#022 – Elimine o Rúido

Ruído, é isso o que basicamente sua mente está sendo exposta todos os dias, ouso a dizer que é praticamente a todo momento.

Na era digital da informação, nossa mente está sendo inundada por um ruído incessante. Um ruído que não é audível, mas mensurável em cada byte e bit de informação.

Estamos navegando em um oceano tempestuoso de informações, onde cada onda é uma nova notícia, cada gota é uma atualização nas redes sociais, um tweet, um e-mail, uma mensagem no WhatsApp, um vídeo interessante no YouTube ou no TikTok. Essa tempestade não conhece o amanhecer, não conhece o anoitecer. Ela é implacável, incessante, interminável.

E essa tempestade está nos adoecendo.

O excesso de informações, essa carga mental esmagadora, é uma praga silenciosa que se infiltrou em nossas mentes, causando estragos em nossa saúde mental.

Esse excesso nos faz sentir como se estivéssemos sempre atrasados, como se sempre estivéssemos perdendo algo importante, ficando para trás, o que acaba nos deixando ansiosos e paralisados. Nos tornamos prisioneiros em um labirinto de informações, incapazes de encontrar a saída, incapazes de tomar decisões.

Mas esses são apenas os sintomas visíveis de uma doença muito mais profunda, uma doença que está se infiltrando na nossa sociedade, corroendo a base do nosso bem-estar. Estudos estão mostrando que a sobrecarga de informações está relacionada com níveis mais altos de estresse, depressão e até mesmo com doenças físicas como a hipertensão e problemas cardíacos.

E a única cura para essa doença, a única maneira de sobreviver nesse novo mundo, é aprender a eliminar o ruído.

Neste episódio, quero te mostrar como você pode transformar essa tempestade de informações em um vento favorável que impulsiona suas velas. Te fazendo avançar na direção que deseja, ao invés de afundar nesse mar agitado que vivemos hoje.

Ou seja, como você pode usar o poder da era da informação a seu favor, e não contra você. Como pode se tornar o mestre das ondas, e não o náufrago.

Porque, no final das contas, a era da informação é uma espada de dois gumes. Ela pode ser nossa maior aliada ou nossa maior inimiga. A escolha é nossa. E sua hora de escolher é agora.

Era digital vs nosso cérebro biológico

O mundo está mudando a uma velocidade que mal conseguimos acompanhar. Isso é uma verdade que não podemos negar.

Estamos tentando nos adaptar a um mundo digital que está crescendo de maneira incrivelmente rápida e exponencial graças às novas tecnologias…

Mas estamos fazendo isso com um cérebro e uma mente que funcionam de maneira mais lenta e linear, que lutam para entender a complexidade do mundo em que vivemos hoje.

Pensa comigo, há milhares de anos, estávamos em florestas, desertos e montanhas, preocupados com tribos vizinhas e com o que comeríamos naquele dia.

A vida era muito mais dura, mas também era mais simples.

Hoje, vivemos em um mundo cheio de conveniências, mas é um mundo extremamente complexo e nosso cérebro ainda não teve tempo de se ajustar a ele.

Estamos tentando administrar nossas vidas modernas complexas, tentando absorver e dar sentido a mais informações do que nunca, mas utilizando nossos cérebros que não mudaram biologicamente muito nos últimos 200.000 anos.

Overdose de Informações

Hoje, é biológicamente impossível lidar com toda informação que somos expostos diariamente e consumir todo o conteúdo que gostaríamos. Agora, mais do que nunca, escolher com cuidado o que consumimos, eu diria até com uma abordagem essencialista, se tornou um ato de autocuidado e autopreservação.

Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia em San Diego, que estimou que uma pessoa média nos Estados Unidos consome cerca de 34 gigabytes de conteúdo em um único dia, mas mais chocante que isso é o fato que o cérebro humano pode lidar com apenas cerca de 1 gigabyte de informação por dia.

Ou seja, estamos lidando com pelo menos 30x mais informação do que somos capazes de lidar.

Imagina se você comesse 30x o que você costuma comer em um único dia.

Não é atoa que muitos especialistas chamam do que estamos passando por sindrome de obesidade mental. Estamos sobrecarregando nosso cérebro com muito mais informação que é humanamente possível consumir.

Você tem ideia de quantos vídeos são postados no YouTube a cada minuto?

150.000 vídeos.

Levando em conta que o tempo médio de um vídeo é de 4,4 minutos, isso significa que a cada minuto o YouTube recebe 330 mil horas de conteúdo.

Se você tentasse assistir a tudo isso, 24 horas por dia, levaria 37 anos, 7 meses e 10 dias.

Mas você é humano, precisa dormir, comer, e até fazer sexo de vez em quando.

Então, vamos supor que você seja contratado para trabalhar 8 horas por dia assistindo ao equivalente a 1 minuto de uploads no YouTube. Sabe quanto tempo levaria para fazer isso, mesmo trabalhando todos os dias, sem férias, fins de semana ou feriados?

112 anos, 11 meses e 20 dias.

Isso mesmo, todo esse tempo para consumir apenas 1 minuto de uploads no YouTube.

E ainda nem mencionamos Instagram, Twitter, livros, notícias, blogs, mensagens de texto.

A humanidade produz hoje cerca 3,5 milhões de terabytes por dia de dados por dia. Se você não sabe o que é um terabyte, saiba que em média hoje os computadores aqui no Brasil tem um HD de 100gb o que é 10x menos do que 1 terabyte, se usassemos esses computadores para armazenar os dados que a humanidade produz em um unico dia iamos precisar de 35 milhões deles, o equivalente a 2438 estágios de futebol cheios de HD. É um valor tão absurdo que é muito difícil de imaginar.

Para você ter ideia hoje existem cerca de 300 campos de futebol certificados pela FIFA. Seriam necessários aproximadamente oito vezes o número atual de desses campos para comportar a quantidade de HDs necessários.

É coisa pra caramba e uma pequena parte disso é consumida por nós diariamente.

Alguns estudos mostram que hoje consumimos o equivalente a 175 jornais por dia. Você consegue imaginar isso?

É como acordar todos os dias com uma pilha de jornais do chão ao teto para ler. É isso que você está expondo seu cérebro todos os dias.

E para piorar a situação uma pesquisa feita este ano aqui no Brasil revelou que somos o país que passa mais tempo na internet no mundo.

De todos os 7 dias da semana, passamos 4 deles completamente conectados à internet.

Em média, começamos às 8h da manhã e só paramos de acessar a internet às 22h.

Passamos 197 dias inteiros do ano conectados à internet.

Informação x Atenção

E o custo disso é alto.

Estamos no meio de uma inundação de informações, mas estamos morrendo de sede por atenção.

E a atenção se tornou o bem mais precioso que temos.

Ainda mais raro que o tempo. Porque, veja bem, todo mundo tem 24 horas no dia, certo? Mas ninguém consegue manter a atenção focada durante todas essas horas.

Na correria do dia a dia, talvez você consiga dedicar, sei lá, alguns minutos, talvez algumas horas, se tiver sorte.

Porque, vamo falar a real, todo mundo quer um pedaço da sua atenção. As plataformas digitais, então, nem se fale. Elas foram projetadas pra te viciar em doses cavalares de dopamina barata, te prendendo num ciclo sem fim de rolar a tela pra baixo.

E isso tem nos feito perder a capacidade de focar, de direcionar nossa atenção. Pesquisas mostram que o tempo médio de atenção despencou de 12 segundos em 2001 para míseros 4,25 segundos em 2020. Isso é menos que um peixe dourado ou um beija-flor conseguem focar, tem noção disso?

Nossa capacidade média de atenção despencou para números que são comparados a atenção literalmente de insetos.

Então, pra lidar com esse caos do mundo moderno, você precisa de duas coisas. A primeira é entender que sua mente, por mais incrível que seja, não foi feita pra lidar com essa avalanche de informações. Seu cérebro não é diferente do cérebro de um cidadão de 200 anos atrás.

Mas aí que tá: muita coisa mudou de lá pra cá.

Por isso, a segunda coisa que você precisa para navegar nesse oceano turbulento do mundo moderno é a habilidade de eliminar o barulho, a bagunça, e conseguir direcionar sua atenção só pro que realmente importa.

Eu estou falando de eliminar o ruído.

Duas formas de simplificar

Todos nós passamos bastante tempo na internet, seja lendo artigos ou assistimos stories ou vários vídeos no YouTube, sem contar com as dezenas ou centenas de mensagens no inbox ou no WhatsApp todos os dias. E todo esse processo se repete no dia seguinte.

Podemos até tirar uma folga do serviço, mas já percebeu que não tiramos uma folga da internet e das redes sociais?

E no meio de tudo isso, ainda temos aquele medo (o tal FOMO) de perder alguma informação crucial.

Quanto mais informação temos, mais ineficazes parecemos ser. Todos nós sofremos de algum tipo de paralisia de análise. Antigamente, os gregos, os romanos, os chineses, o antigo Egito, eles tinham menos informações, mas pareciam ter uma ideia melhor de como o mundo funciona.

Sim, nem tudo que eles acreditavam era verdade. E claro, nós avançamos muito desde então. A evolução é evidente, sobretudo quando olhamos para o campo da Inteligência Artificial.

Mas então por que nos sentimos confusos?

Temos uma quantidade imensa de informação sobre o mundo, mas mesmo assim, tudo parece cada vez mais difícil de entender.

Como fazer para separar o útil do inútil?
Como fazer para separar o sinal do ruído?

Bom, existem duas formas de simplificar essa imensa confusão.

A primeira é a informação.
Especificamente, que tipo de informação?

E uma vez que sabemos disso, quero olhar também para o consumo, como consumimos. E eu espero que até o final desse episódio com esses dois fique muito mais claro como podemos gerenciar a sobrecarga de informações.

Tipo de Conhecimento

Primeiro, o tipo de conhecimento, e vamos olhar através das lentes do tempo Especificamente, quero te mostrar o conhecimento oportuno e o conhecimento atemporal.

O conhecimento oportuno é o que está rolando no momento. O que é notícia, o que está acontecendo no mercado financeiro, ou a fofoca do Felipe Neto com a Blaze ou um escandalo do atual presidente do Brasil.

Agora, vamos falar do conhecimento atemporal. Esse é aquele conhecimento que não tá amarrado ao tempo. Ele se provou útil ao longo do tempo, em diferentes situações, em vários contextos. Inclusive é o tipo de conhecimento que eu tento passar aqui, por isso meus episódios não envelhecem, porque eu procuro transmitir um conhecimento atemporal.

Claro, às vezes elas conceitos e ideias se atualizam. De vez em quando, a gente descobre novos aspectos desses conceitos, entende melhor por que eles funcionam. Mas, na maioria das vezes, eles se mantêm.

Talvez isso não seja tão emocionante quanto acompanhar os números flutuantes e gráficos, ou ficar de olho nas últimas manchetes. E, na maioria das vezes, a gente demora um pouco pra digerir essas informações. Mas quando conseguimos, a confusão se acalma e a clareza surge.

Agora, não quero dizer que o conhecimento oportuno é melhor ou pior que o conhecimento atemporal, ou vice-versa. O importante é saber que tipo de informação a gente precisa para as decisões que vamos tomar.

Digamos que você é um investidor que curte fazer operações de curto prazo (o chamado swing trader). Pra você, o conhecimento oportuno é muito importante. Você precisa saber o que tá rolando minuto a minuto, segundo a segundo, pra fazer suas jogadas.

Mas o conhecimento atemporal também é fundamental, não é? Você precisa entender de análise técnica. Precisa conhecer as tendências, as linhas de suporte e resistência, pra tomar suas decisões.

Agora se você é um investidor de longo prazo (o chamado holder).

Claro que você vai precisar do conhecimento atemporal, como o princípio dos juros compostos, pra investir a longo prazo. Mas também vai precisar do conhecimento oportuno, pra entender pra onde a sociedade está indo, pra onde a economia está se movendo, onde você vai achar aqueles ativos que estão sendo subvalorizados. Então, os dois tipos de conhecimento são importantes. A gente só precisa saber de qual precisamos e pra que decisões vamos usá-los.

Forma de Consumo Reativo vs Proativo

Bom, agora que já entendemos o tipo de informação que estamos consumindo, é hora de pensar em como a gente realmente absorve essa informação. E, de novo, a gente pode dividir isso em duas partes: reativo e proativo. Vamos começar falando do reativo, que o próprio nome já explica.

Essa é a forma que a gente responde a gatilhos de informação. No modo reativo, a gente é acionado por algum estímulo e entra no modo piloto automático. Isso combina bem com o conhecimento oportuno, né? A gente abre o jornal, o Instagram, o YouTube e toda essa informação vem como uma enxurrada de dopamina, nos deixando em um estado reativo. Ficamos ali, rolando sem parar.

Nossas emoções reagem a cada coisinha nova que aparece. Me surpreendo, me divirto, fico bravo, feliz, triste, ou qualquer outra coisa que a máquina de atenção sabe que vai me fisgar. Mas, por outro lado, temos o controle cognitivo proativo, onde a gente processa as informações de forma intencional.

Esse jeito é mais pensado, mais voltado pra alcançar metas, com bem menos de piloto automático e bem mais estratégia de cabeça pra planejar, monitorar e mudar conforme a necessidade. Nós temos mais controle sobre como processamos as informações.

Por exemplo, vamos dizer que você quer aprender mais sobre esse tal de segundo cérebro que eu tenho comentado nas minhas redes sociais.

Você vai fazer isso de forma proativa.

Quais livros vou ler? Quais canais e vídeos do YouTube vou assistir?

Como eu vou absorver, aprender e colocar isso em prática na minha vida? Como vou saber se tô realmente entendendo? Como vou saber se tô aplicando? Como vou saber se tô no caminho certo ou não?

Você vai planejar tudo isso ativamente, ao invés de simplesmente sair clicando no vídeo com a miniatura mais chamativa.

Eu curto chamar isso de Modo Caçador.

Ou seja, ao invés de consumir qualquer coisa de forma descontrolada, você vai caçar as informações que fazem sentido pra você.

Esse é um conceito que eu ouvi de várias pessoas que admiro, como Lex Friedman e Naval Ravakanti. Esses caras, que eu acho geniais, navegam na internet não de forma reativa, mas de forma proativa. Como caçadores no mundo digital, eles buscam apenas a informação que faz sentido pra eles no momento. E isso é algo que eu também venho fazendo há alguns anos.

Eu raramente fico navegando na internet por navegar. Eu abro meu navegador já com a intenção de usar ele pra algum fim específico. E não tô dizendo que você não pode abrir o TikTok ou o Instagram pra ficar rolando pra baixo, eu faço isso às vezes, mas na maioria das vezes me arrependo, porque vamos combinar, o que você ganha de assistir vídeos de 30 segundos?

Tenta lembrar da última vez que você ficou rolando no TikTok ou no Instagram por vários minutos, o que você lembra disso?

Sabe por que é tão difícil de lembrar?

Nossa memória de curto prazo dura, segundo psicólogos cognitivos, entre 15 e 30 segundos, enquanto a duração média de um vídeo do TikTok no final de 2021 era de 24 a 31 segundos.

Ou seja, esse tipo de vídeo curto do TikTok pode não dar tempo suficiente pra que as informações sejam transferidas da memória de curto prazo pra memória de longo prazo, e por isso é tão difícil lembrar daquilo que a gente assiste. Além disso, esses algoritmos misturam vários conteúdos diferentes pra prender nossa atenção, e a gente não consegue criar uma conexão entre um conteúdo e outro.

Isso acaba fazendo com que nossa capacidade de assistir, ler ou escutar conteúdos mais longos, como esse que você tá escutando agora, se torne mais difícil.

Eu conheço muita gente que já me confessou que no passado costumava assistir vídeos de 10 a 30 minutos e vídeos longos de 2 horas sem problema. Mas hoje não conseguem assistir um vídeo sem colocar em 2x a velocidade e não conseguem mais assistir vídeos longos, só curtos.

Isso é só um dos vários danos colaterais que estamos sofrendo com esse tipo de conteúdo rápido.

Entrar nesses aplicativos e ficar rolando pra baixo sem controle é exatamente o que eu chamo de Modo Reativo.

Nesse estado, a gente se torna refém do que aparece na tela, sejam notícias, fotos de gatos fofos ou memes engraçados. E tudo bem, é normal e até gostoso de vez em quando se perder nessa maré de informação. O problema é quando isso vira a nossa forma principal de interação com o mundo digital.

Já parou pra pensar no quanto de tempo você passa sendo reativo, ao invés de proativo? No quanto de tempo você passa consumindo coisas que você nem se lembra depois, ao invés de buscar e absorver informações que realmente te importam e que vão te ajudar a crescer?

O nosso cérebro é incrível, mas ele não foi feito pra lidar com a quantidade de informação que a gente tem hoje. Ele não sabe diferenciar entre uma notícia importante e um meme engraçado, ele só sabe que tá recebendo um monte de estímulos e reage a isso liberando dopamina. Mas isso não significa que essas informações são realmente úteis pra gente.

Então, o desafio é se tornar um Caçador, não um Reativo. É escolher o que a gente consome, não só deixar a onda nos levar. É buscar as informações que fazem sentido pra gente, que vão nos ajudar a alcançar nossos objetivos, que vão nos fazer bem.

Modo Proativo

Nesse modo proativo, ou modo caçador, a gente toma o controle pra si. Então, assim como a gente quer distinguir informações oportuna e atemporal, a gente quer identificar o que é reativo e o que é proativo.

Precisamos entender em que estado estamos e se é nesse estado que queremos estar quando uma informação nos atinge.

O desafio, óbvio, é que informação vem de todos os lados e a todo tempo, e muitas vezes não é uma escolha nossa. Daí a facilidade com que passamos horas respondendo a mensagens no WhatsApp, notificações em redes sociais ou e-mails.

Em alguns dias, a sensação é de que trabalhamos muito, mas no fim do dia percebemos que não progredimos em nada do que realmente queríamos fazer. Só estivemos ali, respondendo aos chamados e necessidades alheias.

Então, o primeiro passo é pensar sobre como a gente processa e consome informações.

O próximo passo é ter clareza: em que estado eu estou? Eu realmente quero estar nesse estado pra lidar com esse tipo de informação? Por exemplo, se você lê as notícias, pode ser reativo e só dar uma olhada rápida nas manchetes, reagir a elas. Ou, se você é alguém como Warren Buffett, o que faz é olhar para os jornais com propósito, analisando-os pelo seu próprio ponto de vista, porque quer que a informação alimente suas decisões de investimento. Você está escolhendo, de forma proativa, encontrar indícios.

A segunda coisa a considerar é que planejar uma estratégia é tão atraente quanto rolar sem fim pelas mídias sociais.

Me responda agora:

Quantos planos você já criou que não tirou do papel?
Quantos ideias incríveis você já teve que não colocou em prática?

Na verdade, quando acionamos nosso córtex pré-frontal, que é usado na tomada de decisões e no planejamento estratégico, incentivamos uma liberação maior de dopamina. E por isso, às vezes, é mais prazeroso planejar do que fazer e acabamos enrolando pra começar.

Porque quando passamos muito tempo planejando e pouco tempo executando, começamos a criar um monstro imaginário, ampliamos o desafio para algo muito maior do que ele realmente é.

Mas, na realidade, assim que começamos, rapidamente entramos em um estado de flow e percebemos que não é tão difícil assim. Então um “hack” que eu costumo usar é realmente não planejar demais e olha que isso é difícil para mim, eu sempre gostei de ficar no meu mundo das ideias, mas percebi que quase nada acontece se ficar só lá.

Agora, apenas entendendo o tipo de informação que você está consumindo e sabendo como você está consumindo, você pode aliviar essa sobrecarga de informação.

Você pode se fazer as seguintes perguntas: qual é a proporção de informações urgentes e atemporais que preciso para tomar as decisões importantes da minha vida?

E para muitos de nós, vamos perceber que realmente não precisamos de muita informação oportunas para tomar as decisões importantes na nossa vida.

Se você observar, vai ver que muitos empreendedores e grandes pensadores passam mais tempo consumindo informações atemporais do que notícias atuais.

E isso porque informações oportunas não são tão importantes quanto encontrar o conhecimento atemporal que ajudará a tomar decisões.

Agora que você já entendeu que temos dois modos:

O reativo e o proativo.

E dois tipos de informação:

A informação oportuna e a informação atemporal.

Chegou a hora de falarmos sobre a qualidade da informação.

Tem uma regra, chamada regra de Lindy, que aprendi no livro Antifrágil do Nassin Taleb que diz o seguinte:

A expectativa de vida futura de certas coisas que não envelhecem é proporcional à sua idade atual. O que isso significa? Quanto mais tempo algo perdura, maior a chance de continuar existindo no futuro.

Por exemplo, se um livro como “Meditações” de Marco Aurélio, ou “Sobre a Brevidade da Vida” de Sêneca, já é lido e estudado por gerações, provavelmente vai continuar relevante e influente no futuro. Eles têm mais chance de serem conhecidos daqui 200 anos do que o livro “O Ego é Seu Inimigo” de Ryan Holiday, mesmo todos eles falando sobre estoicismo.

Por quê? Porque os livros de Sêneca e Marco Aurélio já resistiram por 2.000 anos. Pela regra de Lindy, é provável que continuem relevantes por mais 2.000.

Durante meu ano sabático, longe das redes sociais, aceitei o desafio de ler por um ano só livros com mais de 100 anos de idade, e foi incrível.

Eu me expus a muitas ideias que eu passo hoje aqui para vocês com uma roupagem moderna, mas que são atemporais.

Essa regra também vale para métodos, filosofias, ideias, religiões, tradições, e por aí vai.

A principal metodologia que estou usando para construir um “segundo cérebro”, peguei de gênios como Leonardo Da Vinci e Mozart, uma ideia com mais de 500 anos aplicada a tecnologias atuais e Inteligência Artificial.

Então, uma boa maneira de encontrar conteúdos de qualidade é aplicar a regra de Lindy.

Outro princípio que aplico é a navalha de Occam:

Conhecido também como princípio da simplicidade, ele sugere que, entre várias explicações possíveis, a mais simples tende a ser a mais correta. Então, na busca por conteúdos de qualidade, procuro por informações claras, concisas e fundamentadas, evitando explicações complexas e pouco substanciadas.

Também gosto de aplicar o que chamo de “backlink”, que basicamente é a qualidade de quem indica algo.

Por exemplo, se você acredita que eu entendo sobre determinado assunto, então uma indicação minha de um livro sobre isso vai ter mais peso para você do que uma pessoa que você não considera que entende muito sobre esse mesmo assunto.

Eu, por exemplo, gosto de ler livros e artigos que pessoas que admiro indicam. Só li o livro “The Beginning of Infinity” porque Naval Ravakanti e Bruno Picinini indicaram o mesmo livro. Como considero ambos inteligentes, entendi que é um livro que vale a pena ler, mesmo sendo uma leitura bem técnica e algumas vezes entediante.

O princípio de backlink que eu uso é muito poderoso, mas você tem que em primeiro lugar encontrar pessoas que você considera mais inteligentes que você em algum aspecto para pegar essas recomendações.

Pelo menos é esse filtro que eu uso.

Se eu quero ficar tão inteligente quanto Nassin Taleb e Naval, então eu vou ler as indicações deles, mas se fizer sentido para o meu momento.

Essa é a última regra que vou passar hoje.

Eu poderia compartilhar vários modelos mentais, mas acredito que já compartilhei muita informação hoje. Então, vou concluir com uma última regra.

Só consuma o que faz sentido para o seu momento.

Essa é uma regra que venho aplicando desde 2016 e que muito me ajudou a entender o que e quando estudar.

Por exemplo, está prestes a se tornar pai ou mãe? Então estude muito sobre como ser o melhor pai ou mãe do mundo, foque sua energia ao máximo em assistir vídeos e ler sobre isso.

Quer ganhar mais dinheiro através do marketing digital? Então se dedique com tudo nisso.

Quer entender mais sobre seu eu interior? Então estude sobre os grandes mestres do passado, aprenda sobre respiração consciente (breathwork), sobre meditação.

Mas tente sempre direcionar sua busca de informação para uma única direção.

Por exemplo: Atualmente, estou 100% focado em entender como posso construir um “segundo cérebro” cada vez melhor e mais potencializado com inteligência artificial.

É isso que estudo todos os dias, há mais de 30 dias.

De segunda a segunda, quando quero tirar um tempo, até leio outra coisa, como atualmente estou lendo sobre construção de comunidades e sobre possíveis cenários de IA.

E não se engane, eu também sou humano, assisto The Office quase todos os dias com minha esposa no almoço e comecei a jogar jogos de realidade virtual com alguns amigos aos domingos.

Mas, quando abro o computador para estudar, ou baixo um podcast, ele vai ser sobre como construir um “segundo cérebro” potencializado com inteligência artificial.

Estudo sobre metodologias de anotação, sobre como nosso cérebro processa informação, sobre como é possível espelhar sinapses dentro de uma ferramenta como o Obsidian, como integrar melhor a API da OpenAI. Esse é meu foco.

Agora, a pergunta para você é: qual é seu foco hoje?

O que você está se esforçando para dominar? O que está no histórico de pesquisas do seu navegador?

Seu histórico diz muito mais do que você imagina sobre você.

Se você não sabe o que dominar, o que pesquisar, sugiro ouvir os episódios 11 e 12 do podcast, onde te mostro como o poder de fazer perguntas pode mudar completamente sua vida.

E, se você parar pra pensar, vai perceber que o mundo está cada vez mais recompensando quem sabe fazer as melhores perguntas.

No universo da inteligência artificial, sai na frente quem domina a arte de fazer as melhores perguntas a elas, ou, pra usar um termo mais técnico, quem sabe elaborar os melhores comandos, os “prompts”.

Mas não caia no erro de pensar que só a inteligência artificial opera com prompts. Na verdade, podemos traçar um paralelo interessante: os modelos de linguagem são quase que como um reflexo de como nosso próprio cérebro funciona.

Se você souber como dar o comando certo pro seu subconsciente, vai perceber que o seu cérebro tem um poder muito maior do que qualquer inteligência artificial que a gente conhece hoje em dia.

Por isso, se ainda não ouviu, recomendo que escute os episódios 11 e 12.

Esse episódio vai ficando por aqui.
Espero que eu tenha conseguido te ajudar de alguma forma.

Afinal, nesta tempestade de informação, você precisa aprender a eliminar o ruído para ter de volta seu bem mais escasso, a atenção.

Te vejo no próximo episódio.

Referências:

  • Zoom Lendário
  • Thinking Straight in an Age of Information Overload | Daniel Levitin | Talks at Google (https://www.youtube.com/watch?v=aR1TNEHRY-U)
  • Desbloqueie gênios criativos como Da Vinci e Richard Feynman Tiago Forte
  • How to manage information overwhelm
  • Como lidar com a sobrecarga da informação

Estudos:

De acordo com um artigo da BBC News Brasil, o neurocientista e psicólogo cognitivo Daniel J. Levitin afirma que, em média, estamos consumindo por dia uma quantidade informação equivalente a 175 jornais

Upload YouTube: https://www.wyzowl.com/youtube-stats/

Livros:

  • Essencialismo
  • Digital Minimalism
  • Antifrágil

Escrito por,

Alan Nicolas

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