a tendência de procurar culpados para culpados pelos problemas, mesmo que os problemas e suas causas sejam muitas vezes mais complexos do que queremos perceber. As pessoas geralmente estão mais preocupadas em racionalizar a culpa de alguém e apontar o dedo do que realmente analisar o problema e desenvolver uma solução real.

O certo seriamos procuramos causas e não vilões – Quando as coisas dão errado, quase sempre é sintomático de questões mais complexas do que qualquer um de nós. É melhor reconhecer que coisas ruins acontecem, e que nossa energia é melhor direcionada para resolver as razões mais profundas, intrincadas e interativas sob a superfície.

Também não devemos procurar por heróis, mitos ou paininhos e sim por sistemas.

Quando algo funciona consistentemente bem, muitas vezes é porque há um sistema apoiando e facilitando os indivíduos mais do que os heróis de qualquer pessoa.

Ao mudarmos de ficarmos idolatrando políticos de preservar, empresários ou pensadores, temos que entender o sistema que existe por trás. Se não invariavelmente vamos para o instinto da divisão, do nós contra eles.

Outro viés do nosso sistema é o de Urgência:  Uma tendência de sentir uma pressão constante para tomar decisões rápidas, sem considerar cuidadosamente as informações disponíveis. 

Tomar medidas imediatas diante do perigo físico aparente é um instinto útil que nos permitiu sobreviver. Só que os problemas e ameaças do mundo moderno são na maioria das vezes mais lentos e complexos do que um leão atacante ou inimigo furioso. Como tal, problemas abstratos preparados soluções mais complexas, e reagir com muita urgência e força podem levar a mais decisões e resultados. 

A urgência pode ser útil, mas também pode amplificar todos os nossos outros preconceitos, instintos e reações e nos levar a cometer erros em pânico.

Eu citei só por cima alguns dos instintos aqui, porque o livro Factfulness que contem esses 10 instintos tem 360 páginas de aprofundamento neles e mostrando também como nossas previsões e tendências são muito mais pessimistas do que deveriam. 

Esses softwares por assim dizer, nos fazem ter uma visão muito distorcida da realidade. 

Como Yuval Harari, um dos meus historiadores preferidos, escreveu no livro Sapiens:

“Os humanos são a única espécie que se preocupa com coisas que ainda não aconteceram. Somos obcecados por ameaças, reais ou imaginárias. Estamos constantemente examinando o horizonte em busca de perigo, e somos rápidos em tirar precipitadas. Essa tendência de focar em problemas e ameaças é um fator importante para o nosso sucesso como espécie. Isso nos ajudou a sobreviver e prosperar em um mundo perigoso. Mas também é uma grande fonte de ansiedade e estresse.” 

Apesar das guerras, doenças, crises respiratórias, e todas as notícias negativas que somos expostas diariamente a verdade incontestável é que vivemos na melhor época para estarmos vivos.

O mundo está cada vez melhor

E é só dar uma esperança no último século para entender para onde estamos indo. Nos últimos cem anos, a expectativa média de vida do ser humano mais que dobrou. A renda média por pessoa, ajustada pela impressa em todo o mundo, triplicada.

A mortalidade infantil caía dez vezes. Além disso, o custo da comida, da luz, do transporte, das comunicações caiu de dez a mil vezes. O escritor Steve Pinker nos mostrou que, de fato, estamos vivendo no período mais pacífico da história da humanidade.

Em 1960, mais de 60% da população mundial vivia em extrema pobreza. Hoje, esse número é inferior a 10%. Isso significa que mais pessoas do que nunca têm acesso a comida, água, abrigo e educação. Isso significa que cerca de 84% da humanidade saiu da extrema pobreza nos últimos 60 anos.

E continuamos a melhorar cada vez mais esses números. Na verdade, redefinimos o que significa pobreza. Pense assim: hoje no Brasil, a maioria das pessoas abaixo da linha da pobreza ainda tem eletricidade, água, banheiro, geladeira, televisão, telefones celulares e internet.

Os barões mais ricos do século passado, os imperadores deste planeta, jamais poderiam ter sonhado com tais luxos.

Em 1960, apenas 25% das crianças do mundo estavam matriculadas na escola primária. Hoje, esse número é de 91%. Isso significa que mais crianças do que nunca têm a oportunidade de obter uma educação.

Em 1960, não havia vacinas para sarampo, caxumba ou rubéola. Hoje, essas doenças foram praticamente erradicadas. Isso significa que as crianças têm menos probabilidade de morrer dessas doenças do que nunca. Para você ter ideia nos anos 60 148 crianças a cada 1.000 morriam antes dos 5 anos, hoje esse número caiu para 29, uma queda de 80%. As vacinas ajudam a salvar milhões de crianças todos os anos, só entre 2019 e 2020 estimasse que mais de 31 milhões de mortes de crianças foram evitadas graças às vacinas que não existiam nos anos 60. E falando em crianças, os direitos das crianças melhoraram

significativamente . Em 1960, as crianças eram frequentemente exploradas como trabalhadoras ou soldados. Hoje, leis existem em vigor para proteger as crianças desses abusos.

O mesmo para mulheres, nos anos 60, as mulheres tinham poucos direitos em muitas partes do mundo. Hoje, as mulheres têm o direito de votar, possuir propriedade e cada vez mais representatividade no mercado de trabalho. Sim, existem muitas coisas que precisam ser melhoradas, mas quero que entenda que estão eficientes, e estão muitas vezes melhor do que era antes.

Inclusive no meio ambiente, apesar de se falar tanto em problemas climáticos em 1960, o combustível do ar e da água era muito pior do que é hoje. Hoje, existem leis para proteger o meio ambiente.

A produção de alimentos foi algo que aumentou significativamente. Em 1960, havia preocupação de não ter alimentos suficientes para alimentar a população mundial. Muitos falaram em colapso total naquela época se a humanidade continuasse crescendo, morrendo todos de fome.

Mas hoje há comida suficiente para alimentar a todos, mesmo que a população tenha aumentado. Isso se deve aos avanços da tecnologia agrícola.

Detalhe que a população mais do que dobrou de lá para cá, nos anos 60 cerca de 3 bilhões de pessoas e hoje são mais de 8 bilhões. Quase 3x mais pessoas.

E detalhe a fome atingia 30% a população nos anos 60, e a falar de fome de verdade, pessoas desnutridas, literalmente morrendo de fome, e nos dias atuais esse número está em cerca de 8,9%. E isso ainda é um número muito alto, são quase 1 bilhão de pessoas passando fome.

Mas a previsão é que até 2030 a fome tenha sido praticamente erradicada do mundo.

A expectativa de vida foi outra que melhorou significativamente. Em 1950, a expectativa média de vida no mundo era de 46 anos. Hoje, são 72 anos. Isso significa que as pessoas estão vivendo vidas mais longas e saudáveis ​​do que nunca.

E algumas previsões de cientistas indicam que estamos avançando no sentido de reverter o envelhecimento, o que poderia permitir que vivêssemos até 100 ou até mesmo 120 anos com saúde. Alguns pesquisadores mais ousados ​​até afirmam que a pessoa que viverá até os 200 anos já pode ter nascido.

A alfabetização global subiu de 25% para mais de 86% nos últimos 130 anos.

Realmente estamos vivendo um momento extraordinário. E muita gente se esquece disso.

E muito de tudo isso se deve à tecnologia e, recentemente, às tecnologias de crescimento exponencial.

Ray Kurzweil, um cientista e futurista que acertou a maioria das suas previsões, mostrou que qualquer ferramenta que se torne uma tecnologia da informação entra na curva da Lei de Moore e tem seu desempenho dobrado a cada doze a 24 meses. É por isso que o celular é literalmente milhões de vezes mais rápido e milhares de vezes mais barato que um supercomputador dos anos 60.

Para você ficar fácil de entender, vamos comparar meu um iPhone 14 pro que foi lançado em 2022 com um supercomputador lançado em 64, o CDC 6600 um computador usado inclusive pela NASA para fazer conhecimentos científicos que precisam de muito processamento naquela época.

Vamos primeiro analisar quanto cada dispositivo pode processar.

Primeiro o preço.

O CDC 6600 custou US$ 7 milhões quando foi lançado em 1964, o que equivale a cerca de US$ 60 milhões em dólares atuais. O iPhone 14 Pro Max com A16 Bionic custa R$ 1.099. Isso significa que o iPhone é 56.000 vezes mais barato do que o CDC 6600. 

Bom Alan, mas tu tá comparando um super computador com um Iphone, ah é? 
Vamos ver então se esse supercomputador da NASA de $ 60 milhões de dólares de 64 vence meu Iphone em processamento. 

O CDC 6600 poderia realizar cerca de 3 milhões de cálculos por segundo, enquanto o iPhone pode realizar cerca de 17 trilhões de cálculos por segundo.

Ou seja, meu iPhone te um poder de processamento de mais de 5 milhões de vezes o do supercomputador usado pela NASA. E isso era o computador mais top deles, o computador abordo na nave que pousou na lua foi o computador AGC que tinha só 41.000 cálculos por segundo. Ou seja, o meu celular é 414 bilhões de vezes mais potente do computador abordo da nave espacial que levou o homem a lua.

Isso é o resultado de computadores mais rápidos sendo usados para construir computadores mais rápidos. E isso só vai ficar mais rápido, mesmo chegando agora a barreiras físicas, porque os transistores que foram os processadores estão ficando na menor escala possível, ainda estamos fazendo grandes avanços na computação quântica que pode revolucionar totalmente e fazer meu iPhone ficar tão estupidamente longe dos próximos celulares em termos de processamento quanto o supercomputador da NASA.

A velocidade com que a tecnologia está ficando mais rápida, está ficando mais rápida. E podemos chegar nas próximas décadas um ponto de singularidade, onde as inovações vão acontecer tão rápido que não vamos conseguir prever nem o que acontecerá nos próximos meses de melhorias na sociedade.

Ray Kurzweil previu em 2005 no seu livro The Singularity Is Near que a singularidade aconteceria em 2045. Muitos naquela época tiraram sarro dele, mas hoje esses mesmo futuristas tiveram que dar o braço a torcer e fazem previsões um pouco mais conservadores falando em uma singularidade até 2080 ou 2100.

Mas independente até mesmo se a singularidade acontecer ou não, a verdade é que já estamos em uma velocidade extremamente alta e incompreensível para nossa mente limitada.

Redes neurais. Robótica. Impressão 3D, biologia sintética, nanomateriais e IA.

O futuro chegou e ele é muito melhor do que a humanidade jamais imaginou que seria.

A verdade difícil de engulir, pois nos acostumamos a ver o copo meio vazio ao invés de enxergar o copo meio cheio é que vivemos em um mundo hoje de abundância.

Mais pessoas morrem por comer demais do que comer de menos.
Mais pessoas estão estressadas por ter informação de mais, do que informação de menos.
Mais pessoas estão com dificuldade do que escolher, do que não ter nenhuma opção de escolha.

A maioria de nós está vivendo um problema com abundância, e não de escassez.

E abundância não se trata uma vida de luxo e sim de uma vida de possibilidades.

“Ah Alan, mas o mundo ainda tem muito escassez, e nossos recursos são limitados.”

E se eu te disse que a escassez é contextual, e a tecnologia é uma força libertadora de recursos.

Vou dar um exemplo através de uma história de Napoleão III, o sobrinho de Napoleão  Bonaparte.

Napoleão III convidou o rei do Sião para um jantar em 1861. No jantar, Napoleão III usou utensílios de ouro, enquanto suas tropas usaram utensílios de prata. O rei do Sião ficou surpreso ao ver que ele era o único que era servido com utensílios de alumínio. Ele perguntou a Napoleão III por que ele estava sendo servido com utensílios de alumínio, e Napoleão III lhe disse que o alumínio era um metal raro e valioso.

Sim, o alumínio era o metal mais valioso do planeta, valendo mais do que ouro e platina. Inclusive é a razão pela qual a ponta do Monumento a Washington é feita de alumínio.

E embora o alumínio seja 8,3% da Terra em massa, ele não vem como um metal puro. É tudo ligado por oxigênio e silicatos.

Mas então surgiu uma tecnologia de eletrólise que literalmente tornou o alumínio tão barato que o usamos com mentalidade descartável. Então vamos projetar essa analogia daqui para frente. Pensamos em escassez de energia.

Mas estamos num planeta que cada hora e meia é banhado por 5000 vezes mais energia do que usamos num ano. Para ser mais preciso 16 terawatts de energia atingem a superfície da Terra a cada 88 minutos.

Não se trata de ser escasso. É sobre acessibilidade. E há boas notícias aqui.

Tecnologias como paineis solares estão ficando cada vez mais acessíveis e eficientes.
Na minha casa aqui mesmo eu uso e o custo da minha energia diminuiu mais de 90%.

Na minha casa tanto o aquecimento dá água é por coletor solar, quanto a energia é em boa parte gerada por placas solares. Boa parte do meu jardim é iluminado também por iluminações com pequenas placas solares.

Mesmo em uma casa grande meu custo com energia elétrica é baixíssimo.

E se temos energia abundante, também temos água abundante.

Muito já se falou em guerra pela água.

Que no futuro até mesmo o Brasil poderia ser ameaçado, porque temos a maior reserva mundial de água potável, chegando a 13,7% de toda água potável do planeta.

Mas será que chegaríamos a esse ponto?
Vivemos em um planeta azul, 70% do planeta é coberto por água.
Tá certo que desses 70%,  97,5% é água salgada, 2% é gelo e apenas 0,5% é água potável.

Mas e se tivéssemos como converter essa água salgada em água potável?

Existe muitas tecnologias que já estão em uso que resolvem este problema, uma delas é um dispositivo do tamanho de uma geladeira pequena chamado Slingshot que tem a capacidade de purificar água de qualquer fonte, incluindo água salgada e água poluída.

Dizem que ele pode gerar até 1000 litros de água potável limpa por dia através de processo de destilação por vapor para remover impurezas e produzir água potável. E tudo isso por menos de dois centavos por litro.

E isso não é de agora, ele foi lançado em 2015. Nesses últimos 8 anos muitas outras tecnologias surgiram e muitas mais irão surgir.

Logo aquele medo que teríamos guerras pela água, foi um medo totalmente precipitado com a grande maioria dos nossos anseios pelo futuro.

Eu poderia ficar falando por horas aqui de todas novidades incríveis que estão surgindo e mostrar mais 50 estatísticas diferentes de porque o mundo está melhorando.

Mas eu não vou desperdiçar o meu tempo e nem o seu fazendo isso.

Pessimismo x Otimismo

Porque a verdade é, que depois que eu falei tudo isso você ainda acha que o mundo está piorando, é porque seu pessimismo já faz parte da sua identidade.

Eu sei como é, porque fez parte da minha por muitos anos.
Só foi quando notei em pessoas da minha família que pude ver o quão isso é prejudicial, algumas pessoas da minha família eu posso dar 20 notícias boas que eles ignoram, mas basta uma notícia ruim mesmo que pequena para eles prestarem atenção.

A grande maioria de nós é assim.

Como falei antes, nós temos diversos vieses, programas instalados no sistema 2 do nosso cérebro conforme eu falei no episódio 019 – Você é Dois, esses programas estão instalados no nosso subconsciente, gravados fisicamente através de conexões neurais fortalecidas ao longo de anos.

Mudar isso não é fácil, exige treino.

É como puxar peso na academia, você vai ter que treinar todo dia para mudar essas conexões neurais e fazer uma mudança física no seu cérebro.

E eu sei como é difícil porque eu estou neste caminho, quando adolescente eu era bem otimista, mas minha interpretação de diversos eventos que aconteceram na minha jornada me fizeram ficar cada vez mais pessimista, eu dizia que eu estava sendo apenas realista, mas a verdade é que todo mundo que se identifica como realista é na verdade um pessimista disfarçado.

E isso me ajudou por muito tempo, porque afinal existem vantagens em ser um pessimista, não é a toa que isso nos ajudou a chegar até aqui.

Algumas vantagens do pessimista são:

1. Ser preparado para quando der merda.

O pessimismo pode ajudar a preparar-se para o pior. Lembre-se do velho ditado: “Espero o melhor, preparo-me para o pior”. Se você é pessimista, você está constantemente preparado para o pior cenário possível. Por exemplo, se você está planejando uma viagem, pode antecipar todos os possíveis problemas, como cancelamentos de voos, bagagem perdida e hotéis ruins. Isso não só lhe permitirá ter um plano B, mas também minimizará o impacto desses problemas se eles realmente ocorrerem.

2. Ter mais consciência da realidade:

O pessimismo pode ser considerado uma espécie de antídoto contra a negação. Enquanto o otimista pode ignorar os perigos e obstáculos, o pessimista os vê de forma clara e nítida. Por exemplo, digamos que você esteja começando um novo negócio. O otimista pode se concentrar apenas nas possíveis recompensas e ignorar os riscos. Mas o pessimista? Ele vai identificar todos os possíveis problemas, desde falhas no plano de negócios até desastres econômicos. E, ao fazer isso, estará mais preparado para enfrentar e evitar possíveis problemas.

Mas ser pessimista tem um preço bem alto.

1. Autossabotagem: Pessimistas tendem a esperar o pior, certo? O problema é que, às vezes, essa expectativa pode se transformar em uma profecia auto-realizável. Por exemplo, se você está constantemente convencido de que vai falhar em uma entrevista de emprego, pode acabar tão nervoso que acaba estragando tudo. Ou seja, o seu próprio pessimismo pode te levar ao fracasso.
2. Estresse e ansiedade: Esperar constantemente pelo pior pode gerar uma quantidade significativa de estresse e ansiedade. Isso não só é prejudicial à sua saúde mental, mas também pode afetar a sua saúde física. Se você está sempre preocupado com o próximo desastre, isso começa acumular toxinas no seu organismo, toxinas diárias suficientes para matar até um porquinho da india, não é a toa que pessoas pessimistas tem uma expectativa de vida de 14,7% menor do que pessoas otimistas.
3. Perda de oportunidades: Se você sempre espera o pior, pode acabar perdendo oportunidades incríveis. Por exemplo, talvez você não inicie um projeto novo por ter certeza de que não vai conseguir. Ou talvez não peça a alguém em um encontro porque tem certeza de que a pessoa vai dizer não. O pessimismo pode te impedir de correr riscos que poderiam resultar em grandes recompensas.
4. Relacionamentos: O pessimismo pode ser um desafio para os relacionamentos. As pessoas geralmente preferem estar perto de pessoas positivas. Se você está sempre esperando o pior e falando sobre isso, pode acabar afastando as pessoas.
5. Alegria de viver: Por último, mas não menos importante, o pessimismo pode roubar a sua alegria de viver. Se você está sempre focado no que pode dar errado, pode perder o que está dando certo. Por exemplo, você pode estar tão preocupado com algo ruim que pode acontecer, que não consegue aproveitar o que está acontecendo de bom no momento presente.

Agora o otimismo também tem suas vantagens e desvantagens.

As vantagens do otimismo são:

1. Ação: O otimismo pode te encorajar a agir. Se você acredita que as coisas vão dar certo, é mais provável que você dê o primeiro passo.
2. Resiliência: O otimismo pode te ajudar a se recuperar mais rápido. Se algo der errado, um otimista tende a ver isso como um contratempo temporário, não como um fracasso definitivo.
3. Saúde: Estudos sugerem que o otimismo pode ter benefícios para a saúde, incluindo uma vida mais longa e uma melhor qualidade de vida

Já as desvantagens do otimismo são:

1. Negação da realidade: O otimismo excessivo pode levar à negação da realidade. Se você está sempre esperando o melhor, pode ignorar os sinais de que as coisas não estão indo bem.
2. Desapontamento: Se você sempre espera o melhor, pode ficar mais desapontado quando as coisas não saem como planejado.
3. Riscos desnecessários: O otimismo excessivo pode te levar a correr riscos desnecessários, pois você pode superestimar suas chances de sucesso e subestimar os possíveis problemas.

Percebe que um é quase o espelho do outro?

Mas eu sei que você não quer virar um otimista bobo que qualquer malandro passa a perna. É por isso que a melhor alternativa possível é se tornar um otimista racional.

Ser um otimista racional é conseguir unir as qualidades do pessimismo e do otimismo e conseguir neutralizar  parcialmente ou até totalmente o o lado negativo de cada um deles.

Sinceramente não acho que seja uma opção, acredito que é a única opção.

Ser otimista é ser iludido, porque o mundo não é amigável, existem muitos perigos e precisamos estar preparados para eles.

Mas ser pessimista como eu falei no começo desse episódio é merda. Vive menos e vive pior que um otimista.

Por isso o único caminho que eu vejo é se tornar um otimista racional.

O otimismo racional é a solução final.

E digo isso por que já experienciei o otimismo cego, o pessimismo defensivo, o realismo puro, niilismo, niilismo otimista e até mesmo o ceticismo.

E falando por experiência própria, nenhuma abordagem foi tão positiva para mim como tem sido adotar uma mentalidade, uma filosofia otimista racional.

E em tempos como os que estamos vivendo, com tantos desafios e incertezas, acredito que o otimismo racional seja mais importante do que nunca. Precisamos de pessoas que estejam dispostas a enfrentar as dificuldades de frente, mas sem perder a fé no futuro.

Por isso, encorajo todos a adotarem uma mentalidade otimista racional. Não é fácil, requer prática e treinamento diário da mente para ver o mundo dessa forma. Mas garanto que os benefícios são imensos e vale muito a pena tentar.

Mas a mudança não é nada fácil, porque você precisa se desapegar de quem acredita ser.

Isso porque sua identidade está ligada intrinsicamente a sua percepção de mudo, e mudar essa percepção de mundo significa matar uma versão sua.

Por isso eu indico fortemente para você que chegou até aqui escutar o episódio 003 – Aprendendo a morrer.

Porque para conseguir mudar de pessimista ou otimista para otimista racional, vai ter um impacto. Vai ser algo que vai exigir desapego e conseguir lidar com duas ideias supostamente opostas juntas.

Tem uma frase de Maslow que eu gosto muito que diz o seguinte:

“A maturidade intelectual é a habilidade de sustentar duas ideias contraditórias na mente ao mesmo tempo, sem perder a capacidade de agir.”

E ser um otimista racional é exatamente isso.

Entender que sim, existem desafios, a vida como Buda disse é sofrimento, as coisas vão da errado várias vezes até darem certo, e só darão certo se estivermos constantemente aprendendo e nos adaptando.

Mas a vida também é cheia de coisas positivas. Estamos evoluindo como espécie, vivendo em um dos momentos históricos de maior abundância e de maiores transformações na humanidade.

Embora sejamos meramente um sopro efêmero no vasto espaço e tempo, temos a extraordinária fortuna de experimentar a vida. Equipados com uma máquina biológica incrivelmente sofisticada, somos capazes de desfrutar de um breve, mas precioso lampejo de consciência. Esta é nossa jornada, nosso momento e nossa maravilha – uma celebração da existência.

Como disse Carl Sagan, um famoso astrônomo, disse:
“Somos uma maneira do cosmos se conhecer.”

Quando você entende que você não só faz parte, mas também é o universo.
É ai que as coisas começam a mudar de verdade.

Por esse episódio é isso, se você conhece alguém que precisa ouvir esse episódio, envie para essa pessoa, essa é a minha contribuição a sua é compartilhar se fizer sentido.

Até o próximo episódio!

Referências:

Livros

  • Abundance
  • Factfulness
  • O otimista racional
  • The Beginning of Infinity

Vídeo de referência:

Peter Diamandis Abundância é nosso futuro

Mais Referências:

1. Pandemia COVID-19: Organização Mundial da Saúde – https://www.who.int/ e Johns Hopkins University – https://coronavirus.jhu.edu/map.html
2. Conflito na Ucrânia: Organização das Nações Unidas – https://www.un.org/
3. Crise climática: Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC- https://www.ipcc.ch/
4. Ascensão de governos autoritários: Freedom House – https://freedomhouse.org/
5. Desigualdade de riqueza: Relatório da Oxfam sobre Desigualdade Global – https://www.oxfam.org/
6. Fake News: Reuters Institute – https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/
7. Polarização da sociedade: Pew Research Center – https://www.pewresearch.org/
8. Declínio da confiança na mídia: Digital News Report do Reuters Institute – https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2021
9. Vício em redes sociais: American Psychological Associatio – https://www.apa.org/
10. Uso de tecnologia de vigilância: Privacy International – https://privacyinternational.org/
11. Queimadas na Amazônia: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Brasil – http://www.inpe.br/
12. Aumento do custo de vida: Banco Mundial – https://www.worldbank.org/
13. Crescimento do populismo e nacionalismo: The Guardian –  https://www.theguardian.com/ , Foreign Affairs –  https://www.foreignaffairs.com /

Escrito por,

Alan Nicolas

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