#017 – Por que procrastinamos? E como parar!

“Pense em todos os anos que passou em que você disse a si mesmo ‘Vou fazer isso amanhã’ e quantas vezes você deixou de aproveitar as oportunidades que a vida lhe apresentou.” 

Essa citação tem cerca de 1.800 anos e é do diário pessoal de Marco Aurélio, imperador de Roma, considerado o homem mais poderoso de seu tempo, mas também um estudioso da filosofia estoica, conhecido por sua humildade e modéstia, e que buscava a sabedoria e a sabedoria virtude em sua vida pessoal e pública. 

E embora fosse um pensador profundamente filosófico e reflexivo, Marco Aurélio também enfrentou o mesmo problema que muitos de nós: a procrastinação. A procrastinação não é um problema exclusivo da nossa época, mas sim um problema que existe há milênios.

Se você se considera um procrastinador, saiba que não está sozinho. Na verdade, a grande maioria de nós enfrenta esse mesmo problema. Não é à toa que “parar de procrastinar” foi o tema mais votado para se tornar um episódio no Vida Lendária. 

E por isso eu tenho nas minhas mãos um problema milenar para te ajudar a resolver: 

Entender por que você procrastina e te ajuda a parar, ou até mesmo usar a procrastinação como ferramenta de produtividade, como eu uso. 

Então, vamos lá?

Enrolar, adiar, arranjou outras coisas para fazer, perder o foco, dar uma olhadinha nas redes sociais, assistir a um vídeo ou ouvir um podcast, começar a organizar a mesa ou o escritório, ficar preso em detalhes irrelevantes, começar várias tarefas diferentes e não terminar nenhuma delas… Eu não tenho uma câmera na sua casa, mas eu sei que você se identificou com algumas dessas coisas. 

Como eu sei?

Nós todos já passamos por isso, inclusive gênios como Leonardo da Vinci, Albert Einstein e Mozart. E se você algum dia já quis ser comparado a um gênio, parabéns, é seu dia de sorte, porque há pelo menos um aspecto em que você, eu e provavelmente todos que estão ouvindo esse episódio já são como eles. Isso porque cada um desses gênios foi um grande procrastinador. Da Vinci levou cerca de 16 anos para terminar a Mona Lisa e alguns historiadores debatem que talvez ele nem tenha chegado a concluí-la. Ao longo de sua vida, Da Vinci concluiu apenas alguns projetos dos muitos que iniciou, muitas vezes deixando seus clientes expressos à procura de outras pessoas para terminar os projetos que conseguiram escapar de sua atenção. Largar trabalhos pela metade era algo que Leonardo fazia o tempo todo.

Mas, assim como outros gênios, ele não era um procrastinador qualquer, ele era um procrastinador profissional. Mas daqui falo um pouco mais sobre ele, porque talvez Da Vinci tenha sido o maior e melhor procrastinador profissional que já existiu. 

Mas antes você precisa entender a diferença entre o procrastinador amador e o procrastinador profissional. 

O procrastinador amador é refém da procrastinação, acumulando trabalho e, frequentemente, prejudicando a qualidade do que é feito, inclusive da sua saúde, porque a procrastinação causa ansiedade e sofrimento no procrastinador amador. Já o procrastinador profissional usa a procrastinação como uma ferramenta de criatividade e de produtividade. Isso mesmo que você ouviu: procrastinação como ferramenta de produtividade.

Agora você deve estar pensando: “Tá Alan, mas como eu faço para me transformar de um procrastinador amador para um procrastinador profissional?” 

CALMA, pequeno gafanhoto! 

Primeiro você deve compreender o motivo pelo qual você procrastina. 

Porque eu suponho que se você estivesse sentado com sua procrastinação, você provavelmente não estaria ouvindo esse episódio. 

Logo, você é refém da procrastinação e, antes de seguirmos, você precisa entender por que está procrastinando .

Uma lição valiosa que venho colhendo na minha busca por sabedoria é que, ao tomar consciência de um problema, é como se acendêssemos um holofote sobre ele. De repente, enfrentava que aquele obstáculo não passava de apenas uma sombra, dissipada pela luminosidade do entendimento. 

Como Paulo Coelho escreveu em seu livro Brida: 

“Tudo que está na sombra nos apavora.” 

Mas, se acendemos uma luz, logo veremos que não há nada a temer. 

Por isso, vamos começar ligando a luz da sua consciência sobre o que você procrastina.

Tenho certeza de que existem várias coisas que você vem procrastinando há algum tempo. Talvez seja uma conversa difícil que você precisa ter com alguém, uma atividade chata no trabalho ou aquele reparo na casa que você sabe que precisa chamar alguém para resolver. Sempre há algo mais importante ou mais prazeroso para fazer, não é mesmo? 

Quantas vezes você tentou fazer, mas algo te impediu? 

Você pode chamar esse algo de vários nomes, mas, na essência, ele representa uma coisa: resistência. 

Tecnicamente, a procrastinação é uma forma de resistência. 

É uma resistência às coisas, e essa resistência pode surgir em relação a qualquer coisa.

Você precisa compreender que, independentemente do motivo – seja se essa atividade te deixa desconfortável, assustado, com tédio ou medo – essa resistência acontece de forma mental, emocional e fisiológica dentro de você. 

Vamos fazer um exercício de imaginação. 

Olhe para algum objeto que esteja no ambiente em que você está, um objeto que esteja cerca de 2 ou 3 metros de você. Se você estiver dirigindo, continue prestando atenção na estrada, que vai fazer sentido para você também. Achou um objeto que está longe de você?

Agora, qual seria o grau de dificuldade para você chegar até ele e tocá-lo? Seu único objetivo é tocá-lo. Eu poderia dizer “pegá-lo”, mas se você olhou para a geladeira ou o sofá, “pegá-lo” pode acabar se tornando um desafio maior. Mas, como é só tocar, acredito que o grau de dificuldade é bem baixo, certo? 

Agora, imagine que existe uma corda elástica te segurando, como se fosse um elástico de resistência usado em exercícios físicos. Para alguns, a corda está tão tensionada que dar um único passo em direção ao objeto já é difícil. Outros conseguem dar um ou dois passos, mas então a corda começa a esticar e restringe seus movimentos. Ela está amarrada em você e na parede atrás de você.

Você pode fazer outras coisas, como ir para trás ou um pouco para os lados, mas quando tenta avançar, encontra resistência. Essa corda elástica simboliza a resistência mental e emocional que ao enfrentar tarefas difíceis ou difíceis. 

E é por isso que você já pode ter lido vários livros sobre o assunto, já ter tentado várias técnicas como criar rotinas, usar a técnica pomodoro, ter criado lista de tarefas por ordem de prioridade, deixar post-it colocado para lembrar e mesmo assim ainda não ter conseguido vencer a procrastinação. Se você não compreender a procrastinação nesses 3 níveis, não conseguirá vencê-la. 

Quando tentei começar a vencer a procrastinação, li todos os livros que pude sobre o assunto e assistir a todas as TED Talks e vídeos no YouTube que eram relevantes. 

Livros como:

– Comece pelo mais difícil: 21 ótimas maneiras de parar de procrastinar e fazer mais em menos tempo, escrito por Brian Tracy 
– Método GTD, de David Allen 
– A Única Coisa, de Gary Keller 

Esses 3 livros são ótimos, mas conversam principalmente com apenas uma camada da resistência e mais fácil de romper, a mental. 

Normalmente, é onde essa resistência começa a ser formada, porque você não está resistindo à atividade em si, mas à história que você conta sobre essa atividade. 

Então, preste bem atenção, aqui está o que você precisa compreender sobre a resistência: ela surge sempre que você transforma uma atividade em:

Um dever, uma obrigação ou uma necessidade. Sempre que você diz a si mesmo: “Isso é algo que eu tenho que fazer”, “Isso é algo que eu devo fazer”, “Isso é algo que eu preciso fazer”, a resistência começa a crescer dentro de você. Isso ocorre porque sua mente naturalmente tende a não querer fazer as coisas que lhe são impostas. Ela tende a resistir e se rebelar, mesmo quando a tarefa a ser realizada é gratificante para ela.

Por exemplo, talvez ir à academia seja algo que você saiba que é bom para você, mas você começa a criar resistência porque imagina cenários negativos em sua mente. Você pensa: “Bem, se eu tiver que ir à academia, isso significa que eu tenho que sair do sofá, depois trocar de roupa e colocar os sapatos, depois pegar o carro e ir até lá dirigindo. Depois, tenho que malhar, puts eu vou suar e é tão desconfortável. Eu vou ter que fazer esteira, levantar pesos pesados. Depois, vou voltar para casa exausto e suado, vou ter que tomar um banho, para dai fazer exatamente o que estou fazendo agora, é tão mais simples apenas não ir e até porque eu não quero fazer tudo isso. Só de pensar já fico cansado”. Percebe que é como um filme negativo que você constrói em sua cabeça.

E, claro, quando você imagina isso, então você não quer fazer isso. 

Por outro lado, há aquela outra parte da sua mente que diz: “Bem, você tem que fazer isso. Você prometeu a si mesmo que faria isso. Isso é uma obrigação. Você precisa ir para a academia”. E nessa tensão, nesse conflito, é onde se inicia uma parte mais profunda dessa resistência, a segunda camada, a camada emocional. 

Costumamos achar que é nossa mente racional que está no comando das nossas ações, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. 

Isso é um assunto tão fascinante e profundo que quero criar um episódio só sobre isso, mas quero te dar uma base antes de continuar falando sobre procrastinação, porque é fundamental que você entenda isso.

A parte irracional do seu cérebro, a parte instintiva e emocional, desempenha um papel muito, muito maior do que você imagina. Pelas estimativas dos especialistas, cerca de apenas 5% das nossas decisões são conscientes. Todo o resto, 95%, é o reino do inconsciente. 

Ou seja, apenas 5% do tempo sua mente racional e lógica está direcionado para sua vida, enquanto os outros 95% ou mais são dedicados à sua mente emocional. 

E uma vez que sua mente cria essas histórias, você provoca emoções emocionais negativas, como insegurança, medo de falhar, vergonha, pavor, desânimo e tédio. Isso se torna uma bola de neve, pois você não se cobra e começa a se sentir sobrecarregado, gerando ansiedade e entrando na terceira camada de resistência.

Seu corpo quer te proteger, e quando você tem que fazer uma atividade que não quer e tenta se obrigar a isso, seu cérebro reage como se houvesse uma ameaça iminente. 

Quando uma equipe de pesquisa na Alemanha realizou exames aéreos de ressonância magnética em 264 adultos, eles encontraram uma ligação entre dificuldades em iniciar ação em tarefas e um maior volume de massa cinzenta na amígdala, que é o centro de luta ou fuga do cérebro. 

A amígdala, um conjunto de neurônios envolvidos no processamento emocional e na identificação de ameaças, liberação de hormônios, como adrenalina e cortisol, que desencadeiam uma resposta de medo. Este pânico induzido pelo estresse pode dominar os impulsos do seu córtex pré-frontal, que normalmente ajudam a pensar a longo prazo e suas emoções regulares.

Ou seja, sua capacidade de tomar boas decisões é reduzida. 

E é no meio dessa resposta de luta, fuga ou congelamento que você decide enfrentar a ameaça, evitando-a em favor de alguma tarefa menos estressante. Essa resposta pode parecer exagerada – afinal, é apenas um prazo, não uma arma na sua cabeça. Mas, é mais provável que adiemos tarefas que evocam sentimentos negativos. 

Agora você tem uma história, um cenário mental do porquê você não quer fazer aquela atividade, tem emoções e sentimentos negativos associados a ela e toda vez que você pensa nela, seu corpo imediatamente começa a vê-la como uma ameaça. 

O que você faz?

Qualquer coisa menos ela, especialmente se essa coisa te der uma recompensa a curto prazo, como assistir vídeos fofinhos de gatinho no TikTok, dar uma conferida no Instagram, parar para fazer um cafézinho, talvez um lanche ou até mesmo pesquisar como parar de procrastinar, afinal é muito mais fácil pesquisar sobre isso do que realmente enfrentar essa resistência. 

Mas lembra por que eu comecei a falar sobre isso? 

“Tudo que está na sombra nos apavora. Mas, se acendemos uma luz, logo veremos que não há nada a temer.” 

Agora que você já entendeu como a procrastinação funciona, quero te ensinar como dissipá-la.

Um erro comum, e que eu mesmo já cometi, foi achar que o que me faltava era disciplina, que eu precisava simplesmente de um processo de organização melhor. Muitas vezes, quando fui atrás de informações sobre isso, a recomendação era essa, que a solução seria me disciplinar e me forçar a usar alguma técnica de conduta. No entanto, hoje muitos especialistas em psicologia e apontam para o oposto disso. 

Existem muitos estudos recentes que demonstram que ser muito duro consigo mesmo pode atribuir emoções ruínas a uma tarefa, tornando a ameaça ainda mais intensa, fazendo o corpo liberar mais toxinas que escapam com que fazemos o oposto do que queremos.

Por isso, é importante abordar a procrastinação e a falta de produtividade de forma holística, considerando fatores emocionais e psicológicos, e não só técnicas ou dicas de organização e produtividade que estamos cansados ​​de ouvir. 

E para isso eu quero trazer uma técnica pouco conhecida que encontrei em um daqueles livros que ninguém conhece. O livro se chama O Método Sedona, infelizmente só existe versão em inglês e é bem difícil de achar, mas eu vou tentar te trazer a essência dele para você entender o poder método deste. 

O Método Sedona é basicamente uma técnica de autodesenvolvimento criada na década de 50 por um físico e empresário de sucesso chamado Lester. 

Só que nem tudo eram flores na vida de Lester.

Ele tinha vários problemas de saúde, incluindo depressão, fígado aumentado, pedras nos rins, problemas no baço, hiperacidez e úlceras que perfuraram seu estômago e formaram lesões. Ele estava tão doente que, após sofrer seu segundo infarto, os médicos o mandaram para casa, para seu apartamento na cobertura do Central Park South em Nova York, para morrer. Disseram que ele tinha mais de 3 meses de vida, e se quisesse viver mais do que isso precisava ficar de cama, sem atividades sociais, com uma dieta bem restritiva por conta da condição do sistema digestivo dele e até mesmo ficar sem sexo, porque isso poderia provocando a terceira e última parada cardíaca dele.  

Imagina que merda receber essa notícia.

Ele foi para casa e ficou 3 dias se levantando apenas para ir no banheiro e tomando os remédios. Sofrendo com dores e com os dias contados chegou a pensar em tirar a própria vida engolindo uma mão cheia de remédios ao mesmo tempo, do que adiantava ficar vivo naquela situação? 

Ele teve vários pensamentos e reflexões sobre a proteção e da vida humana. 

Como Steve Jobs disse anos mais tarde: 

“Somos como um arco-íris cruzando o horizonte deste mundo. Você parece, tem uma chance de brilhar no céu, então você desaparece.” 

Lester tinha percebido isso, todo seu esforço em criação de riqueza tinha custado sua saúde e agora todo o dinheiro que não podia comprar de volta a saúde que perdeu.

Nestas pensamentos ele ouviu que apesar de estar com boa parte do seu corpo doente, ele ainda tinha uma coisa funcionando, a sua mente, e assim começou a se questionar de como tinha chegado até aquela situação. 

Se você já escutou o episódio #011 e #012 sabe como as perguntas são poderosas. 

Lester começou a se questionar de forma profunda e essas perguntas o levou a começar a ler muito, de Aristóteles a Freud, e ele começou a perceber que boa parte dos seus problemas de saúde, eram provocados por sua mente. 

Através da contemplação ele foi capaz de perceber padrões emocionais, crenças limitantes e memórias dolorosas que o fazia cada vez mais.

Os meses se passaram, ele começou a melhorar e sentir que tinha descoberto algo bom, um método. Ele viveu por mais 42 anos, morreu aos 85 anos de idade por veículo, como minha avó costumava dizer, e não por causa da doença que lhe foi diagnosticada quando tinha 43 anos de idade. Imagina, ele viveu praticamente o dobro de sua vida após ter sido concebido com poucos meses de vida. 

Tá Alan, mas por que tu tá me contando tudo isso, porque esse método é a primeira das 5 estratégias que eu quero te mostrar para acabar com a procrastinação amadora. 

O método consiste em um processo de questionamento e introspecção que ajuda o usuário a identificar e liberar as emoções e crenças negativas atribuídas a uma determinada pessoa ou assunto. Nesse caso, a coisa é a atividade que o usuário está procrastinando.

O processo envolve quatro etapas básicas: 

1. Foque em um problema ou emoção específica que deseja eliminar: 

Primeiro, escolha algo que esteja procrastinando e tente identificar a emoção ou sentimento que causa desconforto ou algum sentimento negativo que cria a resistência que o impede de executar essa atividade. Pode ser algo como insegurança ao ter medo de falhar, vergonha, pavor, desânimo, tédio, ansiedade, seja o que for, tente identificar o problema e permitir-se encará-lo de frente e entender de onde ele vem. 

No exemplo que foi dado da academia, o que impede o usuário de conseguir criar uma rotina de exercício?
Qual história ele começou a contar para si mesmo? Talvez ele conte para si mesmo que não tem motivo para ir, afinal, sabe que vai pagar vários meses e vai só por alguns dias, não é mesmo? Talvez ele conte para si mesmo que, por mais que treine, seu corpo nunca muda. Que vai passar vergonha lá porque todos são sarados e ele não é? É preguiça? De onde vem essa preguiça? Qual é a história que sustenta essa preguiça? Essa é a etapa principal desse método. 

Sabe por que o usuário procrastinou anos para começar a criar esses conteúdos? 
Porque ele contava para si mesmo que alguém ia aparecer para falar sobre isso, alguém com mais dicção, melhor aparência, mais extrovertido, mais carismático.

Contava uma história para si mesmo que é muito melhor ficar no anonimato, que criar esse tipo de conteúdo dá muito trabalho. 

E sabe o que existe por trás de todas essas histórias que a gente conta para si mesmo? Elas têm uma base de verdade, fazem sentido e é por isso que as engolimos e nos justificamos com elas, mas atrás dessas histórias existe uma emoção sendo disfarçada de um bom motivo. 

A parte maior da sua mente, a mente emocional, dá um motivo e sua mente menor, a racional, cria uma história bonitinha para justificar essa decisão emocional. Todas as escolhas e decisões na vida acontecem assim, a racionalização é apenas superficial, o verdadeiro motivo de nossas ações vem da emoção e não da razão. 

Então, a pergunta que faço é: Que emoção o usuário se esconde atrás dessa história?

A emoção que eu escondi era medo, medo de ser visto como um impostor, medo de ninguém ter interesse no meu conteúdo, medo de perder a minha privacidade, medo de começar e ter que parar porque eu não me sentiria bom o suficiente para continuar. 

A emoção que me paralisava era o medo.

Em alguns projetos, o que me paralisava era o tédio, o tédio de ter que estudar algo que eu não gosto de poder executar bem o que eu precisava. Eu preciso reinterpretar esse tédio. Para fazer esse episódio mesmo, eu estudei durante cerca de 5 horas sobre a história de Leonardo Da Vinci e para falar sobre esse método aqui, eu reli boa parte do livro, umas 3 horas relendo as anotações que eu tinha feito e lendo algumas páginas dele para me relembrar algumas coisas. Isso poderia ser visto como algo tedioso e que eu evitaria no passado. 

E por isso eu te pergunto, qual emoção ou sentimento está por trás das histórias que você se conta do porquê você procrastina?

Quando puder, pegue uma caneta e um caderno. Já foi controlado cientificamente inúmeras vezes que o ato de escrever manualmente pode ajudar a entender e processar melhor nossos sentimentos e emoções. Escrever à mão pode ativar áreas do cérebro relacionadas à memória e ao aprendizado, como o córtex pré-frontal e o sistema límbico, que também estão envolvidos no processamento emocional. 

Escreva sobre o que você tem procrastinado, quais histórias você tem se contado e então quais emoções e sentimentos estão por trás dessa história. 

Quando descobrir isso, vamos para a etapa 2. 

1. Pergunte a si mesmo: “Consigo deixar isso ir?” ou “Consigo me desapegar disso?”:

Essa pergunta vai te ajudar a avaliar sua habilidade de liberar a emoção ou crença negativa em questão. O propósito aqui é fazer você perceber que possui a opção de se libertar ou manter a emoção. Ao se questionar, você aumenta a consciência do seu poder pessoal e capacidade de escolha.

Porque vamos ser sinceros, a não ser que você tenha uma arma apontada na sua cabeça, tudo é uma escolha. Ah Alan, mas eu preciso pagar para ir na academia, não, você não precisa. Você pode fazer exercício em casa, você pode praticar um esporte, você pode inclusive não fazer nenhuma atividade física, isso também é uma escolha. Claro que cada escolha terá uma consequência, mas lembra que eu falei que a resistência começa sempre quando você transforma uma opção em um dever, um ter que ou um preciso? Toda vez que você diz, mas eu preciso, eu tenho, é meu dever, isso cria uma resistência. Toda vez que você se conta isso, você se coloca em uma situação onde não existe escolha. 

Eu tenho um amigo que diz que o “tenho que fazer” é coisa do diabo.

Ele diz isso porque já entendeu que toda vez que ele se coloca em uma situação onde ele “tem que” algo, ele começa a procrastinar. Ele cria essa resistência. 

Eu estou com minha esposa há 15 anos, eu escolho todos os dias estar com ela. Não é uma obrigação para mim porque assinei um papel no cartório que diz que estamos juntos. 

Eu me comprometi a criar aqui um episódio por semana por 4 semanas seguidas para ver se era possível conciliar isso com minhas outras atividades, isso não é uma obrigação, é uma escolha. 

Antes, quando eu via isso como uma possibilidade de criar conteúdo, eu imaginava uma prisão, onde eu ia ter que criar conteúdo toda semana. Quando eu escolhi criar conteúdo, o peso sumiu.

A mesma coisa com alimentação, exercícios, estudos, trabalho, tudo o que eu tenho que me fazer consumir. Vou dar um exemplo recente, eu coloquei na cabeça que eu tinha que criar um vídeo para o canal do YouTube. Sabe o que aconteceu? Isso mesmo, não aconteceu, porque eu chorei um “tenho que”. E para você entender como escrever é terapêutico, eu só entendi agora porque eu ainda não gravei o vídeo, enquanto escrevia aqui isso para você, porque eu chorei uma resistência através do “devo”. Isso me colocou uma pressão e essa pressão me fez recuar. 

Eu não quero ser obrigado a fazer algo, eu não quero perder minha liberdade, eu não quero fazer de qualquer jeito. Logo por trás está outro medo. 

O que eu tenho que fazer? 

Primeiro, entenda que não é necessário, obrigatório ou preciso gravar o vídeo.

Eu escolho gravar se me sentir bem para isso. Para me sentir bem, preciso me desapegar do sentimento negativo que atribuí a gravar o vídeo para o canal do YouTube. E aqui vem a pergunta para mim mesmo: Consigo deixar isso? Consigo me desapegar deste sentimento de medo e insegurança, nem que seja por um breve momento? 

E com isso, vamos para a terceira etapa: 

1. Agora, pergunte a si mesmo: “Estou disposto a deixar isso ir?” ou “Estou disposto a soltar isso?” 

Sabe o que é mais maluco? É que conhecem muitas pessoas que conseguem reconhecer que o que as trava é uma emoção específica, mas elas estão tão familiarizadas com essa emoção negativa que têm medo de liberá-la. Ou seja, muitas pessoas têm medo de parar de sentir medo.

Porque sentir medo é o que elas já conhecem, e elas têm medo de experimentar algo diferente disso. É louco se pararmos para pensar, mas nós mesmos já passamos por isso mesmo sem perceber. E você pode estar passando por isso agora mesmo. Eu mesmo queria descobrir que também estou. 

Agora que descobri, estou disposto a abrir a mão desse sentimento? Sim, estou. 

Então vamos para a quarta e última etapa do método. 

1. Pergunte a si mesmo: “Quando eu deixaria isso ir, se pudesse? Quando vou me desapegar disso?”.

Por fim, vamos decidir quando liberar essa emoção ou sentimento negativo e tomar a ação de enfrentar o medo e parar de procrastinar. Eu, por exemplo, vou gravar o vídeo assim que concluir a gravação e edição deste episódio. Essa pergunta, quando de certa forma, nos coloca contra a parede. Mas agora que você já identificou e sentiu que pode e está disposto a deixar a emoção que é a resistência que te impede de agir, é só decidir quando. 

E eu sei que o Método Sedona pode parecer simples. Mas lembre-se, não é porque é simples que é fácil. Não é porque é simples que você vai fazer. 

Tire um tempo para fazer essas 4 etapas. Assim como uma sombra, a resistência é dissolvida à medida que você consegue colocar luz sobre ela.

Seu lado emocional é como um elefante, grande e forte, que está preso a uma corrente fina em uma estaca pregada no chão. É só puxar, mas o elefante, desde pequeno, foi acostumado a ficar preso nessa corrente. Então, mesmo agora que ele é grande e forte e precisaria de apenas um pequeno movimento para se libertar, ainda não consegue, porque a prisão dele não é física, é psicológica.

Se você aplicar este método em qualquer resistência que tenha agora a qualquer problema em sua vida, garanto que você se livrará dela. Para mim, leva de duas a quatro confortável com essas perguntas e questionamentos, mas já houve algumas vezes que preciso fazer isso por dias. Se for uma resistência muito forte, provavelmente levará mais do que quatro iterações desse processo de questionamento. Se for uma resistência leve, você provavelmente pode se livrar dela em duas ou quatro iterações. 

Isso só vai levar cinco ou dez minutos. Portanto, uma técnica extremamente eficaz. Não a descarte apenas por causa de sua simplicidade. 

Então, após ouvir este episódio, tire alguns minutos para fazer isso. Ou, se preferir, pode até pausar agora.

Bom, essa é a primeira estratégia das 5 que aprendi ao longo desses anos com livros diferentes, neurocientistas e mestres da produtividade. Muitas delas eu queria adaptar. Essa mesma do método Sedona é originalmente focada em liberação emocional de forma geral, e eu entendi que poderia ser usada para me ajudar com a procrastinação. 

A próxima estratégia é Comece Pequeno…

Faça aos poucos

Um dos grandes problemas que nos levam a procrastinação é que quando pensamos em começar algo a gente se empolga, a gente se empolga muito e cria um monte de planos e acabamos criando um monstro. 

Eu sei porque já fiz muito isso e aposto que você também. 

Quanto decidi emagrecer, eu me inscrevia na academia, marcava consulta com nutricionista para começar uma nova dieta, fazia exames de sangue para poder ver o antes e depois, começava um novo esporte de cardio em pararelo para poder perder peso mais rápido e começava a ler algum livro sobre alimentação e exercícios. Tudo ao mesmo tempo. 

Eu queria sair de alguém sedentário e que só comia besteira para alguém que ia virar um super atleta basicamente.

A mesma coisa quando iniciava uma nova empresa, fazia já um monte de contratação, criava logo, registrava marca, fazia simulações de crescimento, mas ainda não tinha nem a oferta validada. 

É praticamente como querer comer um boi pela perna. 

Imagine você tentar comer literalmente um boi inteiro, se você for vegetariano, imagine se você conseguiria comer um caminhão de brócolis de uma vez só. 
Consegue? É claro que não. 

Mas se você não for vegetariano e assim como eu venho cerca de 200 gramas de carne por dia. 

Isso significa que nos últimos 10 anos você comeu cerca de 730kg de carne, isso é equivalente a 4 vacas adultos ou 700 galinhas. 

Agora como é que eu consegui comer 4 férias inteiras? 

Ou o equivalente a 700 galinhas?

Simples, uma garfada por vez.

Dê pequenos passos. 

Se você tem algum projeto grande para fazer, se tem um livro inteiro para escrever, se tem uma grande proposta de negócios para criar, se tem uma apresentação enorme para planejar, se tem um novo projeto que te desafia, apenas dê um passo de cada vez. Depois de fazer os questionamentos do método Sedona, agora é a hora de dar o primeiro passo, mas quem disse que ele precisa ser grande?

Não diga para si mesmo que vai fazer tudo. Apenas diga: “Sabe de uma coisa, vou à academia e farei apenas um exercício. Vou fazer apenas uma repetição do bíceps. Vou fazer apenas cinco minutos de esteira e depois vou voltar para casa”. 

No começo do ano passado eu fiz literalmente isso, eu estava já a várias semanas sem ir na academia, e quando eu pensava em voltar me dava um desânimo, porque eu sabia que não ia aguentar fazer uma hora como eu fazia antes. E eu justificava na minha cabeça que se for para ir fazer quase nada era melhor talvez nem ir.

Mas quando eu percebi que eu estava criando uma resistência, eu resolvi provar pro meu cérebro que eu poderia ir lá e fazer só um pouco. Eu não precisava ir lá e ficar uma hora.

E aqui está o segredo, seu cérebro não é burro, não adianta tentar enganar ele dizendo que vai fazer 5min e se obrigar a fazer uma hora. 

Eu fui e fiz uns 10 minutos e fui embora, eu lembro que minha esposa ficou me olhando incrédula que eu fiz só 10 minutos e fui embora, mas no outro dia eu fui de novo, e no outro de novo.

E nos dias que eu estava mais cansado eu me permitia fazer menos, se chegasse em 20min e eu sentisse que minha mente já tinha começado a me sabotar eu dava esse tempo pra ela.

Teve vários dias que eu estava sem vontade alguma de ir, vontade zero, e eu me dizia, só 5 minutos e minha mente não criava nenhuma resistência, porque ela sabia que era verdade, ela sabia que podia contar comigo mesmo, que existia coerência naquilo que eu estava me auto afirmando. A maioria desses dias eu fiz muito mais do que 30min, chegando muitas vezes a cerca de uma hora ou mais de exercício.

Hoje eu não tenho resistência alguma para treinar, nos dias que não estou muito bem, eu fico um pouco mais na esteira, faço um pouco mais de alongamento, mas não existe mais nenhum dia que eu falto academia por falta de vontade ou por resistência.

A mesma coisa é escrever, por anos eu tive muita resistência para escrever, porque eu já imaginava praticamente um livro. Se eu for somar tudo que eu já escrevi aqui de conteúdo para o vida lendária e minhas anotações já são mais de 500 páginas é praticamente um livro.

Mas eu não começo pensando em 500 páginas, eu começo muitas vezes pensando em apenas escrever dois ou três parágrafos e muitas vezes me vejo horas depois ainda escrevendo.

A mesma coisa para leitura, se você quer começar a ler livros comece com apenas algumas páginas, leia apenas o sumário, muitas vezes que estavam sem saco de ler eu me comprometia apenas em ler o sumário, ao ler o sumário eu achava um capitulo que me empolgava e ia direto pra ele. Você não precisa necessariamente começar do capitulo 1.

Eu ainda vou criar um episódio só falando sobre leitura, porque ler, como isso muda seu cérebro, quais os melhores livros para ler, em qual ordem e como reter o que você lê.

Mas por enquanto se você seguir essa dica de começar pequeno, de se permitir ler nem que seja o sumário, você já vai notar que vai facilitar começar a colocar esse hábito na sua vida.

Existe um livro que se chama Hábitos atômicos, ele se aprofunda em algumas partes nessa segunda estratégia que eu estou te passando.

Regra 3,2,1

Vamos então para a estratégia 3.

Essa estratégia é realmente bem simples, eu diria até boba, mas funciona e eu a utilizo todos os dias.

Por isso mesmo, mesmo sendo algo tão simples, não podemos ignorá-la.

Escute só como ela é fácil:

Você pensa na tarefa que precisa realizar e mantém isso em mente, dizendo: “vou fazer isso”. E então você conta até três e parte para a ação.

Por exemplo, você diz: “Droga, tenho que escrever minha redação”. Três, dois, um. E aí você simplesmente começa a fazer a coisa que está evitando.

Eu dei o exemplo da redação porque era algo que eu detestava fazer na escola.

Se tem uma coisa que eu procrastinava era escrever uma redação.

Pena que eu não conhecia a estratégia do 3, 2, 1, porque por mais que ela pareça boba e muito simples, ela funciona. Acho que o que acontece aqui é que, usando essa estratégia, estamos utilizando o impulso psicológico. Escrever uma redação parece muito assustador, então adiamos.

Mas contar é fácil. Qualquer um consegue. Então, é menos provável que procrastinemos a contagem.

No entanto, quando começamos a contar, desenvolvemos impulso para realizar a tarefa que estávamos evitando. É como se fosse uma ponte psicológica. Então, da próxima vez que tiver dificuldade em começar uma tarefa, diga: três, dois, um, e mãos à obra.

Não sei explicar o motivo, mas funciona.

Eu uso isso os todos para alguma ação que eu quero ganhar impulso para fazer, às vezes estou exausto demais no final do dia para me levantar do sofá e ir para a cama. Fico ali, procrastinando profissionalmente, o que você vai aprender o que é e como fazer no final desse episódio. Porém, até mesmo a procrastinação profissional precisa ser interrompida, e a forma mais eficaz que encontrei para isso é a estratégia 3, 2, 1.

Então me levanto, alimento os pets, verifico se a casa está trancada, desligo as luzes, pego água e subo para tomar banho. Às vezes estou tão cansado que deito na cama antes de encarar o chuveiro, dou uma lida em algumas páginas de um livro ou ultima conferida nas mensagens, mas aí uso novamente a regra do 3, 2, 1 para me levantar e tomar banho.

É extremamente simples, mas funciona.

E talvez você já tenha percebido, mas também estamos usando o efeito composto aqui. Cada estratégia que compartilho com você está na ordem em que uso, pois é a ordem que mais trouxe resultados para mim.

Porque cada uma delas cria um efeito composto em cima da outra.

Perceba que por mais sútil e simples que seja essa regra do 3,2 e 1.

Ela já te coloca em ação no momento que você começa a contar.

Ela não é tão diferente do princípio “faça algo” de Mark Manson. Muitas pessoas acreditam que, para agir em algo, precisamos estar motivados para fazê-lo.

E a motivação vem de algum tipo de inspiração emocional. Primeiro, somos inspirados a agir. Temos um motivo forte para fazer isso e isso gera a motivação de que precisamos para agir naquilo.

Mas a ação não é apenas o efeito da motivação, é também a causa dela. Inspiração, motivação e ação não formam uma sequência linear. É um ciclo infinito, e você pode começar de onde quiser.

E como inspiração e motivação parecem ser difíceis de encontrar e completamente imprevisíveis, é muito mais eficiente começar com a ação e deixar que essa ação sirva como combustível inspirador e motivacional para impulsionar mais ações.

O problema é quando não conseguimos agir achando que precisamos de alguma inspiração ou motivação. Mas isso não é totalmente verdadeiro, porque todos nós agimos em coisas com aparentemente pouca ou nenhuma inspiração.

Fazemos certas coisas todos os dias sem precisar contar com a inspiração, como escovar os dentes, tomar banho, colocar roupas, limpar a casa e dar comida para os pets.

Essas ações aparentemente insignificantes são as próprias ações que devemos usar para gerar inspiração e motivação para realizar ações adicionais. É como um efeito bola de neve. Então, da próxima vez que estiver evitando fazer algo porque é super chato, diga a si mesmo: 3, 2, 1, e use a reação dessa ação para gerar a motivação para agir mais.

A quarta estratégia não será diferente.

Diminuir Atrito

Ela é uma estratégia para diminuir o atrito entre você e o que você tem que fazer.

Para diminuir essa resistência, você vai precisar eliminar a desordem.

Várias pesquisas sugerem que ambientes desordenados podem afetar a função cognitiva e a capacidade de tomar decisões racionais.

Muitas vezes procrastinamos porque o ambiente em que vivemos nos encoraja a isso.

Por isso, vamos começar com o ambiente físico.

Como falei antes, há uma relação íntima entre nossa psicologia e nossa fisiologia. Se existimos em um ambiente físico caótico e desastroso, nosso cérebro geralmente acompanha. Um estado mental caótico e distraído muitas vezes cria um ambiente físico igualmente caótico e desastroso, o que perpetua ainda mais o estado mental distraído.

É um paradoxo, mas muitas vezes é mais fácil corrigir e melhorar o ambiente físico do que, de repente, se sentir bem e com a mente clara. Então, se você está mais distraído do que nunca e acha cada vez mais difícil realizar algum trabalho, preste atenção ao seu ambiente físico.

Procrastine de forma produtiva, melhorando esse ambiente.

Certifique-se de que o espaço que você ocupa seja propício à produtividade. Não é apenas uma dica vazia, apesar de eu ter certeza de que você já ouviu antes, eu resolvi reforçar aqui, porque nós precisamos ser mais lembrados do que ensinados e isso é um ponto bem importante se você quer ser produtivo, porque isso é um poderoso fenômeno psicológico que precisamos aproveitar se quisermos manter o foco. Ambientes organizados ajudam nossa mente também a ficar mais organizada. Como já disse outras vezes, somos um produto do meio, se nosso meio é caótico, nossa mente também será.

Mas isso não se limita só ao ambiente físico, precisamos eliminar a desordem do ambiente digital também.

Provavelmente ainda mais importante na era atual é garantir que seus arredores digitais e seu ambiente digital não estejam te incentivando a procrastinar a cada 5 segundos. E isso pode ser mais sutil do que parece à primeira vista.

Ações como dar uma rápida conferida nas mensagens do WhatsApp ou abrir o Instagram porque você recebeu uma notificação podem parecer insignificantes, afinal é apenas uma distração de alguns segundos, e você pode verificar rapidamente e depois voltar ao trabalho. Mas o problema é que muitas vezes o trabalho mais importante que temos a fazer em nossas vidas requer um foco profundo e ininterrupto por várias horas. E é quase impossível alcançar esse estado de trabalho profundo quando estamos constantemente sendo interrompidos.

Nossa atenção é constantemente desviada por notificações de chamadas telefônicas, mensagens de texto e sons. E hoje em dia é como se todos nós tivéssemos TDAH, porque é tanta gente querendo nossa atenção, tantos sistemas extremamente complexos e inteligentes criados com inteligência artificial e machine learning que mesmo que você seja um monge é quase impossível não se deixar distrair. Você seguirá essa notificação, verá o que alguém disse no bate-papo em grupo e provavelmente interagirá com ela por 10 a 15 segundos.

Ou pior, você se perderá em uma série de links e passará de 20 a 30 minutos no YouTube, mesmo que não tivesse planejado fazer isso. Portanto, uma das coisas mais importantes que você pode fazer para curar sua procrastinação amadora é eliminar as portas para a procrastinação. E isso inclui até mesmo a quantidade de desordem na área de trabalho do seu computador ou na sua barra de ferramentas, ou dar uma limpada naquele número de abas gigante no seu navegador. Quando estou no processo de pesquisa, eu abro tantas abas que começa a ficar só o ícone dos sites, já cheguei a ter 43 abas abertas ao mesmo tempo.

Mas quando vou começar a escrever, como fiz para este episódio, eu fecho todas as abas, fecho WhatsApp, Discord, Telegram, abro o Notion, coloco-o em tela maximizada e tudo o que tenho é um documento em branco.

Eu costumava fazer pesquisa enquanto eu escrevia, mas percebi que muitas vezes me perdia nas pesquisas, então resolvi começar a escrever, apenas escrever e depois, na revisão, sim, fazer os ajustes com as pesquisas.

Por exemplo, quando eu pensei no exemplo de quantas vagas eu comi para ilustrar o poder de pequenas ações ao longo do tempo, eu não sabia quantos quilos dariam 200 gramas por dia ao longo de 10 anos. Eu queria abrir a calculadora, mas não sabia quanto de carne uma vaca produz em média para poder calcular o número. Eu escrevi “X quilos” e “X vacas” para poder fazer essa pesquisa depois, porque eu me conheço: se eu começar a pesquisar sobre quantidade de carne, provavelmente vou acabar estudando qual seria a quantidade ideal de carne por dia e, daqui a pouco, estarei lendo sobre diversos tipos de dieta. A mesma coisa aconteceria se eu fosse pesquisar sobre o peso da vaca. E quer saber? Foi exatamente o que aconteceu: quando fui pesquisar sobre esses assuntos, fiquei uns 30 minutos lendo sobre isso.

Eu sei que meu cérebro é assim. Sou extremamente curioso e pode acreditar em mim quando digo que também sofri por muito tempo com procrastinação e ainda sofro algumas vezes, mas essas estratégias que peguei emprestadas dos livros que li e refinei me ajudam muito.

E a estratégia de diminuir o atrito eliminando a desordem no quarto é fundamental.

Permita-se procrastinar

E a última estratégia que vou mencionar aqui é: permitir-se procrastinar?

Como assim, Alan?

Isso mesmo, permita-se procrastinar, mas com uma condição: quero que você se torne um observador da sua procrastinação.

Quero que você se torne um observador da sua procrastinação em ação, sem tentar mudá-la. Nossa tendência natural é resistir à procrastinação e dizer: “Não deveria estar procrastinando, puxa, preciso me mexer, vamos lá, tenho que começar”.

Esqueça isso agora, porque sua mente começa a fazer isso e logo já começa a pensar:

“Mas é tão doloroso, não consigo mudar isso. Estou preso nessa rotina, nessa espiral”.

E isso só o leva para baixo e para baixo e para baixo, criando uma resistência cada vez maior.

Em vez disso, quando perceber que está indo nessa espiral, quero que você dê algumas respirações profundas, pause e se imagine saindo de si mesmo. Imagine-se olhando para si mesmo, tornando-se o observador, e apenas observe e permita-se procrastinar enquanto observa. Permita-se, por exemplo, ficar deitado no sofá assistindo televisão e observe-se fazendo isso e procrastinando ao não ir à academia quando sabe que deveria.

Apenas observe, e o que você vai descobrir é que, ao se tornar o observador e consciente da sua procrastinação, a resistência à procrastinação vai diminuir cada vez mais. E você vai se pegar espontaneamente levantando do sofá e fazendo a coisa que quer fazer, a coisa que sabe que é boa para você. Quando você está conscientemente ciente de algo, não vai se sabotar.

A auto-sabotagem acontece principalmente de forma inconsciente. Então, esse foco de atenção, de consciência, é um fator sutil, mas muito importante para superar essa resistência e essa procrastinação que você tem.

Permita-se procrastinar conscientemente. Está com o dedo coçando para dar umas roladas para baixo em alguma rede social?

 Certo, reserve 5, 10 ou até 15 minutos para fazer isso. E diga a si mesmo: “Agora vou procrastinar, vou procrastinar nas redes sociais”. Se puder, diga em voz alta.

É melhor fazer isso de forma intencional do que ficar se corroendo.

Minha esposa e eu criamos o hábito de anunciar nossa procrastinação um para o outro. Toda vez que vamos procrastinar alguma coisa, falamos um para o outro que estamos indo procrastinar, o que estamos procrastinando e como vamos procrastinar. Isso acabou virando um hábito engraçado, mas que nos faz ficar conscientes desses momentos.

E quando você faz isso de forma consciente por um tempo, começa a descobrir que a procrastinação também pode ser produtiva.

Você não precisa ficar nessa batalha constante de apenas molhar os pés na distração e na tarefa. Isso nunca acaba e você nunca tem uma pausa intencional ou uma sessão de trabalho intencional. Então, o que tenho feito é definir um tempo e mergulhar intencionalmente em cada distração que quero fazer.

Eu digo: “Ok, estou verificando o Twitter agora. Neste momento, estou vendo intencionalmente se tenho alguma notificação ou mensagem e permito que eu mentalmente marque essa caixa e a limpe. Então, passo para o Instagram”.

E digo: “Ok, agora estou no Instagram. Vou ver tudo no Instagram. Tenho algum pedido de mensagem? Quem postou nos stories? Legal, terminei isso agora”.

No WhatsApp, verifico quais mensagens tenho aqui e o que preciso responder agora. Se tiver algo que possa responder depois, deixo marcado como não lido e pronto.

Agora posso deixar isso de lado.

Isso pode parecer estranho, mas acho que a intencionalidade é a diferença aqui. Quando você verifica intencionalmente a caixa mental de que fez tudo o que precisava fazer em cada um desses aplicativos ou sites, ou o que for, você pode obter alguma clareza mental para dizer: “Ok, já me distrai, agora é só contar 3, 2, 1 e pular no que precisa fazer”, lembrando que você não precisa fazer isso por horas.

Assim como uma vaca ou um caminhão de brócolis, você pode comer uma garfada por vez.

Essas são as 5 estratégias que queria passar aqui para vocês hoje, estratégias que uso para acabar com a procrastinação amadora.

Só para lembrar, aqui estão elas:

1. Método Sedona, uma série de questionamentos que você fará para compreender com mais profundidade a emoção ou a sensação que está experimentando e que está criando essa resistência que o impede de agir e concluir o que precisa.
2. Comece pequeno:
    1. Uma garfada de cada vez.
    2. Apenas uma página.
    3. Só uma sequência de exercícios.
    4. Escreva só um ou dois parágrafos.
3. Regra 3, 2, 1:
    1. Respire contra de forma regressiva e vá.
4. Elimine a Desordem:
    1. Ambiente caótico = Mente Caótica = Dificuldade de Clareza e Clareza facilita a ação.
5. Procrastine Conscientemente.

E esse último passo é o que nos levará à procrastinação profissional.

Lembra que comecei falando sobre o episódio da procrastinação de Leonardo da Vinci?

Então, deixe-me contar agora por que da Vinci era um procrastinador profissional e como isso foi um dos traços que o fez ficar na história da humanidade.

Procrastinação Produtiva

Leonardo foi um filho bastardo de um tabelião e, por não ser filho legítimo, acabou não tendo uma educação formal da época. Assim como Osho, Da Vinci frequentou uma escola diferente das convencionais, a escola da curiosidade.

Ele era um estudante curioso e ávido por conhecimento desde a infância e, mesmo tendo uma educação extremamente precária, aprendia muito através da experimentação prática e observação cuidadosa da natureza. Desenvolveu a habilidade de desenho ao catalogar as coisas com extrema precisão, mas suas habilidades não se limitaram a ser um bom desenhista e pintor.

Leonardo estudava matemática e geometria, anatomia humana e animal, geologia, botânica, ótica, hidráulica e mecânica, arquitetura e engenharia, filosofia e ética, música, química, astronomia e astrologia e onde mais a curiosidade dele o levasse.

Ele não estudava isso separadamente, ele ia conectando todos esses conhecimentos de forma holística.

Por isso, seus trabalhos são tão profundos e marcantes, mas isso só foi possível porque Leonardo seguia sua curiosidade acima de tudo.

Se um trabalho deixasse de fazer sentido para ele ou se ele notasse que precisava desenvolver outra habilidade ou até mesmo obter outro conhecimento para poder melhorar o que estava fazendo, ele assim o fazia.

O que fez com que ele não finalizasse várias obras que começou e muitas das que começou levassem um prazo bem grande para finalizar.

E isso pode parecer ruim, mas existe uma lição valiosa aqui.

Nem tudo que começamos devemos terminar, nem tudo que um dia nos propomos a fazer devemos continuar fazendo e, algumas vezes, em casos específicos, a procrastinação é uma sabedoria de não forçar algo para o qual você não está mais alinhado para continuar fazendo.

Se Leonardo da Vinci não tivesse perseguido sua curiosidade, muitas vezes abandonando ou atrasando projetos por conta disso, nós não teríamos as obras que ele deixou.

Às vezes, existe uma sabedoria escondida na procrastinação, e por isso recomendei que você começasse pelo método Sedona.

Porque ao ganhar mais conhecimento sobre o motivo por trás da nossa procrastinação, podemos compreender em um nível mais profundo as nossas inclinações.

Eu sinceramente não acredito que ninguém seja preguiçoso, mas acredito que infelizmente a maioria das pessoas ainda não descobriu o que faz seus olhos brilharem.

A maioria das pessoas está simplesmente presa em um trabalho ou em atividades sem significado, sem propósito e sem crescimento pessoal. Para ser sincero, se essa é a sua situação, pode usar a técnica de produtividade que quiser, que ainda assim você não alcançará seu potencial. Pelo contrário, quanto mais técnicas usar, mais vai se sentir mal por não performar.

E por isso é tão importante você compreender de forma profunda a procrastinação, porque às vezes ela é um aviso, um aviso de que as coisas precisam mudar, que você precisa experimentar algo novo, algo que te gere impulso e vontade intrínseca, ou seja, uma vontade que venha de dentro para fora.

E eu sei que infelizmente às vezes você não tem escolha, às vezes você precisa continuar nesse trabalho para poder pagar as contas no final do mês ou nessas atividades por algum compromisso.

Mas você não precisa ficar neles para sempre, você pode se preparar para dar esse passo e um bom sinal de que você estará no caminho certo é exatamente essa recompensa intrínseca. Uma satisfação no processo, no ato da ação e não só no resultado.

Todas as pessoas que têm resultados fora da curva, eram ou são pessoas que eram apaixonadas pelo processo.

Quando eu era professor de programação e design em escola profissionalizante, o que eu mais gostava era de programar. Eu dava cerca de 12h de aula por dia, e quando chegava em casa, ao invés de assistir TV, eu ia programar. Eu ia até de madrugada programando e aprendendo, porque era isso que queria fazer. E como vou falar no episódio Queimando Pontes, eu precisei abandonar vários projetos promissores a fim de perseguir a minha curiosidade.

E toda vez que eu tentei vencer essa procrastinação com simples técnicas de produtividade, eu falhei. Por isso que eu não te passei técnicas, eu te passei estratégias que não ficam apenas no plano mental, elas vão muito mais fundo do que isso.

Como vou falar no episódio #019 – Você é Dois, sua mente emocional é muito, muito mais forte que sua mente racional. Todas as suas ações são emocionais, sem a emoção você não consegue ter juízo de valor e como você vai ver no episódio #19, sem as emoções você toma piores decisões do que com ela, mas ela é como um elefante e você cérebro pensante, você mesmo que está me escutando agora, você é um ratinho.

Imagina um ratinho puxando o elefante, ele pode talvez até fazer o elefante se mexer se der umas mordidas nas pernas ou dar uma puxada na orelha, mas se o elefante decidir ir para um lado, não tem muito o que você possa fazer.

A mesma coisa acontece com o seu cérebro sensível, a sua parte emocional, instintiva e intuitiva.

Ela guarda muita sabedoria. Você precisa aprender a ouvi-la e a se comunicar com ela, que é basicamente o que eu vou tentar ensinar no episódio #019.

Mas saiba que a sua mente pensante é uma ferramenta. Você é capaz de dar sentido e pode até usar a procrastinação como uma ferramenta para se tornar um procrastinador profissional.

Em 2015, eu li um livro chamado “A arte de procrastinar – como realizar tarefas deixando-as para depois”. Na época, eu estava tentando evitar a procrastinação a todo custo, então eu odiei o livro.

Sinceramente, não é um dos melhores livros que já li, mas como quase tudo, ele contém uma semente de sabedoria, uma sabedoria que fui entendendo ao longo dos anos.

Neste livro, há dois conceitos que fui aprimorando ao longo dos anos, tendo estudado isso em outros livros e também em outras filosofias, como algumas similaridades que encontrei com a filosofia oriental do Taoismo.

Esses são os 2 princípios:

1. Procrastinação estruturada: É a técnica de realizar tarefas menos importantes enquanto se adia as mais urgentes. Essa abordagem pode, paradoxalmente, aumentar a produtividade e a motivação, porque ao mesmo tempo em que reduz a ansiedade associada às tarefas mais importantes, você cria momentum ao concluir outra tarefa que você também estava adiantando. Esse momentum, que é basicamente como uma roda que começa a girar, fica mais fácil de manter girando e te permitindo fazer outras atividades, inclusive a que você estava procrastinando em primeiro lugar.

Você tem que escrever aquela copy, planejar aquela estratégia nova, lançar um novo produto, iniciar um projeto novo que vai ser muito desafiador. Se você tiver essa nova atividade estruturada, você pode fazer uma atividade associada a ela que seja mais leve ou uma atividade que até não esteja relacionada a ela, mas é importante para você.

O segredo aqui é usar sua energia da resistência para pegar impulso para outra atividade que você também não estava tão afim assim de fazer, mas que tem uma resistência menor que essa. Então, ao invés de ir para as redes sociais ou alguma outra atividade que não vai ser produtiva, você usa essa resistência da atividade que você está procrastinando para fazer outra atividade. E isso funciona muito bem para mim.

Por exemplo: Eu vou começar aqui a escrever um novo episódio e às vezes fico já imaginando todo conteúdo e minhas mãos são lentas demais para acompanhar a velocidade do meu pensamento. Então muitas vezes eu paro e procrastino intencionalmente criando um conteúdo menor sobre o mesmo assunto em alguma rede social minha, seja no Instagram, Telegram e Twitter.

Porque lá eu vou ter que escrever um texto menor, mas ao mesmo tempo já estou criando conteúdo e condensando a minha ideia para o episódio. Às vezes posto apenas uma frase, mas por trás daquela frase tem um texto gigante na minha mente.

Eu fiz isso várias vezes ao longo desse episódio, mas não tanto quanto eu usei o segundo princípio.

1. O princípio da Procrastinação criativa: Assim como Leonardo da Vinci, que era um procrastinador profissional, você pode usar a procrastinação, ou seja, a resistência a fazer ou continuar algo para explorar aspectos que vão contribuir diretamente para essa atividade que você está procrastinando.

A ideia por trás da procrastinação criativa é que, ao adiar o trabalho em uma tarefa específica, você cria espaço mental para permitir que seu subconsciente trabalhe no problema. Isso pode ajudar a identificar perspectivas diferentes e abordagens originais que não seriam alcançadas se você tivesse se concentrado na tarefa de maneira linear e ininterrupta.

Em vez de encará-la simplesmente como um comportamento negativo ou improdutivo, você usa ela como fonte de inspiração e criatividade.

Deixa eu te dar um exemplo prático: Eu comecei a escrever esse episódio na segunda às 14h, eu escrevi o escopo dele e comecei a me aprofundar em cada parte. Quando chegou umas 16h eu senti fome e como não tinha nada saudável para comer em casa, resolvi ir no mercado. Eu realmente estava com fome e realmente não tinha nada saudável para comer em casa, mas eu podia ter continuado escrevendo e pedir uma entrega por ifood, mas agora que eu tinha toda a estrutura principal e a ideia central do episódio eu precisava de espaço mental e também queria revisitar o conteúdo que eu estudei muito lá em 2015 e 2016 sobre procrastinação.

Então separei 3 TED Talks que eu lembro que tinha gostado muito para reescutar enquanto dirigia e fazia compras, elas me deram insights de formas como eu poderia abordar os assuntos que eu já tinha desenhado a estrutura.

Quando voltei, meu primo estava na minha casa e aproveitei esse momento para ficar quase duas horas conversando com ele sobre o motivo que nos leva a procrastinar.

Quando ele foi embora, continuei lendo sobre Leonardo da Vinci, porque ele era o exemplo perfeito de alguém que usou de forma magistral a procrastinação criativa.

Na terça-feira, ao voltar a escrever, eu já tinha o conteúdo muito mais fluído e estruturado. No entanto, ao começar a escrever sobre o método Sedona, decidi tirar um tempo e voltar a estudar minhas anotações. Tirei um tempo para caminhar, pois tenho ótimas ideias enquanto caminho. Então, novamente, fui procrastinar de forma criativa, criando espaço para minha mente processar e digerir as informações dos resumos e partes do livro que eu tinha relido.

Quando voltei a escrever, a escrita simplesmente fluiu. Fiz isso várias vezes ao longo desse conteúdo e todos os outros que eu crio.

Eu uso a procrastinação a meu favor.

Estabeleço um prazo para concluir a atividade, mas não me forço a ficar horas sentado, pois o resultado não seria nem perto do que estou entregando aqui.

Muitas vezes, após escrever por horas seguidas, simplesmente paro e fico contemplando o que escrevi. Algumas vezes, apenas deleto tudo e recomeço, como se tivesse feito até então um rascunho.

Sabe quando você grava aquele áudio gigante no WhatsApp e, por algum motivo, dá um erro ao enviar ou a pessoa não pode ouvir? Você resume praticamente em uma frase o que queria comunicar para outra pessoa? Pois é, às vezes, aproveito um fluxo de ideias e vou escrevendo sem parar. Mas é no tempo ocioso que consigo reorganizar e processar essas informações de uma forma que fique mais fácil para você compreender os princípios por trás do conteúdo que eu passo.

Não estou incentivando você a se tornar um procrastinador amador, que fica sempre relutando e tem seu trabalho prejudicado por não fazer as coisas que deveria fazer. Estou dando uma nova visão de utilizar essa resistência a seu favor.

Lembra do exemplo que usei da corda elástica? Quando a forçamos, ela cria um impulso. Normalmente, esse impulso nos joga para longe da atividade, em uma atividade que seja momentaneamente desestressante.

A inteligência aqui está em usar esse impulso para nos jogar em uma atividade que seja produtiva. Use a força da resistência a seu favor quando não conseguir eliminá-la com as 5 estratégias que eu te passei, pois nem sempre você vai conseguir.

Então, por que não fazer um bom uso dessa energia?

Já percebeu que, em um filme de artes marciais, o aprendiz é apressado e está sempre tentando resolver tudo na força? Já o mestre é calmo e usa a força do seu adversário a seu favor.

É exatamente isso que estou te ensinando aqui através da procrastinação estruturada e da procrastinação criativa.

Use a força que te faz procrastinar para produzir.

Isso pode parecer contraintuitivo, mas, como falei no episódio #010, a Vida é Contraintuitiva.

Esse episódio termina aqui. Espero que esse conteúdo te ajude a vencer a procrastinação. Mas, se você não conseguir vencê-la, agora também sabe como pode se juntar a ela de uma maneira positiva e produtiva.

Referências:

/https://fs.blog/the-common-pattern-to-procrastination/

Escrito por,

Alan Nicolas

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