#018 – Queimando Pontes

É preciso abandonar o passado para alcançar o futuro que você deseja.

Às vezes, para alcançar seus objetivos, é preciso queimar pontes e deixar para trás o que não serve mais. Às vezes, queimar pontes é a única maneira de criar o espaço necessário para que a mudança possa acontecer. Quando você deixa para trás o que não serve mais, abre caminho para novas possibilidades e novas realizações.

Neste episódio, quero mostrar como a arte de queimar pontes pode ser poderosa para intensificar os resultados e a transformação que você deseja em sua vida.

Mas, como já foi sabiamente dito em um quadrinho de super-heróis:

Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

Foi através dessa arte que obtive meus maiores resultados, tanto financeiros quanto pessoais. Se você quer mais do que viver uma vida mediana, então será fundamental aprender a dominá-la e usá-la a seu favor.

Mas antes, preciso te dar um aviso importante: essa arte tem tanto o poder de intensificar positivamente sua vida quanto negativamente. Ou seja, é necessário muita responsabilidade ao aplicá-la.

Por isso, neste episódio, quero te dar meu framework, meu modelo mental, meu checklist, digamos assim, para tomar esse tipo de decisão.

Muitas vezes, o medo do desconhecido faz com que as pessoas fiquem presas em situações ruins, impedindo que tomem as medidas necessárias para mudar o que já não contribui positivamente em suas vidas.

Não é à toa que por trás da história de toda pessoa excepcional e fora da curva existe um ponto de inflexão, um ponto na história dela que determinou uma mudança radical.

E se você também quer se tornar um ponto fora da curva, este episódio é para você.

Quando olhamos para a história de pessoas excepcionais, muitas delas acabaram sendo praticamente forçadas pelo destino ou pelo acaso a deixar sua marca no mundo através de sua zona de genialidade.

Paulo Coelho, o escritor brasileiro mais bem pago do mundo, foi preso e torturado pela ditadura militar brasileira em 1973. Apesar de ter sido uma experiência traumática, a prisão e a tortura levaram Paulo a refletir profundamente sobre diversos aspectos da vida e a buscar um novo caminho. Essa experiência traumática serviu como catalisador para a transformação pessoal e profissional dele, levando-o a criar uma empatia e conexão emocional que são evidentes em suas obras, o que as torna universais e atemporais.

As adversidades enfrentadas por ele serviram como fonte de inspiração e sabedoria, permitindo-lhe criar as obras-primas literárias que conhecemos hoje.

Gisele Bündchen é outro exemplo disso. Em 1999, ela machucou o joelho durante um desfile e teve que parar de desfilar por alguns meses. Apesar de ter ficado triste com a lesão, ela usou o tempo livre para criar uma linha de sandálias ecológicas. As sandálias foram um sucesso e ajudaram a tornar Gisele ainda mais famosa e respeitada no mundo da moda. Depois disso, ela se tornou uma das modelos mais bem-sucedidas da história, conquistando milhões e sendo vista como um ícone da moda.

Mas nem sempre um trauma emocional ou físico é necessário para mudança. Muitas vezes, uma simples demissão de um emprego é suficiente para essa transformação.

Machado de Assis só se tornou o escritor que conhecemos hoje porque, em 1869, foi demitido do Ministério da Agricultura, onde trabalhava como escriturário. Ele ficou arrasado com a demissão, mas aproveitou a oportunidade para se dedicar à sua verdadeira paixão: a literatura. Essa mudança de rumo teve um impacto positivo não apenas em sua carreira, mas em sua vida como um todo. Machado se tornou um ícone da literatura brasileira, e suas obras continuam a inspirar e influenciar gerações de leitores até hoje. Você provavelmente leu na escola alguns livros dele, como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.

Oprah, a famosíssima apresentadora e dona de uma das maiores fortunas dos Estados Unidos, foi demitida de seu trabalho como repórter porque, segundo seu chefe, ela “não se encaixava na TV”. Essa experiência a fez seguir seu próprio caminho, levando-a a se tornar uma das mulheres mais influentes e bem-sucedidas na televisão e na mídia. Hoje, ela é simplesmente a maior apresentadora do país e dona de um canal de televisão.

Walt Disney foi demitido de um jornal por não ter boas ideias e imaginação. Bom, nem preciso dizer muito, né? O cara é simplesmente o criador da Disney. Eu já estive lá duas vezes e boas ideias e imaginação é tudo que não falta lá.

Soichiro Honda, o fundador da Honda, só começou seu próprio negócio fazendo scooters em sua própria casa porque foi rejeitado em uma entrevista de emprego como engenheiro na Toyota.

Thomas Edison foi demitido de seu trabalho como operador de telégrafo devido ao seu desempenho insatisfatório, e essa demissão acabou forçando-o a direcionar toda a sua atenção e energia para sua verdadeira paixão, que era a invenção. Sem a distração de seu trabalho anterior, ele pôde se dedicar completamente à busca de soluções inovadoras e ao desenvolvimento de novas tecnologias, tecnologias essas que usamos até hoje, como sistema de distribuição de energia, lâmpadas, sistema de câmera e projetor.

Esses são apenas alguns dos talentos incríveis que estavam escondidos atrás de um emprego qualquer. Essas pessoas não escolheram queimar a ponte; alguém queimou a ponte por elas.

Mas aqui está um ponto importante: você não precisa esperar para que o destino ou o acaso entrem em ação, nem tão pouco que seu chefe ou seu cliente o demita para que você possa fazer uso dos benefícios de um ponto de inflexão. Você pode ser o agente dessa transformação desde que possa fazê-la de forma consciente e responsável.

Tenho certeza de que a sua vida também teve alguns desses eventos que a transformaram completamente: uma pessoa que você conheceu ou uma pessoa que você perdeu, uma oportunidade de trabalho que surgiu ou ter sido demitido de um. A vida é imprevisível e, na maioria das vezes, não temos controle algum sobre o que acontece ao nosso redor.

Mas existem algumas pequenas coisas que estão sob nosso controle, e é aqui que entra a arte deliberada de queimar pontes.

Uma arte que tem suas origens na antiga China: cerca de 150 anos antes de Cristo, o general Han Xin recebeu ordens para atacar uma cidade, mas não recebeu soldados suficientes. Diante da possibilidade de derrota, ele ordenou que seus homens queimassem seus próprios barcos e pontes, deixando-os sem escolha a não ser lutar até a morte. Essa jogada ousada levou à sua vitória, porque mesmo em menor número, aqueles homens não tinham nenhuma outra opção a não ser lutar pelas suas vidas.

Mas isso não ficou só na antiga China.

Existe uma lenda de que, quando o conquistador espanhol Hernán Cortés desembarcou no México para conquistar os astecas no início do século XVI, ele ordenou que seus navios fossem incendiados para impedir que seus homens recuassem. Dizem que esse ato inspirou seus soldados em menor número a lutar ainda mais e conquistar os astecas.

Quando perder não é uma opção, só lhe resta ganhar.

E numa guerra, você vai morrer ou você vai vencer. Só existem essas duas opções.

Essa expressão de queimar a ponte tem suas origens na guerra: queimar a ponte não lhe deixa a possibilidade de recuar. Você é obrigado a tomar ação.

Eu não sei quais são seus valores, eu não sei pelo que você luta, mas eu sei como seu cérebro funciona, porque, em essência, ele funciona igual ao meu.

Seu cérebro possui um sistema límbico que é imediatista e só quer garantir a sua sobrevivência. Então, o tempo todo, ele vai sussurrar no seu ouvido, tentando convencê-lo a voltar e não tentar nada arriscado. Ele vai convencê-lo de que a zona de conforto tem esse nome por um motivo e é lá que você deve estar. Essa é a nossa natureza humana, sempre buscando o caminho mais fácil e menos arriscado.

O sistema límbico não está interessado no crescimento, na vitória ou em qualquer coisa relacionada ao amanhã. Durante a luta, você tem o sistema 1 e o sistema 2 em ação, um querendo lutar e o outro querendo fugir.

Mas aqui está o truque: quando se queima a ponte, o sistema límbico percebe que recuar não é uma opção, então ele se ativa e começa a lutar pela sobrevivência. No caso da sobrevivência, significa simplesmente vencer a guerra.

No entanto, há um problema: é difícil enganar o sistema límbico. Para que ele seja ativado e coloque toda sua energia na situação, ele precisa ver a ponte queimada de verdade. Isso significa que algo real está em risco.

Significa que, se você queimar a ponte e não der certo, você terá que ser forte o suficiente para lidar com as consequências da ponte queimada.

Esse é o preço, porque até quebrar os laços que mantêm você preso em sua zona de conforto, você não pode se mover para frente.

Quando você se coloca em uma situação onde sua única saída é vencer, acontecem basicamente 4 coisas:

– Clareza
– Foco
– Senso de Urgência
– Propósito

Eu tive a oportunidade de conversar com várias pessoas de muito sucesso e, quando digo sucesso, estou falando de grandes realizações profissionais, grandes empresários, grandes artistas, grandes profissionais, mas pessoas que obtiveram um grande sucesso pessoal também, seja superar uma doença ou outra grande adversidade em sua vida.

E sabe o que todas têm em comum?

Todas, em algum momento, tiveram que queimar uma ponte. Seja um relacionamento amoroso ou profissional que não funcionava mais, seja sair de uma carreira promissora e que já dominavam para se dedicar a outra do zero, ou seja, abandonar algo que tinham construído para buscar algo melhor.

Todas, em algum momento, tomaram uma decisão emocionalmente difícil que não tinha mais volta e comigo não foi diferente.

Ao longo da minha jornada para sair do negativo para a independência financeira, eu precisei queimar muitas pontes e nenhuma delas foi fácil.

Eu comecei minha carreira na área de filmagem e fotografia de eventos, mas não comecei de forma glamorosa. Eu comecei como cabo man, ou seja, o cara que ia atrás do iluminador que segurava uma luz para o cameraman filmar o casamento ou o aniversário.

Meu trabalho era basicamente ficar segurando o cabo e enrolando e desenrolando-o à medida que eles iam caminhando. Pode parecer um trabalho fácil, mas você não acreditaria no número de pessoas que eu já derrubei nesses eventos por não calcular o tamanho do cabo e acabar esticando-o mais do que podia. Já derrubei crianças, já derrubei a avó da debutante de 15 anos, já derrubei a mãe do noivo e, acredite se quiser, até fiz a noiva tropeçar na saída do casamento. Mas eu melhorei, melhorei tanto que minha promoção foi me tornar iluminador, agora eu segurava o cabo e a iluminação pelos mesmos R$ 20 por noite.

Mas os meses passaram e teve um dia que um cameraman não pode ir. Eles me deram a câmera para ser o segundo cinegrafista, e como eu já tinha trabalhado em uns 50 eventos, eu já tinha entendido como o cinegrafista fazia os takes. Eles gostaram do meu trabalho e agora eu ganhava R$ 200 por noite e não mais R$ 20.

E isso pode até parecer pouco, mas eu tinha 16 anos e isso era muito dinheiro para mim.

Só que nessa época eu estava me dedicando à música e sabia que não queria essa profissão de cinegrafista de eventos. Os eventos eram quase sempre à noite e nos finais de semana, o que me impedia de tocar na igreja nessa época.

Para poder me dedicar à música, eu precisei sair desse trabalho. Falando assim, pode parecer que foi uma decisão simples, mas desde meus 12 anos eu queria trabalhar. Eu tinha tentado emprego por 3 anos seguidos e recebido muitos “nãos” até conseguir esse. E agora, eu estava finalmente ganhando dinheiro, mas não me via fazendo isso pelo resto da minha vida.

Meus dois chefes eram irmãos e estavam apenas seguindo o trabalho que o pai deles fazia. Também não era a decisão deles, era apenas a decisão mais fácil.

Apesar de, nessa época, o dinheiro que eu ganhava fazer muita diferença para mim, porque eu era bem pobre, eu queria correr atrás do meu sonho, que era a música.

Eu então saí desse trabalho e, por quase 4 anos, me dediquei inteiramente à música. Esse foco fez com que eu começasse a tocar cada vez melhor e em lugares maiores. Cheguei a tocar para 5.000 pessoas e estava me tornando um dos principais músicos da igreja que eu participava, tocando em diversas cidades diferentes e ganhando prestígio.

Eu não tinha salário nessa época, ganhava apenas a passagem. Então, conseguia um pouco de dinheiro dando aulas de música. Sinceramente, dinheiro não fazia diferença para mim. Eu estava me dedicando a uma arte e a um propósito de servir na igreja. Só que isso começou a mudar quando eu comecei a namorar.

Não ter dinheiro para poder comprar um lanche, nem mesmo uma garrafa de água para minha namorada, me fez repensar minha carreira como músico de banda de igreja.

Lembro até hoje do dia em que queimei essa ponte.

Eu já estava há dois dias tocando em um festival na igreja da minha namorada. Era domingo e nesses dias eu não tinha comido muita coisa, não porque estava em jejum proposital, mas sim porque estava quebrado, sem grana mesmo. Meus amigos até me ofereciam dinheiro ou um lanche, mas eu dizia que estava em um jejum espiritual. Era humilhante demais ter que pedir ou aceitar comida.

Era um domingo e, quando percebi a hora, eu tinha que sair correndo para a parada para pegar um ônibus para tocar em outra igreja. Eu saí correndo para a parada, mas estava com muita sede. Então, peguei uma garrafa de água usada que estava vazia no chão, fui ao banheiro masculino, lavei a garrafa e enchi-a com água da torneira e corri para a parada.

Quando cheguei lá, o ônibus estava passando. Saí correndo e só quem já correu atrás de um ônibus sabe o quanto isso é humilhante. Mas, pior do que correr atrás do ônibus, é correr atrás dele e ainda não pegá-lo.

Lembrando que era domingo, aquele ônibus passava apenas de hora em hora. Então, fiquei lá sentado na parada aguardando o próximo vir.

Enquanto esperava o ônibus, comecei a refletir sobre minha vida. Como eu poderia construir uma família? Como eu poderia prover algo para minha futura esposa se eu não tinha condição nem de comprar uma garrafa de água? Comecei a questionar minhas escolhas, se eu era tão necessário assim, se não estava na hora de dedicar um pouco de tempo para servir a mim mesmo e começar a ganhar dinheiro.

Passou mais de uma hora até o ônibus chegar e, quando ele chegou, estava lotado, mas não lotado a ponto de não ter lugar para sentar, mas sim lotado a ponto de mal conseguir entrar. Mas, eu não tinha outra opção, vai saber se o próximo não viria lotado. Fui durante uma hora e meia, no calor abafado do verão no Rio Grande do Sul, de Novo Hamburgo até Canoas e, quando cheguei lá, atrasado, tinha alguém tocando no meu lugar.

Foi ali que caiu a ficha: eu posso ser substituído como músico, mas não posso ser substituído como provedor da minha própria independência financeira. Coloquei na cabeça que estava na hora de me dedicar a fazer algo que me traria recursos financeiros e me possibilitasse nunca mais ter que escolher entre comprar uma garrafa de água ou ter dinheiro para a passagem do ônibus.

Eu poderia conseguir um emprego e conciliá-lo com a música, tocando apenas nos finais de semana, talvez em apenas uma igreja como alguns amigos meus faziam. Mas eu sabia que, se fosse para construir riqueza, precisaria me dedicar 100% a isso, precisaria de foco total.

Então decidi sair de todas as bandas. Nessa época, tocava em três bandas diferentes, bandas que sempre admirei e levei anos para conseguir entrar.

Mas sabia que isso era necessário. Foi um choque para meus amigos, mas se não tivesse tomado essa decisão de buscar minha independência financeira, nunca a teria alcançado.

Durante toda a minha trajetória, tive diversos momentos como esse, momentos em que tive que abrir mão de algo que tinha construído com muito empenho, mas que não me cabia mais, que não fazia mais sentido para mim.

E não se engane: cada ponte que queimei deixou marcas. Todas foram difíceis, todas tiveram alguma consequência emocional negativa, como me distanciar de amigos. Mas todas as vezes queimei essas pontes, permitiram-me evoluir. Quando você queima a única ponte que te permite voltar, não tem escolha a não ser seguir em frente.

Não poder voltar atrás coloca você em um estado de alerta máximo. Sua clareza e foco são expandidos pelo seu senso de urgência, que é a sobrevivência, e isso dá muito propósito, porque agora você não tem outra opção a não ser vencer.

Quando não tem opção, a escolha é simples.

E tudo isso começa com uma decisão, uma decisão de não aceitar continuar com os mesmos resultados. Mas não confunda com um desejo, estou falando de uma decisão.

Muitas pessoas confundem desejo com decisão.

Desejo é algo que você gostaria que acontecesse.

Decisão é um ato, uma ação, e não é qualquer ação.

A etimologia da palavra decisão é de origem latina, formada por duas palavras: uma é o prefixo de (parar, interromper) e a outra é caedere (cindir, cortar). Ou seja, interromper para então cortar. Decisão significa cortar algo, em outras palavras, significa dizer não.

E eu poderia aqui falar de muitas decisões importantes e muitas pontes que queimei, porque não foi só da carreira de cinegrafista e músico que abri mão. No meu processo para alcançar independência financeira e ter uma vida com mais propósito e impacto, tive que abrir mão de muitas profissões ou projetos, como ser técnico em eletrônica, professor de design e programação, programador em startups, dono de um dos melhores times de League of Legends, uma agência de desenvolvimento de sites, uma coprodução bem-sucedida, minha empresa de consultoria de funis, um infoproduto de 7 dígitos no perpétuo e até mesmo minha posição como cofundador e CEO de uma das maiores empresas de marketing direto do Brasil.

Para estar aqui hoje falando com vocês, precisei abrir mão de tudo isso e muito mais.

E quando olho para cada uma dessas decisões, consigo enxergar a importância de tê-las tomado, até porque infelizmente nós funcionamos assim, buscando o conforto, buscando uma forma de economizar energia, e só foi me colocando em situações extremamente desconfortáveis onde não tinha saída a não ser crescer que foi quando cresci.

Em 2016, ganhei um prêmio da Hotmart, uma viagem com tudo pago para conhecer a sede deles, por ter conseguido em tempo recorde fazer um ebook alcançar 150 graus. Muitas pessoas não sabem como consegui aprender Facebook Ads em menos de uma semana e sem curso nenhum, mas menos ainda sabem o motivo por trás disso. Minha esposa estava internada no hospital entre a vida e a morte, e não tinha dinheiro para pagar a cirurgia dela. Não tinha outra escolha a não ser estudar e subir campanha durante as madrugadas frias dentro do hospital.

E eu só estou contando essa história de forma extremamente resumida para que você entenda o poder disso, o poder de conscientemente e com responsabilidade queimar a ponte, se colocar em uma situação onde você não tem outra saída.

Nessa minha trajetória de uma vida extremamente limitada financeiramente para independência financeira, eu tinha um pensamento: eu não vou de forma alguma voltar a ter que escolher entre uma passagem ou uma garrafa de água, ter que passar vergonha por chegar no caixa e não ter dinheiro para poder pagar as compras do dia, ter que escolher entre deixar a carne ou o arroz, olhar para a prateleira e não poder pegar um suco.

Eu disse para mim mesmo que sangraria até morrer, mas conseguiria ter uma vida com liberdade financeira. Foi essa sede, essa canalização do meu descontentamento com meu estado presente que me fez ter coragem para tomar decisões que muitas pessoas não tomariam.

Essas decisões me obrigaram a me reinventar, conhecer novas pessoas e compreender a vida de diferentes perspectivas. Em cada profissão que eu desenvolvia habilidades, eu conseguia entender a vida de uma forma um pouco melhor.

Cada profissão, cada caminho me trouxe muitos presentes.

A música, por exemplo, me permitiu perder o medo do palco, o que foi fundamental para eu começar a palestrar quando tinha uma agência e conseguir mais clientes.

Ela também foi responsável por me conectar com mais pessoas e inclusive acabar conhecendo minha esposa. Além disso, foi a música que abriu portas para minhas primeiras oportunidades de trabalho. E até hoje é um hobby que gosto muito. Compreender as escalas e a matemática por trás da música me ajudaram na programação, que me ajudou na resolução de problemas complexos, que me ajudou a lidar com pessoas e projetos, que me possibilitou criar empresas de muito sucesso.

Percebe como está tudo conectado?

Mas Alan, por que você precisou queimar essas pontes? Por que você não fez essas coisas ao mesmo tempo?

Quem disse que eu não tentei?

Eu tentei por muito tempo fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e sabe qual foi o resultado?

Mediocridade.

Enquanto tentei focar em mais de uma coisa ao mesmo tempo, nunca obtive os resultados que eu imaginava conquistar. Agora, quando eu focava 100% em algo, os resultados normalmente excediam e muito minhas expectativas.

E isso não é só comigo, eu garanto que com você também. Talvez você só não tenha entendido isso ainda. Nosso poder de atenção é extremamente limitado e em qualquer profissão, projeto ou atividade que você deseja dominar, haverá uma série de sub-habilidades, de atividades complementares que você terá que dominar.

Por exemplo, agora eu estou dominando a habilidade de expressar minhas ideias e meus conhecimentos através da escrita e das redes sociais.

Para isso, eu preciso desenvolver as habilidades de:

– Escrita
– Oratória
– Storytelling
– Produção Audiovisual
– Social Media
– Planejamento de conteúdo

Existem 6 habilidades dentro dessa categoria, e cada uma delas ainda tem mais subdivisões.

Em Oratória, por exemplo, eu preciso aprender a modular minha voz para deixar o conteúdo mais dinâmico e interessante. É fundamental que eu consiga aprender a modular minha voz cada vez mais para poder usá-la adequadamente em cada momento. Preciso melhorar minha dicção, para isso, devo fazer exercícios conscientes todos os dias. Além disso, é necessário desenvolver minhas habilidades de comunicação não verbal, como movimentação das mãos e expressões faciais. Para alguém que sempre foi introvertido como eu, isso é um grande desafio, e tudo isso só em oratória.

Percebe-se que há muitas coisas a serem consideradas, por isso, o foco é essencial.

E como é muito mais fácil dizer não para todo o resto do que dizer sim para apenas uma coisa, é muito difícil resistir às tentações. Afinal, cada vez que você cresce mais, as tentações ficam ainda melhores. Cada vez que você tem mais exposição, mais resultados terá e mais pessoas com oportunidades incríveis aparecerão. Se você ficar pulando de galho em galho, nunca obterá resultados extraordinários e estará sempre na mediocridade.

Por isso, esse foco é tão importante, e às vezes só é possível quando você queima uma ponte. Talvez você esteja pensando agora: “Mas Alan, eu preciso queimar a ponte para ter sucesso?”

Não existem regras fixas, até porque cada pessoa tem uma visão diferente sobre sucesso. Mas se você se refere a resultados expressivos, minha resposta é sim, eventualmente você terá que queimar uma ou mais pontes para isso.

Para ficar mais claro, deixe-me dar alguns exemplos que percebi em minha trajetória, um framework, digamos assim, que uso para tomar essa decisão. Vamos começar pelos relacionamentos.

Se você percebe que alguma pessoa não faz mais sentido em sua vida, que você não consegue se ver com ela daqui a 5 ou 10 anos, seja esse relacionamento de amizade, sociedade, serviço ou amoroso, é um ponto para ficar atento.

Nas contratações, existe uma regra que me ajudou muito a avaliar as pessoas que eu contratava e que eu levo para outros relacionamentos.

Se eu tivesse que contratar essa pessoa novamente, eu a contrataria?

Quando a resposta era não, eu sabia que tinha que demiti-la.

O mesmo se aplica a outros relacionamentos, pois todo relacionamento é uma troca: uma troca de confiança, uma troca de carinho, uma troca de companheirismo. É normal que essa troca seja desequilibrada, muitas vezes por um período de tempo em que um dos lados talvez dê mais carinho e o outro lado dê mais segurança, ou um lado esteja passando por um momento difícil e não consiga ter essa reciprocidade. No entanto, existem relacionamentos em que há muito tempo só um lado entrega. Será que esse é um relacionamento saudável para se manter?

Eu acredito que todo relacionamento, para ser saudável, precisa de uma troca energética positiva. Isso vai muito além de ter interesses alinhados ou de algum tipo de recompensa, seja financeira, sexual ou intelectual. Relacionamentos saudáveis são aqueles que nos permitem crescer, onde existe apoio e acolhimento.

Agora, se você está em um relacionamento em que a maior parte do tempo ele te carrega com emoções negativas, você se sente julgado, humilhado, usado, isso já é um relacionamento tóxico e, para mim, é uma ponte que precisa ser claramente queimada.

Eu notava que, em alguns lugares que frequentava, eu só bebia álcool para me sentir parte daquele grupo. Usei a bebida como uma forma de identificar as pessoas que não queria mais na minha vida, pois percebi que algumas amizades só faziam sentido quando eu estava bebendo. Mas como disse Naval em seu livro, se você precisa beber para estar com alguém, provavelmente está com a pessoa errada. As melhores amizades são aquelas em que vocês podem ficar em silêncio juntos, sem se sentir desconfortáveis, não precisando estar bebendo para fazer sentido estarem juntos.

Lembre-se de que você é a média das cinco pessoas com quem passa mais tempo. Queimar pontes é muitas vezes necessário, não só em relacionamentos, mas também na profissão e nos negócios. Em alguns casos, é claro que se vê mais futuro em outra coisa. Se você quer fazer algo grande, precisa estar disposto a abandonar algo que está funcionando para perseguir algo que pode ser ainda melhor.

Eu vendi e saí de uma empresa que eu mesmo fundei e que se tornou uma das maiores do Brasil. Apesar dela ser muito bem-sucedida e me dar muito dinheiro, eu deixei de ver propósito nela. Eu atingi o topo financeiro que é minha liberdade financeira e ganhei todos os prêmios de marketing direto do mercado que faziam sentido para nosso nicho. Ou seja, zeramos o jogo, e depois disso fui ficando cada vez mais desanimado, principalmente porque não conseguia gerar o impacto positivo que desejava na vida das pessoas através dessa empresa. Foi difícil queimar essa ponte, mas sabia que seria necessário para me dedicar às novas habilidades que precisava desenvolver.

Mas aqui está a pergunta chave para responder à pergunta se você deve ou não queimar essa ponte que talvez esteja pensando agora.

No meu leito de morte, vou me arrepender de não ter tentado algo diferente?

Uma coisa que me impactou muito foi quando li um livro de uma enfermeira australiana chamado: Os 5 Arrependimentos de Antes de Morrer.

Neste livro, ela descreve sobre as coisas que mais ouviu dos seus pacientes paliativos nos últimos momentos de vida de cada um.

E sabe o que ela mais ouviu de diferentes formas?

Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim.

Muitas pessoas lamentam não ter seguido seus próprios sonhos e paixões, deixando de lado suas próprias aspirações para cumprir as expectativas de outras pessoas.

O maior arrependimento delas não foi algo que fizeram, mas sim algo que deixaram de fazer para não desapontar a expectativa das outras pessoas.

Para encerrarmos esse episódio, deixe-me terminá-lo com uma reflexão.

Qual ponte você sabe que precisa queimar, mas não queima para não desapontar outra pessoa?

Qual sonho você tem adiado para corresponder às expectativas dos outros sobre você mesmo?

A vida passa num piscar de olhos, e antes que a gente perceba, todos nós não estaremos mais aqui. Então, por que não abraçar esse breve sopro de existência e vivê-lo em nossos próprios termos, deixando um impacto positivo ao longo do caminho? E não digo um impacto qualquer, mas o impacto que só você pode deixar?

Este episódio vai ficando por aqui.

Obrigado por permanecer comigo até o final e te vejo no próximo episódio.

Escrito por,

Alan Nicolas

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