#005 – Herói ou Vilão

Olá, pequeno gafanhoto! Como vai?

Já conseguiu digerir o conteúdo dos primeiros quatro episódios? O conteúdo é bem denso, eu sei. Em alguns deles, você vai precisar escutar mais de uma vez para poder assimilar toda a informação. Isso acontece porque o conteúdo é concentrado. Eu já li centenas de livros, fiz dezenas de cursos e li milhares de artigos. Através do app que eu uso para escutar podcasts, sei que já escutei mais de 3.000 conteúdos, o que dá cerca de 125 dias escutando resumos de livros 24 horas por dia, além de podcasts sobre desenvolvimento pessoal e empreendedorismo.

O que eu quero te dizer é que tenho muito conteúdo e estou passando a você de forma compactada, só o essencial.

Um livro de 200 páginas costuma ter umas 10 páginas com muito valor. Aqui no podcast, eu coloco cerca de 12 horas em cima de cada episódio só na criação do conteúdo, passo mais tempo removendo conteúdo que não será relevante do que adicionando.

Para você entender um pouco do processo de criação, eu reflito sobre qual seria o próximo passo que você precisa dar e penso no conteúdo por um ou dois dias, fazendo anotações.

Depois, junto tudo isso em um DOC e começo a fazer pesquisas para trazer informações coerentes com a mensagem que quero passar para você.

Ou seja, não é de qualquer jeito, é algo feito minuciosamente para você poder ter a essência da informação que estou te passando.

Logo, talvez precise de tempo para absorver ou escutar mais de uma vez o conteúdo.

Não se preocupe, eu já passei exatamente pelo que você está passando ao escutar esse conteúdo, então estou te guiando da forma como fiz para navegar nesse novo mundo que está se abrindo para você.

Vamos lá então para o conteúdo desse episódio?

Herói ou vilão? Qual deles você acredita que é?

Como mencionado no episódio anterior, há dois lobos dentro de você e o lobo que vence a constante luta pelo poder é aquele que você alimenta mais.

Não são apenas as grandes decisões que contam, mas cada pequena decisão que você toma no dia a dia influencia qual lobo prevalece.

Ninguém acorda um dia sendo medíocre ou lendário. Ser lendário é algo progressivo que segue um efeito composto.

Quando eu era criança, acreditava que algumas pessoas nasciam boas e outras más. Pelo menos, foi isso que aprendi assistindo desenhos.

Minha infância foi marcada por três desenhos: O Rei Leão, Vida de Inseto e Mulan. Eu pedia tanto para minha mãe alugá-los na locadora perto de casa que ela acabou comprando os VHS.

Sim, eu disse VHS.

Era nos anos 90, não havia DVD, celular com joguinhos e muito menos internet. As únicas escolhas eram TV aberta com novelas mexicanas no SBT, Vale a pena ver de novo na Globo ou assistir os mesmos desenhos.

É claro que a escolha óbvia seria assistir os mesmos desenhos de novo, de novo e de novo.

Por dois ou três anos, meus irmãos e eu assistimos os mesmos desenhos todos os dias. Acabamos decorando as falas, as músicas e o enredo da história.

De certa forma, todas as histórias eram parecidas: uma luta do bem contra o mal, uma luta de alguém que lutava por valores puros contra alguém com valores distorcidos, valores puramente egoístas.

No filme O Rei Leão, por exemplo, Mufasa era um grande pai, que protegia o reino e ensinava sobre equilíbrio e respeito à vida, enquanto Scar era mesquinho, maquiavélico e preguiçoso. Era fácil identificar quem era o mocinho e quem era o vilão.

Isso se repetia em todos os outros desenhos, onde era simples distinguir quem era o bonzinho e quem era o malvado. O mocinho geralmente era o personagem mais bonito, enquanto o malvado tinha cicatrizes, o rosto desfigurado ou alguma deformidade. Era tudo muito simplista, preto ou branco, luz ou sombra.

Na vida real, porém, as coisas raramente são tão claras. Não é tão fácil identificar quem é o herói e quem é o vilão. A vida real normalmente é feita de tons de cinza. Uma pessoa não se torna má da noite para o dia, e não precisa ter cicatrizes no rosto para que todos saibam que ela é má.

Na vida real, as coisas são menos óbvias.

Na vida real, o vilão não dá risadas diabólicas.

Na vida real, o vilão não tem um plano para dominar o mundo.

Na vida real, o vilão não parece um vilão.

Na vida real, o vilão muitas vezes nem sabe que é um vilão.

Na vida real, você pode ser um vilão.

Como assim?

Eu, vilão?

Sim, você.

Mas Alan, eu sou bonzinho, eu sou do bem.

Será?

Se você aguentar ficar comigo neste episódio até o final, é possível que descubra que sucumbiu ao lado negro da força e na verdade é um vilão.

Mas vamos lá, eu não quero convencê-lo de que é um vilão, você vai decidir se é à medida que avançarmos no conteúdo.

E não se preocupe, você não sairá daqui com peso na consciência nem ficará depressivo por isso.

Vamos seguir com minha história de heróis e vilões…

Eu fui ficando mais velho e troquei desenhos por séries e filmes de ação ou ficção.

Logo, séries e filmes clássicos de super-heróis foram perdendo a graça, era sempre a mesma coisa.

O herói tem um chamado, ele reluta contra o chamado, logo as pessoas que ele ama ou se importa começam a sofrer por isso e ele não tem escolha, ele precisa lutar, ele vai falhar, afinal, relutou tanto contra o chamado que, quando aceitou, não estava preparado.

Quando tudo parece estar perdido, ele vence o mal. Tudo volta a ser como deveria ser e temos um final feliz.

É quase sempre assim.

Mas teve um filme que me chamou atenção: era sobre um menino prodígio que morava com sua mãe em um planeta cheio de alienígenas.

Neste planeta, eles eram escravos e eram constantemente maltratados pelo seu dono alienígena.

O menino amava sua mãe e estava sempre tentando defendê-la e fazer tudo por ela.

Um dia, um homem apareceu e conheceu o menino, convidando-o para se juntar à sua facção, dizendo que ele era o escolhido e traria equilíbrio para o universo.

A mãe do menino, pensando no melhor para ele, convenceu-o a ir com esse homem.

E então o menino aceitou, deixou sua mãe e foi para um treinamento rigoroso para cumprir seu destino.

Até aí, pouca novidade, um enredo bem comum.

Esse menino cresceu, tornou-se um grande guerreiro, com grandes feitos.

Em uma de suas missões, ele acabou se apaixonando e anos depois casou-se com ela, que ficou grávida.

Mas ele começou a ter pesadelos, sempre sonhando que ela perderia o bebê.

Esse medo começou a consumi-lo.

Em uma conversa com um superior, este contou que sua facção era uma farsa e que seu filho poderia ser salvo se ele escolhesse o lado certo.

Então, movido pela raiva, pelas descobertas que fez sobre sua facção e também pelo medo de perder sua esposa e o filho que ela carregava, ele começou a seguir rigorosamente as ordens do seu novo mestre.

A primeira ordem foi matar todos do templo de treinamento de sua antiga facção, incluindo as crianças, pois um dia elas também se tornariam guerreiras dessa facção.

E assim ele o fez.

Sua esposa descobriu o que ele estava fazendo e foi ao encontro dele, acompanhada de seu antigo mestre.

Movido pela raiva, por acreditar que o seu antigo mestre estava ali para matá-lo e foi trazido pela sua esposa que havia o tráido ele começa a sufocar ela.

Seu ex-mestre o impede e ambos começam a lutar.

Na luta ele é mutilado pelo seu ex-mestre que luta melhor.

Deixado para trás a lava vulcânica que estava próximo de onde ele caiu começa aos poucos queimar o que restou do seu corpo.

Até que chega seu novo mestre e o resgata ainda com vida, mas já todo queimado e sem 3 membros.

Sua esposa fraca dá a luz a 2 filhos, mas morre logo após o parto.

E dessa forma se cumpre o que ele mais temia.

O nome do filme é StarWars e essa é de forma extremamente resumida e simplificada a trajetória de Anakin Skywalker para se tornar Darth Vader.

E esse filme começou a abrir a minha mente, pois ele não nasceu mal.

Anakin era um menino doce, que adorava apostar corrida em carros construídos por ele e ajudava sua mãe em casa.

Ele era curioso, inteligente e educado.

Mas como ele se tornou o vilão mais temido da galáxia?

Se você conhece a história, vai notar que ele foi movido pelo medo (o medo de perder sua mulher), arrogância (por ser considerado o escolhido e achar que estava acima de todos) e, por último, por sua raiva e ódio.

Yoda ainda tentou alertá-lo:

Medo de perder só vai te levar ao lado sombrio da força.

Deixar pra trás você deve tudo aquilo que você teme perder.

É claro que Anakin não escutou o mestre Yoda.

Ele optou por ir contra seus valores, contra os seus mestres, por uma mera promessa que do lado negro da força ele teria o poder de evitar a morte.

No livro A Negação da Morte, o autor Ernest Becker escreve:

A pessoa que busca evitar a morte, o faz transfigurando tanto sua identidade e seus valores que acaba morrendo prematuramente.

Becker ainda diz: O medo da morte nos dirige a um caminho de violência uns contra os outros, de desejo por conquistar e controlar nossos arredores.

Star Wars mudou a forma como eu via heróis e vilões. Entendi que vilões não nascem vilões, eles se tornam vilões quando guiados pelos pensamentos e valores errados.

E falando em medo da morte, teve uma série que me chamou muita atenção nessa construção de um vilão que também está conectado com esse assunto. A série era sobre um professor de química com uma vida extremamente medíocre que, para melhorar um pouco mais sua vida, descobre que está com câncer. Ao ser humilhado por não ter condições financeiras para poder pagar o tratamento, ele acaba se envolvendo com a produção de metanfetamina.

Sendo um químico habilidoso, acabou ficando famoso e se envolvendo em uma série de desastres que resultavam em tiroteios e assassinatos, mesmo sem querer.

Com o tempo, ele foi se acostumando com isso e até mesmo se convenceu de que era por uma causa nobre: deixar dinheiro para sua família após sua morte.

Mas, contra suas expectativas, ele sobreviveu ao tratamento de câncer.

E agora?

Embora já tenha dinheiro suficiente, ele não consegue parar.

Ele foi consumido pela ambição de poder.

O professor de química de ensino médio com uma vida medíocre se transformou no principal vilão.

Durante 5 temporadas e 62 episódios de Breaking Bad, é possível observar essa transformação não de uma pessoa boa em uma pessoa má, mas de uma pessoa medíocre em um vilão, exatamente por nutrir valores e pensamentos medíocres.

Walter White, o protagonista de Breaking Bad, não era uma pessoa boa, era apenas uma pessoa medíocre.

Ele não era o protagonista de sua própria vida.

Ele não foi do bem para o mal.

Ele foi da inação para a ação.

Começou pelo dinheiro para seu tratamento, depois pelo dinheiro que deixaria para sua família como herança, e quando se curou do câncer, passou a agir por mera ambição.

One more cook.

Ele disse inúmeras vezes na série que faria algo mais uma vez para ganhar dinheiro. Contudo, não se tratava mais de dinheiro, mas de estar no poder e ter controle sobre a morte. Ele queria sentir que sua vida miserável tinha um impacto, mesmo que sombrio.

Enquanto assistia à série, eu me perguntei em que momento Walter White deixou de ser ele mesmo e se tornou Heisenberg, o temido e famoso químico de metanfetamina. Foi quando ele viu o dinheiro e despertou a ganância? Foi quando cometeu seu primeiro assassinato? Ou foi quando deixou a namorada do companheiro dele morrer engasgada na frente dele só para o companheiro voltar a trabalhar com ele?

Na verdade, ele se tornar um vilão foi apenas uma consequência dos valores e pensamentos que já nutria. Os valores que Walter nutriu ao longo de sua trajetória foram:

1. Soberba: sempre que ele usava seus talentos em química, ele era muito arrogante sobre seu trabalho e mostrava traços de raiva quando alguém fazia algo errado.
2. Orgulho e ego: sempre que sentia que sua dignidade estava em jogo, ele explodia em violência.
3. Desejo por poder: lembro dele ter dito em um episódio algo como “eu estou no negócio de construção de impérios”, dizendo com essa frase que não pararia até expandir e dominar mais regiões com sua droga. E toda vez que sentia que estava perdendo o controle da situação, ficava louco e novamente vinha a violência.

A série é fenomenal e não é à toa que ganhou tantos prêmios. Mas o que me chocou não foi o enredo ou as interpretações muito bem feitas, e sim como parece ser fácil nos tornarmos vilões.

Walter convenceu-se de que era necessário fazer algo que podia ser visto como ruim por uma causa nobre: prover para sua família após sua morte. Mas justificou os meios por essa causa.

Afinal, sempre existem pessoas comprando drogas. Ele deixar de fazê-las não vai impedir que as pessoas continuem comprando. Ele poderia fazer bastante dinheiro em pouco tempo e deixar sua família financeiramente segura. Sua mulher estava grávida, esperando outro filho, e o filho que ele já tinha precisava de cuidados especiais, pois tinha deficiência física.

A vida parecia ser tão injusta com Walter, um químico de extremo potencial que chegou a participar de uma pesquisa premiada com o Prêmio Nobel, mas dava aulas em uma escala qualquer no interior e estava atolado em dívidas.

Walter tinha diversas desculpas para justificar suas ações. Diversas vezes, ele falou: “Estou fazendo isso pela minha família”. Com o passar do tempo, ficou cada vez mais difícil usar essa desculpa, pois seus comportamentos estavam destruindo cada vez mais a sua família e colocando-os em risco.

Mas ele sempre encontrava alguma forma de justificar sua cruzada pelo poder. No final da série, quando acabaram as justificativas, ele disse para sua mulher: “Eu fiz por mim. Eu fiz porque eu era bom nisso”.

No final, Walter perdeu sua família, sua fortuna, seu império de drogas e sua vida. Mas ele cumpriu seu propósito distorcido. Ele alcançou o poder supremo, tornando-se uma lenda.

Quantas vezes você não justificou ou mascarou algo que sabia que não era certo, ou não era totalmente certo, com um bom motivo? Talvez você tenha dito algo emocional como: “Estou fazendo isso pela minha família”.

Essa é uma desculpa comum, muitas guerras e centenas de milhões de pessoas já foram mortas por essa mesma desculpa.

Talvez você tenha dito algo racional como:

“Se eu não fizer isso, outra pessoa fará.”

Existem duas desculpas que Walter usou.

Não estou aqui para deixar sua consciência pesada, só quero que você entenda que não é o herói que pensa que é.

Você não é a pessoa boazinha que se apresentou no começo do episódio. Existe um Heisenberg dentro de você justificando ações egoístas e medíocres.

Como já mencionei algumas vezes, o primeiro passo para mudança é o reconhecimento. Se você começar a enxergar o vilão que existe dentro de você, você já saberá quando reprimi-lo e dizer não.

Para fazer a coisa certa, primeiro você precisa entender o que é a coisa certa. Somente quando reconhecer a luz e a sombra dentro de você, poderá tomar uma decisão consciente sobre quem deseja se tornar naquele momento – um herói ou um vilão.

Para concluir este raciocínio, vou contar uma última história.

É a história de uma criança que cresceu com um pai abusivo. Durante a sua infância, ele precisou mudar muitas vezes de cidade, mas ainda assim conseguia boas notas na escola. Seu pai o obrigava a fazer todas as tarefas em casa, mesmo as mais pesadas, e quando ele não as fazia, apanhava bastante. Sua mãe era superprotetora, mas ela também temia o marido. Enquanto os seus amigos brincavam, ele preferia os livros.

Quando ele tinha 10 anos, uma tragédia aconteceu – o seu irmão mais novo, de 6 anos, que ele amava tanto, morreu. Isso o abalou fortemente. Ele não conseguia mais dormir nem comer. Todos diziam que ele havia mudado. Ele largou a religião, passava as noites no cemitério próximo à sua casa, onde o seu irmão tinha sido enterrado, e as suas notas começaram a cair. Novamente, o seu pai ficou irritado e voltou a espancá-lo.

Um tempo passou e seu pai, irritado, disse com a intenção de provocar nele a consciência para voltar a estudar: “Um dia você será um funcionário público importante como eu”.

Mas ele respondeu: “Não, pai. Eu quero me tornar um artista.”

Nessa época, o pai dele já era mais velho e não tinha mais forças para bater no agora adolescente.

Ele continuou a tirar notas ruins na escola, vivia uma vida sem propósito, passando tempo com amigos e matando tempo como podia. Em certo momento, largou a escola e não se formou.

Seus amigos o retratavam como inteligente, mas com raiva da vida.

Aos 18 anos, viajou para tentar entrar em uma escola de artes, pois queria se tornar artista, mas como não tinha concluído os estudos, não teve a menor chance.

Quando retornou para sua cidade natal, sua mãe estava doente e acabou falecendo.

O médico da mãe dele disse que nunca tinha visto alguém em um luto tão forte.

Após um tempo, ele voltou a tentar estudar arte.

Obviamente, não conseguiu e acabou indo morar nas ruas dessa cidade. Ele desenha arte de rua para ganhar algum dinheiro.

Logo, uma guerra começou e ele se inscreveu para lutar pelo país que tanto amava.

Finalmente, ele tinha um propósito, um motivo pelo qual lutar.

Ele foi um soldado exemplar, tendo assumido o posto de mensageiro e apresentado desempenho destacado. Recebeu duas importantes condecorações por isso.

Apesar dos horrores da guerra, considerou aquele período como a melhor época de sua vida.

Em um confronto, uma bomba explodiu próximo a ele e precisou ser levado para a cidade para receber tratamento. Quando se recuperou, foi à rua e viu que as pessoas protestavam contra a guerra. Ficou enfurecido.

Como seu país estava perdendo a guerra, precisou voltar às trincheiras. Chegou a ficar temporariamente cego por conta dos gases que eram arremessados contra sua tropa e foi, novamente, para o hospital.

Uma semana após ter se recuperado, recebeu a notícia de que seu país havia se rendido. Eles haviam perdido a guerra e precisaram pagar diversas multas a outros países, além de terem perdido boa parte de seus soldados. Foi uma humilhação, mas para ele aquilo dava um propósito..

Ele amava o seu país e estava disposto a fazer tudo para que ele voltasse a ser o que era antes. No entanto, acabou deixando o exército, não porque queria, mas porque o tratado obrigava o país a reduzir o número de soldados, o que fez com que muitos fossem dispensados. Isso o fez perder o sentido e o propósito de sua vida.

Embora tenha deixado o exército, ele continuou trabalhando para o governo como informante. Naquela época, o país estava sendo tomado por movimentos comunistas e sua função era participar dos eventos partidários e reportar ao governo. Ele nunca aceitou a derrota que seu país sofreu e aderiu a teorias da conspiração. Convicto de que poderia encontrar respostas se infiltrando nos congressos, ele participou de um congresso dos trabalhadores, onde percebeu que o movimento não era comunista, mas de extrema direita. Identificando-se com o que ouviu, começou a participar ativamente desse movimento e logo começou a ganhar voz. Ele prometia unir novamente o seu povo como uma nação forte, expulsar os imigrantes que alegadamente roubavam os empregos de seus compatriotas e unir novamente o povo que havia sido separado após a guerra.

Por fim, ele deixou o governo e ingressou no partido político. Ele acreditava que o partido precisava de um novo nome e, portanto, rebatizou-o como “Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães”. Além disso, ele mudou a bandeira.

Depois de vários desenhos, ele decidiu fazer a cor vermelha representar o lado social, o círculo branco no meio representar o pensamento nacionalista do movimento e a suástica representar a vitória dos povos arianos sobre o judaísmo.

Sim, esta é a história de Hitler.

Possivelmente o maior vilão da vida real que você já ouviu falar.

Ele teve uma infância muito difícil e um motivo, de certa forma, nobre ao criar o partido.

A Alemanha estava quebrada após a Primeira Guerra Mundial e, agora com um território bem menor, era ainda mais difícil produzir o suficiente para pagar sua dívida com países vizinhos.

O governo começou a imprimir dinheiro, assim como os Estados Unidos estão fazendo há alguns anos para segurar a crise mundial que se aproxima, mas já sabemos que isso nunca funciona bem.

A inflação foi tão alta que, em 1919, US$ 1 valia 4,5 marcos, a moeda local alemã da época.

Em 1923, US$ 1 valia 4,2 trilhões de marcos.

O preço do pão era de 200 bilhões de marcos.

O dinheiro perdeu seu valor e os países que o recebiam não ficaram satisfeitos com isso. Eles começaram a tomar cidades e empresas alemãs, e tudo o que produziam ia diretamente para esses países. Os soldados estrangeiros tratavam os alemães mal e de maneira rude, como se fossem prisioneiros ou de uma classe inferior. Muitos alemães eram espancados nas ruas por esses soldados, alguns até mortos. O povo alemão estava furioso e Hitler achou uma boa oportunidade para começar uma revolução e acabar com essa situação.

Hitler tentou tomar o governo com os soldados desempregados que haviam se encantado com sua promessa de tornar a Alemanha uma país grande novamente. No entanto, a polícia o impediu e ele foi julgado por traição. No julgamento, os jurados que já conheciam Hitler ficaram comovidos com sua paixão e vontade de fazer a Alemanha voltar a ser o que era. Em vez de ser condenado à morte, ele foi condenado a 5 anos de prisão.

Essa prisão durou apenas 9 meses, e durante esse período Hitler teve acesso a livros, o que lhe permitiu estudar e melhorar ainda mais sua eloquência. O discurso de Hitler era carregado de ódio e seus seguidores eram muito violentos. Com o tempo, quase todos na Alemanha conheciam seu partido e seu nome, mas os votos do seu partido somavam menos de 3% em 1928.

Os Estados Unidos tinham emprestado dinheiro para a Alemanha, mas chegando a crise de 1929, eles precisam do dinheiro de volta e, adivinha só? A Alemanha novamente não tinha como pagar. O desemprego e a pobreza eram massivos, as pessoas já não acreditavam mais na democracia. Começou a se polarizar, com pessoas na extrema esquerda e extrema direita. Ou era comunista ou nazista.

Hitler clamava que era o único que podia trazer a Alemanha de volta à glória. Ele precisava de um inimigo convincente, e os Judeus se encaixam bem nesse papel. Eram os forasteiros que estavam roubando os empregos das pessoas e conspirando contra a Alemanha. Ele era extremamente racista, um traço que as pessoas já naquele tempo não gostavam, mas pela falta de escolha por algo melhor, muitos votaram nele.

Apesar disso, ele não ganhou as eleições, ele entrou através de indicações e jogos políticos como primeiro-ministro. Após o presidente morrer, ele passou por cima da lei e, em vez de convocar eleições para presidente, combinou, por decreto, os postos de presidente e primeiro-ministro. Assim, ele chega ao poder, e o resto, eu acho que você já sabe.

Agora, como um menino que queria ser artista se torna o responsável por um dos maiores genocídios da história? Em que parte da história você notou que estava nascendo um monstro?

Assim como Walter White, Hitler tinha vários motivos para justificar seus primeiros movimentos, mas depois foi ficando tão sombrio que até mesmo seus seguidores mais fiéis duvidavam de suas ações e acabavam abraçando a morte por não conseguir lidar com as consequências de suas ações desumanas.

Nós tendemos a demonizar as coisas, a querer enxergar o mundo como heróis e vilões.

Na verdade, dentro de cada um de nós, existem dois lados.

Hitler alimentou valores medíocres ao longo de sua vida.

Escute uma coisa: nada, eu disse NADA, justifica os meios.

Você é aquilo que pensa, mas acima de tudo, é aquilo que faz.

Se você fizer algo que sabe que é errado, mas tem uma boa razão para fazê-lo, então você não é tão diferente de Mufasa, Anakin, Walter e Hitler.

Na verdade, ninguém é.

Muitas vezes, você vai se esconder atrás das coisas boas que eventualmente faz.

Eu dou dinheiro para instituições de caridade, eu reciclo o lixo da minha casa, eu ajudo os idosos a atravessar a rua, eu sou vegetariano.

Engole essa: Hitler não gostava do sofrimento dos animais que eram abatidos para servir de alimento às pessoas e, por isso, em 1938, ele começou a não se alimentar mais de carne.

Não estou diminuindo nenhuma dessas coisas boas que você faz. Inclusive, apesar de ser gaúcho e amar carne, um dia também quero reduzir muito o meu consumo de carne, ao ponto de talvez até me tornar vegetariano.

Mas o ponto que defendo aqui é: não se esconda atrás das boas ações.

Continue praticando-as, mas entenda que elas não o isentam da responsabilidade por suas ações ruins.

O que você planta, você colhe.

E talvez você esteja se perguntando: “Como você sabe tanto sobre Hitler, Alan?”

Vou responder sua pergunta com duas respostas:

1. Existe o chamado Google. Você não precisa ser uma enciclopédia humana – eu não sou. É só digitar o que você quer saber e as informações aparecem. Se você sabe inglês, então você tem acesso a 24 vezes mais conteúdo do que se pesquisar em português.

    É isso que eu faço: eu pesquiso em inglês, pois sempre encontro mais fontes e normalmente são mais confiáveis. Boa parte do conteúdo em português é apenas uma tradução, às vezes malfeita, do conteúdo em inglês.

    55,7% do conteúdo da internet está em inglês e apenas 2,3% em português.

    Então, fica aqui um incentivo para você melhorar o seu inglês, pelo menos seu listening e reading.

1. Após assistir Breaking Bad, eu pensei: “Será que é assim na vida real? Os maiores vilões da nossa história foram pessoas comuns que aos poucos se tornaram super vilões?”

    Eu não estudei apenas sobre Hitler: eu estudei sobre Gengis Khan, Mao Tsé-Tung, Joseph Stalin, Rei Leopoldo II, Kim Il-sung e alguns outros nomes que você provavelmente não conhece.

    Sabe o que todos eles têm em comum?

    Cada um foi responsável pela morte de mais de 1 milhão de pessoas.

    Todos eles são os maiores geneticistas da história. Tem como ser mais vilão do que isso?

Ao ler o que eu consegui sobre a história de cada um deles eu comecei a enxergar pessoas, pessoas por trás daqueles monstros.

Pessoas que foram aos poucos se corrompendo por uma ou a soma dessas quatro coisas:

1. Poder
2. Fama
3. Segurança
4. Reconhecimento

Você também busca por isso e é bem fácil saber qual deles você busca mais.

Existe um teste chamado DISC, você pode fazer ele de graça pela internet.

O DISC é um teste comportamental e nele você pode ser avaliado como:

1. Executor
2. Comunicador
3. Planejador
4. Analista

O executor busca poder, o comunicador a fama, o planejador a segurança e o analista o reconhecimento. Você é uma mistura desses 4 perfis, mas existe um que se sobressai.

Se quiser saber mais sobre cada um deles, assista aos vídeos que eu gravei sobre cada perfil e coloquei em uma playlist no meu canal no YouTube. Basta procurar por Alan Nicolas, ir em “playlists” e você encontrará.

Após fazer o teste, você estará mais ciente do lado sombrio que mais te assombra. No meu caso, sou bem executor, então sei que minha sombra é poder e controle. Quando sinto que estou perdendo controle, começo a ficar irritado, com raiva, e percebo meu eu inferior tomando conta.

Para evitar isso, procuro evitar falar com as pessoas, pois sei que serei rude e arrogante. Também evito tomar decisões para que meu eu superior, meu eu lendário, tome conta, em vez do meu eu inferior, com medo e raiva.

Estar ciente dos demônios que existem em mim me ajuda a controlá-los. Com certeza, você já fez algo que se arrependeu depois, agindo no calor do momento. Sabe o que aconteceu?

Você deixou o seu eu inferior, medíocre, e vilão tomar o controle. Ele existe dentro de você, quer você queira ou não, e vai acompanhá-lo pelo resto da vida. Sabe por quê? Porque é isso que o faz ser você. Você é a união do bem e do mal, do herói e do vilão, do lendário e do medíocre. Não deseje que o seu lado sombrio desapareça; trabalhe para que o seu lado de luz seja mais forte.

Ao ler a história desses super vilões da vida real, eu notei que o que fez eles irem tanto para o lado negro da força não foi o fato deles nascerem maus ou terem muito mais sombras do que outra pessoa, mas a ausência de consciência, a ausência de luz. Não existe sombra que resista à luz, e a luz é a consciência.

Nesse episódio, você ficou mais consciente sobre o vilão que existe dentro de você. Agora, minha parte aqui é expandir a sua consciência, mas quem vai permitir que essa luz entre ou não é você. Você pode estar escutando até aqui e negando tudo o que eu falei, e isso é bem natural. É apenas o ego te protegendo, e vamos falar muito sobre ele em episódios futuros. Se você está relutante, não tem problema. Daqui a alguns meses, você pode voltar a esse episódio e ouvi-lo novamente. Os próximos conteúdos devem ajudá-lo a dissolver o ego, e você estará mais preparado para receber essa informação.

Se você absorveu e agora consegue enxergar um pouco desse vilão que existe em você, eu deixei algumas armas para lutar contra ele e darei outras nos próximos episódios. Lembre-se dessa frase: “Ninguém é vilão em suas próprias histórias. Nós somos todos heróis nelas.” Você sempre terá um ótimo motivo para fazer o que é errado, justificando que isso é preciso para alcançar o que é certo. Não caia nessa armadilha; ela se chama ideologia, e falarei sobre ela no próximo episódio.

Eu vou ficando por aqui. Espero que este conteúdo tenha impactado você e gerado mais consciência. Este é apenas o episódio 5, e nessa velocidade, chegaremos ao final do ano com cerca de 50 episódios.

Eu não quero acelerar as coisas. Vamos nos aprofundar juntos aos poucos. No entanto, é importante que você absorva o conteúdo e o coloque em prática. Caso contrário, chegará um momento em que o assunto estará tão avançado que você pode achar que estou maluco ou não entender nada.

Não sou o dono da verdade. Pesquise tudo que falo aqui e pense por si mesmo. Simplesmente me escutar e tomar tudo que digo como verdade não o tirará do piloto automático nem o tornará um pensador independente. Você continuará sendo um robozinho.

Minha missão aqui é clara: tirá-lo do piloto automático, do modo zombie e trazer-lhe mais clareza, luz e consciência para que possa se conectar com sua verdadeira essência.

E a Vida Lendária Alan? Ela será uma consequência desse processo.

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Vamos impedir juntos que mais vilões floresçam pela falta de consciência, compartilhando-a com o maior número de pessoas possível.

Talvez você, neste momento, não tenha o conhecimento ou a oportunidade de fazer um trabalho como este que faço. No entanto, se ajudar a compartilhar esse conhecimento, pode ter certeza de que estará fazendo muito bem a outras pessoas.

Este episódio termina aqui.

Lembre-se: alimente o lobo certo!

Escrito por,

Alan Nicolas

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