#024 – O Necrológio

Oi, Julian. Imagino a sua surpresa ao receber uma carta minha. Eu não poderia simplesmente ligar pra você.

Falar sobre o seu telefone seria doloroso demais. E provavelmente ficaríamos horas conversando, levando em conta que eu não ia conseguir conversar sem ter pausas. Por conta de provavelmente o choro desenfreado que esse assunto provoca em mim.

Poderia sim ter mandado um WhatsApp, um e-mail, um SMS ou qualquer outra mensagem instantânea, mas eu precisava de tempo sozinho, refletindo exatamente sobre o que eu estou escrevendo aqui pra você. E já te peço desculpa se estou parecendo um pouco dramático, mas logo você vai entender o motivo de tudo isso. Nessa carta, eu vou te contar um pouco sobre Alan Nicholas.

E apesar de nunca ter falado muito sobre ele pra você, você vai descobrir que ele teve um impacto muito grande na minha vida. Sabe, é engraçado e triste o fato de não aproveitarmos aqueles que nos cercam. Engraçado porque nos faz parecer, de certa forma, palhaços por desperdiçar uma oportunidade tão valiosa.

E triste porque essa oportunidade tem uma janela relativamente curta. Pode se passar 30 ou 40 anos próximo a alguém, mas quanto tempo dentro desse espaço de tempo realmente estamos aproveitando junto das pessoas que amamos? Entre trabalho, estudo, dever do dia a dia, quanto tempo reservamos para cultivar nossos relacionamentos? É triste perder alguém e só após isso apreciar o quão generosa essa pessoa foi ao te entregar toda sua essência, ao te mostrar o caminho da plenitude não só por palavras, mas por atitudes. Eu sei que as únicas vezes que falei sobre ele pra você foi pra reclamar sobre como ele me irritava com seus discursos sobre a vida.

Mas o que realmente me irritava não era o discurso em si, mas o fato dele estar certo e ser coerente ao seu modo de pensar. No fundo, o que me incomodava era o fato de talvez não alcançar todo o meu potencial como ele conseguiu. Lembro até hoje um dia que levei até o meu caderno da escola com vários planos para o futuro.

O carro que eu ia comprar aos 16 anos, da esposa que eu ia ter aos 18, da empresa que eu ia ter aos 20. Então ele me mostrou o caderno dele. Sim, ele também tinha um caderno cheio de planos para o futuro.

Mas o que me chamou a atenção foram as folhas riscadas. Havia tantas delas. E eu me perguntei se aqui eram sonhos que ele havia desistido de conquistar.

Mas a resposta dele foi não. São sonhos que eu já realizei. Eram tantos que eu voltei para o meu caderno e comecei a escrever mais.

Eles não aconteceram na mesma ordem ou dentro das datas que eu escrevia. Mas tudo bem, eu tinha apenas 12 anos. Não entendia que as coisas não aconteciam no tempo que planejamos.

E muitos dos sonhos que temos aos 12 anos não fazem sentido depois de um tempo. Mas sei que foi a primeira grande lição que aprendi com ele. Sempre sonhe além, nunca se limite.

E ele é o meu maior exemplo do quanto podemos realizar. Em tudo o que ele se propôs a fazer, ele foi o melhor. E não porque ele queria ser o melhor que os outros, e sim porque ele continuamente estava insatisfeito com o resultado obtido.

Mas não me entenda mal, ele não era uma pessoa triste ou cabeça baixa, muito pelo contrário. Era muito feliz e realizado com seus feitos. Ele só via sempre uma forma ainda melhor de fazer o que, seja lá o que ele estava fazendo.

Ele sempre buscou fazer as coisas com excelência, dando o máximo de si. E essa busca pela excelência é o que eu vou levar comigo pro resto da minha vida. Porque eu acredito que foi um dos grandes diferenciais que o tornou tão icônico pra mim.

Ele também tinha uma capacidade de provocar isso nas pessoas. de provocar o mesmo sentimento de satisfação com o status quo. Talvez sua melhor habilidade como líder era extrair isso de cada um.

O melhor. Outra lição que eu predico a ele foi o quão verdadeiro e fiel o amor entre um casal pode ser. O único casal que eu conheço que ficaram juntos desde os seus 18 anos de idade, sem nunca sequer um dia dormir de mal com o outro, sem nunca sequer ofender um ao outro.

Eu sei que isso parece história pra boi dormir, mas é verdade. Meus pais e o amor entre eles foram a razão que me levaram a acreditar a construir uma família, mesmo em um mundo egoísta e caótico que a gente vive. Hoje me despeço daquele que me amou de forma incondicional, que me ensinou de forma exemplar e que se tornou meu modelo para o sucesso, meu pai.

Espero poder falar mais sobre ele para você, Juliano. Em uma carta, não teria como escrever tudo sobre o que aprendi com ele e vivenciei com ele. Mas acredito que muitas pessoas poderiam se beneficiar de seus ensinamentos e talvez você, como o melhor amigo e escritor, possa me ajudar a levar essas histórias dele de sucesso e também fracasso para mais pessoas.

Um grande abraço. Isso que você acabou de escutar Foi uma carta escrita em 2017 por alguém que só nasceu em 2024. Em 2017, após ter um burnout por trabalhar mais de 12 horas por dia, de segunda a segunda, de domingo a domingo, eu resolvi parar e refletir.

Eu fiz um exercício que se chama Necrológio. Escrever sobre sua própria morte. No decorrer da minha escrita, eu precisava assinar isso por alguém.

Eu não sabia, sinceramente, com quem assinaria esse necrológio. Eu acabei assinando como meu filho. Um filho que eu nem sabia se eu teria ou não, mas foi o que eu senti naquele momento.

E essa carta, invariavelmente, mudou completamente como eu via minha vida e como eu viveria de lá para cá. E nesse episódio, eu quero te mostrar o poder que existe ao contemplar um fato que, invariavelmente, todos nós precisaremos enfrentar. A nossa própria morte, o nosso legado e aquilo que vamos viver a partir disso.

Esse aqui é mais um episódio da vida lendária e se você quiser realmente viver uma vida que merece ser vivida, você vai prestar atenção e com certeza vai honrar o conhecimento fazendo o seu também. Vamos lá? 

VINHETA

Em 2017, eu estava começando a construir a minha liberdade financeira. Eu ainda precisava, sim, correr atrás de pagar os boletos.

E eu rejeitava, com todas as minhas forças, voltar para uma vida de extrema pobreza. Então eu trabalhava de domingo a domingo. Trabalhava 12, às vezes 14 horas por dia.

E quando eu ia para eventos, eu praticamente não dormia. Tudo que eu aprendia eu já botava em prática. Todos os contatos que eu fazia, eu fazia já se tornarem de alguma forma negócios ou possibilidades.

E é claro que isso tem um preço. E o preço Em março de 2017, foi a minha saúde. Eu entrei em burnout quando eu voltava de Belo Horizonte, de um evento que eu estava lá, que eu palestrei.

Após tomar uma cápsula de cafeína para poder ver se eu consegui ficar mais tempo acordado, meu corpo simplesmente rejeitou. Eu passei mal no Uber, vomitei. Foi um pesadelo pegar dois aviões para voltar para casa.

Eu precisei entrar em farmácias, comprar remédios, passando mal dentro do avião. E eu percebi que estava sendo criado naquele momento em mim um trauma. Um trauma de viajar, um trauma de trabalhar muito, um trauma que se eu não ressignificasse Eu poderia simplesmente criar pânico.

principalmente de aviões e de aeroportos, porque eu estava sendo muito mal dentro de um deles. E realmente, após um tempo, mesmo fazendo tudo isso, eu tive por meses um trauma de pegar aviões. Mas o que eu fiz mudou completamente a minha relação com o meu tempo, a minha relação com os meus objetivos.

E hoje, quando eu olho para trás e eu gosto de fazer isso, principalmente em datas especiais, como no meu aniversário, que é no momento que eu gravo esse episódio pra você, ao fazer 35 anos, que foi reler esse documento. E quando eu reli esse documento, é um documento muito pessoal. Você acabou de escutar algo que é extremamente pessoal meu.

Uma ou duas pessoas só tiveram contato com o que eu acabei de falar aqui pra você. É algo que eu precisei gravar algumas vezes aqui, porque eu entrei em choro, eu comecei a chorar ao ler esse documento. Por quê? Porque realmente há algo que mexe com o meu coração.

Em 2017, a minha esposa, ela estava ainda se recuperando de uma doença grave, mas em alguns sentidos, ela não poderia se recuperar. Segundo o médico, nós não poderíamos ter filhos. Ela teve uma trombose, ela teve problemas cardíacos e nós não poderíamos ter filhos.

Nós já tínhamos praticamente desistido, inclusive, dessa ideia. Mas ao escrever aquela carta, alguém que poderia realmente falar sobre mim, naquele nível de profundidade, eu acabei assinando como Meu filho, esse é o poder da gente ter essa clareza no momento que a gente começa a refletir sobre essa ferramenta que é a morte. Para os grandes pensadores, os antigos estoicos, por exemplo, eles tinham uma prática chamada Memento Mori.

Uma prática que basicamente significava lembre-se que morrerás. Não como um exercício mórbido ou depressivo, mas como uma poderosa ferramenta para viver melhor. Marco Aurélio, o grande imperador romano e filósofo estoico, escrevia em seu diário que não haja como se fosse viver 10.000

anos. A morte paira sobre você. Enquanto ainda vive, enquanto ainda pode, torne-se bom.

Steve Jobs, como já falei em outro episódio, em seu famoso discurso em Stanford, disse que lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. A consciência da morte não é um convite à depressão ou alguma coisa mórbida ou gótica, mas um chamado urgente para que a gente possa viver com propósito. E o mais poderoso filtro para eliminar o ruído e focar no que realmente importa.

Quando eu estava ainda no aeroporto passando mal, eu mandei mensagem para um amigo meu e pedi para ele o contato de um treinador de performance, de gestão de tempo. Naquele momento eu já tinha lido vários livros sobre isso, mas eu sabia que eu precisava de ajuda, afinal eu estava me envolvendo com muitos projetos e eu ainda estava numa fase que eu não podia simplesmente parar e tirar um sabático ou parar de trabalhar. Eu precisava continuar trabalhando 12 horas por dia e isso não ia mudar.

Então, o que eu pensei foi, se eu contratar alguém que vai me ajudar a ter mais performance, alguém que vai ajudar eu a fazer uma gestão melhor da minha agenda, talvez eu consiga ter tempo para dormir, ter tempo para me alimentar bem. Então, fiz esse investimento, contratei uma pessoa para me ajudar, e por mais que essa pessoa tenha me ajudado a organizar várias coisas, ela era uma pessoa muito voltada ao estoicismo e também à filosofia de uma forma geral. E ela percebeu que eu também tinha essa vontade de autoconhecimento profundo, de ler sobre as mentes brilhantes e sobre filosofia humana.

E ela me convidou a fazer esse exercício. Ela falou, Alam, eu acho que uma coisa que vai te ajudar a ganhar clareza é tu escrever sobre tua própria morte. E eu perguntei, como assim? Escrever sobre minha própria morte? Ele me contou, eu já conhecia o aumento humore, mas ele me contou um pouquinho mais sobre esse exercício histórico, etc.

E ele falou sobre fazer um necrológio. Ele falou, o que você gostaria que escrevessem em um jornal sobre você? Você morreu, e vamos escrever num jornal sobre você. E na hora de fazer exercício, eu pensei, Eu não quero que escrevam um jornal sobre mim.

Eu não ligo para isso. Eu não quero que as pessoas falem na mídia sobre mim ou alguma coisa do tipo. Eu vou escrever aqui como uma pessoa que escreveria sobre mim.

Pode ser, sei lá, um mentorado, um aluno, minha esposa. E eu simplesmente comecei a escrever. E esse exercício me fez enxergar claramente que eu estava trocando a minha energia vital, minha atenção, meu tempo, o recurso mais valioso que a gente tem, por coisas no final que realmente não importariam muito.

E aqui eu não tô falando nem sobre dinheiro, ou sobre fama, ou sobre nada do tipo, mas sim sobre o como a gente atinge isso e o porquê. E é muito fácil se perder no porquê. Ao escrever isso, eu recebi simplesmente um tapa na cara, um despertar brutal.

E foi o que eu precisava. E talvez seja o que você precise agora. A nossa sociedade possui uma relação que é disfuncional com a morte.

Nós a evitamos a todo custo. Eu não digo a morte em si, eu digo falar sobre ela. A gente mascara a nossa finitude Simplesmente com entretenimento, com eufemismos, a gente enterra os nossos mortos em cemitérios distantes e a gente tenta parecer mais jovem com procedimentos estéticos ou com filtros no Instagram.

Simplesmente para mascarar, que invariavelmente também iremos morrer. Por mais que a tecnologia esteja evoluindo muito, mesmo que a gente consiga vencer o envelhecimento e vencer muitas doenças, mesmo que nos tornemos amortais, ainda assim, a morte vai estar sempre à espreita. Sinceramente, é uma das únicas certezas que temos na vida.

E essa negação coletiva de algo que é certeza, ela carrega um preço alto. A gente vive como se tivéssemos todo o tempo do mundo, e não é verdade. Nós procrastinamos conversas importantes, adiamos sonhos que são genuinos, que são sonhos que realmente nos importamos, e consumimos nossos dias a dias com banalidades, trivialidades, Sempre pensando, um dia eu vou.

Como se esse um dia fosse garantido no contrato da vida. Estudos em psicologia essencial mostram que pessoas que confrontam sua mortalidade tendem a fazer escolhas mais alinhadas com seus valores profundos. Experimentos que envolvem a reflexão sobre sua morte.

mostram que sempre essas pessoas que passam por uma situação de quase morte ou que alguma reflexão profunda sobre ela, acabam tendo mais gratidão, mais compaixão pelos outros e principalmente sobre si. Enquanto a gente fugir da morte, nós também vamos fugir de uma vida autêntica, de uma vida de verdade. E se ao invés de ver a morte então como inimiga, nós abraçássemos ela como uma conselheira sábia.

Tem um livro que eu li durante o meu período sabático de um cara chamado Carlos Castaneda e tem uma parte do livro que eu achei bem interessante sobre isso. Ele diz o seguinte, a morte é nossa eterna companheira, ela está sempre à nossa esquerda, a um braço de distância. A morte é a única conselheira sábia que temos.

Sempre que você sentir que está tudo dando errado e que está prestes a ser aniquilado, venha-se para sua morte e pergunte se isso é verdade. Sua morte lhe dirá que você está errado, que nada realmente importa além de seu toque. Quando a gente incorpora a consciência da finitude em nossa vida, pelo menos três transformações acontecem.

A primeira delas é clareza de propósito. Quando você sabe que seu tempo é limitado, as suas prioridades se cristalizam naturalmente. Eu mesmo, ao ler aqui esse necrológico, e tentar gravar esse episódio pela primeira vez, ao começar a ficar com uma voz trêmula e com, digamos assim, os olhos levemente suados, eu escutei a voz do meu filho.

Aquele que em 2017 os médicos diziam que nem poderíamos ter. E sabe o que eu fiz? Eu não continuei aqui gravando o episódio. Eu fui lá, abacei ele, E fiquei duas, três horas com ele, abraçado.

Bebi ele pra dormir, brinquei com ele. Porque era aquilo, naquele momento, que mais importava. Quando a gente encara a nossa finitude, a clareza do nosso propósito, a clareza daquilo que realmente importa, ela emerge como algo natural.

A segunda coisa é a eliminação do supérfluo. Se você sabe da sua finitude, você não vai perder tempo, o seu tempo precioso, ilimitado, com coisas triviais. A morte é o melhor filtro para separar o essencial do ruído.

Discussões mesquinhas, ressentimentos antigos, preocupação com o que os outros pensam, tudo isso perde importância diante simplesmente de saber que você vai morrer, que você é finito. E a terceira coisa é a intensificação do momento presente. Quando você não toma o amanhã como garantido, quando você sabe que cada segundo agora é extremamente precioso, a vida ganha mais vividez, a vida principalmente no que diz respeito ao agora, se torna extraordinária por si só.

Tem vários livros que falam sobre diagnósticos de pessoas em estados terminais. Eu já li alguns deles. E pessoas que tiveram, passaram por um estado de quase morte, como eu já passei.

relatam uma clareza surpreendente sobre o que importa. E eu posso dizer que eu também, por ter passado por uma experiência de quase morte, também tive essa mesma clareza. Tem um livro muito bom de uma enfermeira que se chama Brony Aware, algo assim, aconselho a leitura desse livro.

Não me recordo agora necessariamente o nome dele, mas o nome da enfermeira eu lembro, porque ficou muito marcado pra mim. A leitura desse livro, que fala sobre os cuidados paliativos, que ela tinha e as conversas que ela teve. Esse livro é um livro que ela escreve sobre o que as pessoas se arrependiam no final de suas vidas, no leito de morte.

O mais comum não era, quero ter tido uma conta bancária mais cheia ou ter tido mais presença nas redes sociais. Eu gostaria de ter tido feito mais stories. Ninguém fala alguma coisa nesse sentido.

O mais comum, eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, não a vida que os outros esperavam de mim. A autenticidade. Ela surge da clareza.

Que a opinião dos outros não importa. que no final das contas está todo mundo preocupado consigo mesmo que você não deve nada a ninguém e que no mundo onde literalmente todas as pessoas que você conhece vão morrer, inclusive você é uma loucura você querer viver encaixado no que os outros esperam de você e eu espero que você consiga ter essa clareza honrar o conhecimento que eu estou te passando aqui com a prática. Aqui eu quero te dar um framework agora para você fazer esse exercício, fazer o necrológio, o seu necrológio.

A primeira coisa que é importante nisso tudo é um exercício que transformou minha vida e que me deu muita clareza, então espero que possa te fazer a mesma coisa, só que para isso É importante setar o ambiente. O local que você vai fazer, o momento do dia que você vai fazer, tudo isso vai influenciar muito. Então, eu aconselho que você faça isso em um ambiente calmo.

De preferência pela manhã, que esteja localmente limpa. e que você possa usar aqui a sua imaginação. Então, libere a sua imaginação.

Porque é interessante que você Entenda primeiro em que momento você pode escolher uma data futura. Eu não escolhi. Eu espero aí ainda viver por muito tempo, mas eu não escolhi a data necessariamente futura.

Quando eu penso que hoje meu filho Kael escreveu, porque eu não tinha um filho na época, nem sabia como eu falei, né? Em 2017, alguém escreveu uma carta sobre a minha morte, que foi na sessão em 2024, e que eu nem sabia. Segundo os médicos, minha esposa nem poderia ficar grávida. A gente foi descobrir que ela poderia ficar grávida depois, em 2020, quando o médico falou que o quadro dela tinha melhorado.

Mas você pode escolher uma data futura. Por exemplo, aos seus 80 anos, aos seus 90 anos, aos seus 120 anos. Eu gosto de ser realista.

Eu quero viver por muito tempo, mas… E se você morresse hoje, o que as pessoas falariam sobre você? Você gostaria daquilo que seria escrito se você morresse hoje? O que as pessoas que estão lá no seu enterro estariam falando sobre você? Ou o que elas falariam daqui a um ou dois anos? eu tenho alguns amigos meus que infelizmente faleceram muito novos um deles me falava que queria ter cinco filhos e viver até os 120 anos e infelizmente ele morreu com 27 anos e não com 120 mas eu tenho muitas recordações dele e toda vez que eu falo dele eu falo de deixava os meus dias mais engraçados, como ele conseguia extrair de mim uma luz que nem eu sabia que tinha naquele momento. E como seria a sua a sua morte? Como ela impactaria? Quem pessoas impactaria? O que eles falariam agora sobre você? Eu fiz esse exercício quando estava escrevendo isso.

E também escrevi o que eu gostaria que as pessoas falassem. Então, eu acho interessante, você pode fazer da forma como você quiser. Não precisa ser como eu fiz uma carta sobre meu filho, escrevendo para um amigo.

Não precisa ser necessariamente escrever uma nota para um jornal ou para uma revista, ou seja o que for. Faça aquilo que fizer mais sentido para você. Talvez você queira que eles tenham uma capa na Forbes.

Talvez você queira que alguém converse com outra pessoa. o que você gostaria que sua esposa, seu esposo, seu filho, sua filha, um amigo, um colaborador, seja quem for. Então decida aí qual seria essa data.

Lembrando, eu não colocaria uma data muito distante, não que você está profetizando sua morte, você não precisa nem pensar a data como eu pensei, mas pensa o que seria aí se você quiser uma data futura. Decida quem está escrevendo sobre você. Você pode decidir quem está escrevendo no final ou pode ser várias pessoas ao mesmo tempo.

E eu acho importante também ter um contexto. Isso é uma carta que um amigo fez? Isso é um obituário formal? Isso é um discurso que alguém fez? Essa seria uma ideia pra mim, caso eu venha fazer. Eu pretendo fazer, na verdade, novamente esse necrológio.

Um discurso. Talvez alguém faça um discurso durante o seu enterro. Alguma coisa do tipo.

E tá tudo bem. Eu sei que isso parece muito mórbido, mas vamos seguir, porque você, ao fazer isso, vai me agradecer com certeza depois. Segundo passo agora é ser brutalmente honesto.

Não escreva o que você acha que aconteceria. Mas também escreva o que você gostaria que acontecesse. Porque lembra, o que aconteceria seria como se você pensasse que você falecesse hoje.

Você não vai falecer hoje. Espero que não. Então, você vai colocar isso lá pra frente.

O que você gostaria… É interessante refletir, inclusive, no que escreveriam hoje pra você ver o que precisa ser mudado. Porque você vai mudar a tela.

A ideia desse arqueológico é fazer com que você tenha um espelho. Com que você tenha… uma razão para mudar, porque ele está diretamente ligado com o seu legado.

Então, você vai escrever sobre, talvez, valores que as pessoas viram em você e elas se espelharam, realizações, relacionamentos. É uma carta sobre legado. e aqui fica até um conselho né porque muitas pessoas que eu já ajudei alguns mentorados a fazerem essas cartas eles acabam muitas vezes escrevendo conquistas profissionais ou materiais sinceramente eu acho que dificilmente você vai se importar se alguma pessoa falar após a morte sobre o tamanho da casa que você tinha sobre o carro importado ou uma coisa do tipo então foque naquilo que fica e o que são sentimentos.

As coisas vão ser distribuídas entre algumas pessoas que você tinha. Agora sentimentos, a mudança, o impacto que você vai ver nas pessoas, eu acredito que isso é o que mais permanece. Outra coisa também que isso vai te ajudar é que você vai começar a ver uma certa discrepância.

Você vai notar que existem algumas coisas que vão precisar ser modificadas da vida atual para uma vida de legado, uma vida que você deseja deixar. E seria interessante você também, após escrever, definir algumas mudanças que serão necessárias para você se aproximar desse cenário futuro. Após escrever esse Necrológio, o que eu quero que você também faça uma reflexão que eu fiz e que eu escrevi, que basicamente seria definir de três a cinco mudanças aí concretas que você vai começar a fazer a partir desse legado, dessa carta, desse discurso que você quer ter, que alguém falaria de você, que você estabeleça pelo menos tuas datas por ano para poder revisitar o Necrológio.

Pode ser no seu aniversário e no ano novo, por exemplo, como eu costumo fazer, por mais que sejam mais próximos, né? Mas eu visito duas vezes por ano o Necrológio. Por que, Alan, você visita? Tu gosta de sofrer? Porque eu gosto de ser lembrado. Lembra? Eu já falei algumas vezes aqui que a gente precisa ser mais lembrado do que ensinado.

É por isso que eu revisito isso. Só que aqui eu já digo que eu sei que alguns ou muitos que estão escutando provavelmente, por mais que eu tenha dito aqui que é um exercício muito transformacional, não vão executar. Por quê? Porque vai ter resistência emocional.

É natural sentir desconforto ao pensar na própria morte. É natural que você possa de repente ver isso como um exercício mórbido ou algo que você tem medo de. acontecer.

Deixa eu te contar, meu amigo. Vai acontecer, não necessariamente assim, não necessariamente com a data que você imaginou, mas isso vai acontecer. Eu considero o exercício inicial essa resistência emocional.

Outra coisa que pode acontecer, como eu já vi, é cair na armadilha da superficialidade, ou seja, Até para não sentir tanto, a pessoa faz um checklist de conquista externa, ela simplesmente se afasta de questões profundas como caráter, impacto ou crescimento pessoal ou valores. E não caia nessa armadilha da superficialidade. Quanto mais emoção você colocar, quanto mais o coração, quanto mais você realmente conseguir entrar nisso, mesmo que seja doloroso, mesmo que você acabe sofrendo um pouco no processo, é onde vai ter maior impacto.

E outra coisa também que pode acontecer aqui, mesmo para quem conseguir fazer, é cair no esquecimento. A rotina facilmente nos engole, nos absorve, e é fácil você simplesmente deixar isso de lado. É por isso que é tão importante que você coloque isso não a sua rotina diária, mas uma rotina anual, como eu faço.

No aniversário eu leio sempre, todos os anos eu sempre leio. No início de ano eu gosto de ler e às vezes em algum feriado, em algum espaço que eu tenho de maior reflexão. Uma dica que eu que é algo que eu acabei fazendo dois anos depois, que é após escrever esse necrológio, você compartilhar ele, mas com alguém muito próximo, com alguém que você realmente gostaria de compartilhar essas informações e que é uma pessoa que você gostaria que inclusive pudesse de repente escrever isso ou até mesmo instalar quando alguém falar.

E se você quiser ser abundante, compartilhar com essa pessoa também esse exercício. fazer um compromisso de vocês poderem se cobrar sobre se vocês realmente estão nesse caminho. Criar um senso de autorresponsabilidade.

E também, é claro, você acaba gerando espaço para essas conversas profundas. Até porque a porte, ela não é o fim necessariamente da vida. A morte é o que dá significado mais profundo.

Saber, viver com consciência dessa finitude, não é viver com medo, mas com um senso de urgência apropriado, um senso de urgência adequado para que a gente possa ter mais intensidade no momento presente. Uma frase que eu gosto muito de outro histórico é de Seneca, que diz que não é que temos pouco tempo, mas é que desperdiçamos muito dele. Ao completar 35 anos, eu olho para trás e vejo esse exercício do necrológico como algo fundamental, que me ajudou a eliminar o ruído e a ouvir essa minha voz interior.

Não essa vozinha que ficava me impedindo de criar conteúdos como esse aqui, mas minha voz interior que me ajuda a tomar decisões que são alinhadas com quem eu realmente sou e com o legado que eu desejo deixar. Em 2020, quando eu comecei esse episódio, esses episódios da lendária, eu escrevi que Eu me orgulhava do Alan de 2015, que começou toda essa transformação e que eu esperava que o Alan de 2025 se orgulhasse também do Alan de 2020. Esse é o primeiro episódio de 2025.

No próximo episódio, inclusive, eu vou contar um pouquinho desse sumiço entre os episódios. Mas eu não poderia deixar de dizer que o Alan de 2025 sente muito orgulho do Alan de 2020. E eu espero que você possa dizer o mesmo após escrever esse Necrológio.

Eu espero que você possa ter muito orgulho da pessoa que você se tornou por conta da clareza que ele vai te dar. Meu convite para você é claro, escreva seu próprio necrológio. Não deixe para amanhã, não espere ter tempo.

Faça desse exercício uma prioridade, porque poucas coisas têm poder de dar clareza como encarar sua finitude. E se você estiver disposto a compartilhar essa experiência, eu adoraria ouvir como foi. Então, pode me enviar uma mensagem lá nas minhas redes sociais, no meu inbox, ou deixar algum comentário, algum vídeo do meu YouTube.

Eu tenho certeza que isso vai trazer um impacto gigantesco na sua vida. Ter uma vida lendária, como eu já falei no episódio 4, é ter uma vida de legado. É ter uma vida onde você impactou as pessoas.

Uma vida que todos os dias, por mais difícil que tenha sido aquele dia, você sabe que foi uma vida, um dia, que mereceu ser vivido. Eu espero que você não tenha só escutado esse episódio sem considerar em colocar isso em prática. Espero que você honre conhecimento com a prática e escreva o seu necrológico.

Esse foi o meu presente de 35 anos, escrever o meu episódio, o meu primeiro episódio do ano, e eu espero que seja o primeiro de muitos. Se você gostou de eu ter retornado aqui aos meus episódios e desejar mais, então me procura lá nas redes sociais no Instagram, o Alanícolas, me procura lá na minha newsletter, o alanícolas.news, no meu YouTube também, arroba o Alanícolas.

Espero ouvir de você o que você, o que mudou na sua cabeça após fazer esse exercício. E que você esteja cada dia mais próximo de uma vida lendária. Te vejo no próximo episódio.

Escrito por,

Alan Nicolas

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